Por que Copacabana virou palco de brigas com torcidas estrangeiras
Pela segunda fase consecutiva da Libertadores, torcedores que vieram ao Rio se envolveram em brigas na orla de Copacabana.
Primeiro, o confronto foi entre argentinos e torcedores do Fluminense. Ontem (23), o quebra-pau aconteceu entre paraguaios que torcem para o Olimpia e torcedores do Flamengo.
Por que Copacabana?
A orla de Copacabana é muito movimentada por turistas nacionais e internacionais. Os estrangeiros que vêm para acompanhar os times nas competições continentais não fogem à regra.
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É comum que torcedores que chegam ao Rio na véspera dos jogos passem o tempo em Copacabana, por ser um local conhecido internacionalmente. Tem a praia e muitos quiosques.
Ao mesmo tempo, é um local exposto para que brigões se encontrem em um espaço aberto e entrem em confronto.
O policiamento, já saturado com as ocorrências do dia a dia, como furtos e roubos a pedestres, tem ganhado mais um elemento para ficar de olho.
As brigas já deixam os donos e funcionários de quiosques atentos e preocupados com eventuais prejuízos.
O que aconteceu no quiosque
Alan Borges é funcionário do quiosque que virou palco da confusão. Ele relatou ao UOL o que viu.
A descrição é de que torcedores do Flamengo partiram inicialmente para cima de um paraguaio e o tombaram. Os demais, ao perceberem o ataque, foram para cima na tentativa de defendê-lo e o confronto foi deflagrado.
"Foi por volta de 23h, ninguém esperava. Pegaram um torcedor do Olimpia, jogaram no chão. Começou muito rápido. Uma briga intensa. A confusão demorou uns 20 minutos. Apareceram dois carros da polícia, mas isso não foi suficiente. Tiveram que chamar mais para manter o controle", contou o garçom.
O saldo da briga foi banners, quadros, cadeira e garrafas quebradas.
"Tinha cliente no balcão e pegaram a garrafa de cerveja dele", disse Alan.
O rapaz mora na comunidade próxima, no Morro dos Tabajaras e trabalha ali há três anos. Ele tem percebido a tendência recente:
"Sempre teve confusão, mas não era muito visível aqui na orla. Só que agora está ficando maior.
O Xodozin, quiosque em que Alan trabalha, publicou uma nota nas redes sociais com os vídeos da confusão feitos pelos funcionários. A dona do estabelecimento aparece gritando com os brigões.
"Não há justificativa lógica ou plausível para a selvageria que presenciamos. Essa ação, que mais se assemelha ao comportamento dos animais, não apenas causa danos materiais importantes, mas também abalou a sensação de segurança e paz que todos merecem desfrutar em nosso estabelecimento", escreveu a administração do quiosque.
Paraguaios caminham sem preocupação
A tarde do dia seguinte à briga foi aparentemente mais tranquila.
Diversos torcedores do Olimpia passaram pelo ponto da confusão de ontem. Alguns já bebendo no "esquenta" pré-jogo contra o Fluminense. Outros, apressados para pegar o transporte até o Maracanã. Um desses grupos é de paraguaios que moram em São Paulo.
"Essa cidade é muito boa. A gente curte bebendo. Para a gente é tranquilo. Já vim para jogo do Flamengo também, está de boa", relatou o comerciante Hugo Gauto, que estava a caminho do estádio e parou com outros três amigos para tirar fotos.
Indagada sobre os planos de controle de brigas e a operação para monitoramento do calçadão, a Polícia Militar do Rio respondeu apenas dando alguns detalhes da briga de ontem.
"A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, na noite de quarta-feira (23/8), policiais militares do 19ºBPM foram à Av. Atlântica onde ocorria uma briga. No local, a equipe conteve a confusão. Não houve registro de prisão ou apreensão", informou a corporação.
Durante a abordagem, um policial chegou a sacar a arma e outro agrediu um torcedor com um cassetete.
"Informamos ainda que a Corregedoria Geral da Polícia Militar instaurou um procedimento apuratório para averiguar a conduta dos policiais militares envolvidos no episódio relatado".