A Vila dos gatos: Santos tem dificuldade para lidar com invasão felina

Há quem diga que dá sorte, outros veem como azar. Mas a verdade é que os gatinhos santistas chegaram na Vila Belmiro bem antes da má fase recente do Santos.

Os felinos ficaram mais conhecidos após as invasões no gramado durante os jogos do Campeonato Brasileiro deste ano e foram pauta da torcida nas redes sociais e até de reuniões do Conselho Deliberativo. Alguns brincaram com a situação e elogiaram a "fofura" em campo, enquanto outros se incomodaram com a aparição.

O UOL, então, foi entender a história da "Vila dos gatos". E não é de hoje que o estádio se tornou um lar para esses animais.

A pretinha de olhos verdes ganhou carinhosamente o nome de Valdirene. Ela é uma das mais antigas e a mais dócil. Foi acolhida pela vizinhança e funcionários do estádio há alguns anos e, inclusive, já deu cria várias vezes. Hoje é castrada, mas há boatos de que ela e um gato branco ainda são um casal.

A alimentação não fica por conta do Santos, mas dos vizinhos do bairro da Vila Belmiro, que deixam potinhos de ração nos portões. Já virou uma tradição. E ai dos funcionários se eles tirarem...

O Santos até tinha essa situação controlada, mas aí chegou a pandemia. Com o isolamento do local e afastamento de funcionários, os gatos do entorno do estádio se sentiram à vontade para fazer da Vila os seus lares. Hoje, eles vivem mais escondidos. São ariscos e assustados, por isso costumam fugir na presença dos torcedores. Aparecem mais pelas manhãs e finais de tarde. Há quem diga que são mais de 20 no total.

Gato invade o gramado na Vila Belmiro em jogo entre Santos e Atlético-MG
Gato invade o gramado na Vila Belmiro em jogo entre Santos e Atlético-MG Imagem: Abner Dourado/ AGIF

E como são muitos os lugares para se esconderem, ficou ainda mais complicado esse controle para o clube. A direção iniciou a tentativa de captura dos gatos para castrá-los e doá-los, mas não conseguiu por conta própria e pediu ajuda para organizações especializadas.

A ideia é evitar a proliferação, mas sempre tendo o máximo de cuidado com os bichinhos. Até agora, a situação não foi resolvida definitivamente.

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Não temos ideia de quantos gatos aparecem na Vila. Mas a ideia é ir castrando para evitar proliferação. Temos todo o cuidado para não machucar os animais.

Fábio Maradei, gerente de comunicação do Santos.

Não pegou bem

No dia 27 de junho, o Conselho Deliberativo do Santos se reuniu na Vila Belmiro e o presidente Andres Rueda passou por uma verdadeira sabatina. Os assuntos foram reforços, técnico, vendas, arena... e os gatos. Fabio Pierry, vice-presidente do Conselho, reclamou da falta de cuidado do Santos com os gatos nos dias de jogos:

"Já tivemos um gato uma vez, um jogo em que foi engraçado. Depois, num segundo jogo, foi engraçado. Agora, o gato estava participando do lance. Não é possível que a gestão não consiga acabar com os gatos. Vão matar os gatos? Óbvio que não, sou colaborador do Instituto Viva Bicho, mas, poxa, somos chacota. Se a bola bate no gato, isso ia correr o mundo".

O presidente Andres Rueda respondeu:

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"A gente vem fazendo o possível, acessando entidades de proteção aos animais para ver se conseguem retirar de alguma maneira. É uma situação que não agrada ninguém, mas sempre preservando a vida dos gatos, obviamente".

Na sequência, o assunto foi aproveitado para uma crítica do conselheiro Josiel Souza.

"Não é só no campo que tem gato não, na arquibancada tinha três, no banco de reservas também. Eu, particularmente, prefiro ver as gatinhas lá do que ver bagre", disse.

Quantidade de gatos na Vila Belmiro se torna problema para diretoria
Quantidade de gatos na Vila Belmiro se torna problema para diretoria Imagem: Gabriela Brino/ UOL

A invasão felina foi comentada na reunião do Conselho, mas não virou uma reclamação formal. E os gatos seguem andando normalmente pela Vila. E você pode vê-los em uma transmissão ou outra na televisão.

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