Após proibição no Qatar, sede da final é 'gay friendly' em Copa de recorde

Nunca na história houve tantas jogadoras assumidamente LGBTQIAP+ como nesta Copa do Mundo feminina. A competição em um dos países mais abertos para a comunidade contrasta com os vetos da Fifa sobre o uso de faixas com o tema e também o Mundial masculino no Qatar, onde a homossexualidade é proibida.

Palco da grande final entre Inglaterra e Espanha, Sydney é uma cidade aberta, que recebe uma das paradas mais famosas do mundo e tem várias referências pelas ruas.

Os números

São 87 jogadoras assumidas na Copa 2023, mais do que o dobro das 38 da última edição do torneio em 2019. O levantamento é da agência Reuters.

Brasil, Austrália e Irlanda são as seleções com mais jogadoras assumidamente homossexuais no grupo.

A pesquisa também mostra que modalidades femininas têm mais atletas assumidas do que as masculinas. Na última Copa, por exemplo, não havia nenhum jogador que tenha se manifestado desta maneira. O assunto ainda é tabu.

Mundos opostos

Um dos grandes debates durante o Mundial masculino foi o fato de a homossexualidade ser ilegal e punível com até três anos de prisão. Um relatório da Human Rights Watch publicado pouco antes da competição documentou casos de prisões arbitrárias e maus-tratos durante a detenção.

Antes do torneio, a Fifa proibiu seleções de utilizarem braçadeiras de capitão em apoio à causa LGBTQIAP+. Algumas seleções pensaram em bater de frente, mas o jogador que entrasse em campo desta forma seria punido com cartão amarelo.

Os capitães de sete seleções foram ameaçados com punições da Fifa caso utilizassem braçadeiras da campanha. Jogadores da Alemanha taparam a boca na foto oficial antes da estreia em protesto contra a falta de liberdade de expressão. O goleiro Manuel Neuer teve a braçadeira de capitão verificada pela arbitragem durante o aquecimento.

Continua após a publicidade

Na Austrália, torcedores carregavam o acessório no braço dentro dos estádios e nas Fan Fests, assim como outros itens identificados. No Qatar, uma bandeira de Pernambuco foi confiscada na entrada de um estádio ao ser confundida com a do arco-íris.

No país que sedia a Copa do Mundo feminina, as leis contra a discriminação são fortes. Em Sydney, por exemplo, há uma rua com várias referências ao movimento, seja com pinturas ou bandeiras e nos mais diversos estabelecimentos.

Rua em Sydney, na Austrália, tem referências ao movimento LGBTQIAP+
Rua em Sydney, na Austrália, tem referências ao movimento LGBTQIAP+ Imagem: Luiza Sá/UOL

'Gay friendly'

Sydney é considerada a "capital gay" da Austrália e tem mais estabelecimentos focados nesse público do que qualquer outro lugar no país. A rua mais famosa é a Oxford Street, em Darlinghurst, bem próxima do centro. Melbourne e Brisbane também são receptivas.

Sydney recebe o Mardi Gras Parade, a mais famosa celebração do Orgulho Gay no mundo. O evento não é apenas uma parada, mas um mês inteiro, em fevereiro ou março, aguardando centenas de milhares de pessoas.

Continua após a publicidade

Uma pesquisa de 2013 mostrou que 79% das pessoas na Austrália concordavam que a homossexualidade deveria ser aceita na sociedade. É o quinto país que mais apoia o movimento.

Mesmo com este cenário, a Fifa voltou a proibir as seleções de usarem a faixa de capitã nas cores do arco-íris. A federação alemã argumentou que os países-sede eram mais abertos, diferentemente do Qatar, mas a entidade vetou.

Rua em Sydney, na Austrália, tem referências ao movimento LGBTQIAP+
Rua em Sydney, na Austrália, tem referências ao movimento LGBTQIAP+ Imagem: Luiza Sá/UOL

Deixe seu comentário

Só para assinantes