Briga de Gabigol e Braz expõe racha e detona a crise no Flamengo
Ocorrida há dois meses, a áspera discussão entre Gabigol e Marcos Braz serviu para evidenciar um racha atual que existe no Flamengo. Se por um lado o vice de futebol perdeu forças com o ídolo rubro-negro, por outro o dirigente se fortaleceu com jogadores que se incomodavam com supostos privilégios dados ao camisa 10.
O que aconteceu
O bate-boca aconteceu no intervalo da partida contra o Fortaleza, no dia 1º de julho, quando Gabigol reclamou das condições do gramado do Maracanã para Braz e o dirigente rebateu.
A "turma do deixa disso" precisou intervir para que os dois não chegassem às vias de fato e o atacante foi multado em parte do salário e punido com a suspensão de um jogo pela diretoria.
Antes mais próximos, Gabigol e Marcos Braz nutrem uma relação estritamente profissional, que se resume às questões envolvendo o Flamengo.
A maioria dos que presenciaram a cena interpretaram que Braz agiu de forma errada, mas nem por isso sua atitude desagradou a todos, muito pelo contrário.
A ala incomodada com supostos privilégios dados a Gabigol gostou da reprimenda do dirigente e da forma dura como o próprio tratou e tem tratado o artilheiro.
A partir de então, o vice de futebol ganhou prestígio com esse grupo de jogadores que não é pequeno, e que tem em comum o fato de não simpatizar tanto com Gabriel, embora o respeitem.
Gabigol, por sua vez, curtiu no início desta semana uma postagem que sugeria cobranças a Marcos Braz, ao diretor de futebol, Bruno Spindel, e ao presidente do Flamengo, Rodolfo Landim,em vez de incentivarem protestos por sua festa de aniversário.
Conversas por renovação de contrato
Embora a intimidade e simpatia tenham ficado para trás, Gabigol e Marcos Braz mantém relações para assuntos de campo, bola e também de contrato. Afinal de contas, as partes já iniciaram conversas para uma renovação do vínculo, que atualmente vai até dezembro de 2024.
Apesar das mágoas pelo episódio de discussão, Braz é a favor da permanência do atacante, considerado um dos maiores ídolos da história. Gabigol, por sua vez, também deseja ficar, embora clube e jogador ainda não tenham chegado a um denominador comum em termos de valores e tempo de contrato.
Há, no momento, um jogo velado de qual lado irá ceder mais, e com este ambiente quente no bastidor, a tendência é a de que novos capítulos ditem os rumos da negociação. Os episódios recentes distanciam as partes e tensionam as conversas.
Poucos jogadores comparecem ao aniversário de Gabigol
Gabigol comemorou seus 27 anos com uma grande festa na última terça-feira (29), mas poucos foram os jogadores que compareceram à casa de eventos na Zona Oeste (RJ). Os relatos são os de que, no máximo, 10 atletas estiveram presentes.
Entre os ausentes, houve quem não achou de bom tom comparecer pelo momento do Flamengo, outros por questões religiosas, uns pela forte chuva no Rio de Janeiro e há também os que, de fato, não fizeram questão pela falta de proximidade com o artilheiro.
Do lado de fora, cerca de 50 torcedores rubro-negros realizaram um protesto com faixas e xingamentos a Gabigol, Rodolfo Landim, Marcos Braz e Gerson, um dos jogadores que foram notados chegando na festa. A Polícia Militar dispersou os torcedores com bombas de efeito moral.
Estopim para crise é agressão a Pedro
Embora a áspera discussão entre Gabigol e Marcos Braz tenha evidenciado os subgrupos do elenco, o verdadeiro estopim para a crise interna aconteceu quando o ex-preparador físico Pablo Hernández, então integrante da comissão técnica de Jorge Sampaoli, agrediu com um soco o atacante Pedro após a vitória do Flamengo por 2 a 1 sobre o Atlético-MG, em Belo Horizonte (MG).
Há um consenso interno de que a saída de Hernández não foi suficiente para confortar os jogadores, que ficaram frustrados, em sua grande maioria, com a permanência do treinador argentino no comando do time após o episódio.
Sampaoli, atualmente, possui uma convivência fria com elenco e demais pessoas que fazem parte do dia a dia do Ninho do Urubu, e os resultados em campo a partir de então têm decepcionado, principalmente com a eliminação para o Olimpia, na Libertadores, e as chances remotas de título no Campeonato Brasileiro.