Sálvio Spinola rebate CBF em relação a gol anulado: 'Precedente perigoso'
Colaboração para o UOL, em Aracaju
29/08/2023 19h00
O ex-árbitro Sálvio Spinola viu a anulação do gol do Vasco contra o Palmeiras como "um dos maiores erros do VAR" no Brasil, mas a CBF bancou a decisão da arbitragem de vídeo. No Fim de Papo, ele rebateu a entidade e afirmou que o entendimento da Comissão de Arbitragem pode resultar num VAR cada vez mais interventivo.
'Precedente muito perigoso': "Fiquei estarrecido de ver hoje a Comissão de Arbitragem dizer que foi tudo certo no Allianz Parque na anulação do gol do Vasco. Isso me deixa até preocupado, é lógico que a regra tem uma interpretação muito mais extensiva e muito mais longa, e eu com o VAR prefiro a interpretação restritiva — quanto menos VAR, melhor. A Comissão de Arbitragem hoje abriu um precedente muito perigoso, porque ele estendeu muito a origem da jogada e aí vai trazer preocupação em vários gols que podem ser invalidados em situações de interferência de VAR na origem da jogada".
'Tem que fracionar o lance': "A CBF, para defender o acerto do árbitro, teve uma interpretação extensiva. Escutei um instrutor Fifa que é da Uefa e ele falou: tem sete defensores do Palmeiras em condições de ganhar a bola; a zaga completamente posicionada, pronta para ganhar a bola; você tem um jogador que recebeu uma bola leve, doce, para ser dominada, fazer um passe ou chutar, a bola não veio quadrada para o Richard Ríos, veio fácil de ser dominado, ele que optou por dar um chute para frente. E esse chute para frente, que é uma opção do jogador, ele deu azar porque caiu no pé do Paulinho, que estava a uns 20 metros da grande área ainda, e aí ele avançou, chutou e fez o gol. Tem que fracionar o lance. Considerar esse lance como sendo a mesma jogada de defesa é estender".
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'É ruim para o futebol essa interpretação tão extensiva': "Quando a bola vai limpa para o Richard Ríos, é uma nova jogada, tinha condições plenas de jogar. Consultei seis, sete jogadores e foi unanimidade: poderia sair jogando, domínio fácil da situação, não tem pressão e não está apertado; começa uma nova jogada dali. O importante é esse debate, é importante a gente entender: Richard Ríos tem condições de jogar ou não? Para mim, ele tem condição de jogar, então inicia uma nova jogada, ele dá um passe para o Paulinho e o Paulinho faz o gol. Já que essa foi a decisão de campo, depois do Richard Ríos outra jogada se inicia e não vamos retroagir tanto — é ruim para o futebol ter essa interpretação tão extensiva".