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Estudioso, fã de Harry Potter e Marvel: conheça João Basso, do Santos

Lucas Musetti Perazolli e Gabriela Brino

Do UOL, em Santos (SP)

31/08/2023 04h00

João Basso foi anunciado há apenas um mês pelo Santos, mas a sensação é de que o zagueiro já é integrante do elenco há anos. A postura e a liderança chamaram a atenção do torcedor e são características que se assemelham com as do personagem favorito do jogador: Alvo Dumbledore, da saga Harry Potter.

Dumbledore é um dos personagens mais sensatos da saga. O diretor da escola de Hogwarts é respeitado por muitos, uma espécie de espelho devido a sua boa conduta, sabedoria, entrega pela magia e experiência. A lealdade também é um traço forte no personagem.

Gosto muito de Harry Potter. Tenho em Curitiba um quarto destinado a isso! Gosto do Dumbledore, ele é a sabedoria, diferente. Nunca foquei tanto na mensagem desses filmes, assisto mais para desligar do mundo e ficar nessa outra vibe, ficar mais tranquilo. Dar o off da vida. Minha mãe é outra doida viciada nisso, vai em evento e tudo. Ficou um pouco de família, né? João Basso, zagueiro do Santos, ao UOL

A postura de Basso na defesa se tornou esperança para os problemas antigos do setor. Em um curto período de tempo, o jogador passou a ser um dos organizadores do time atrás e a comunicação entre a defesa e o meio-campo.

A rápida adaptação tem a ver com a identificação e a vontade de fazer dar certo. Basso sonhou em vestir a camisa do Peixe desde muito cedo e, ao saber do convite, ficou em choque. Muito feliz, claro, mas em choque.

Identificação e liderança

João Basso, zagueiro do Santos, em jogo na Vila Belmiro Imagem: Raul Baretta/ Santos FC

O zagueiro, que já havia forçado sua saída do Arouca para ter seu destino selado à Baixada Santista em uma primeira sondagem, estava convencido de que a negociação não daria certo. Ele ficou cerca de uma semana e meia sem notícias, até que seu representante ligou. E sem dizer que se tratava do Santos, ele começou o suspense: "Tem praia", "é um clube grande do Brasil"... até que confirmou: "o Santos fechou, resta assinar".

Ao chegar, João colocou em prática um conselho que ouviu de um treinador, Vasco Seabra, com quem trabalhou. O português reforçou a atenção do zagueiro para sua liderança. Ele, desde então, fez de tudo para absorver o espírito e energia do Peixe.

Você, quando moleque, jogando futebol e querendo crescer nesse meio, o sonho é vestir a camisa de um grande clube. E ter essa oportunidade é uma realização. Parece que tenho realizado pequenos sonhos ao longo dos dias, é muito gratificante. Sobre a liderança, essa questão de falar, cobrar, ajudar, é algo meu. Me mantém vivo e concentrado. Gosto de falar o que eu vejo, é da minha personalidade, meu jeito de ser

"A dificuldade na passagem que tive em Portugal, foram três, quatro anos muito complicados. Me ensinaram tanta coisa que acho que hoje estou pronto para muitas adversidades. Aquele 'fundo do poço' em que eu estive me ensinou muita coisa que no topo da montanha não iriam me ensinar. Então, hoje sou muito focado e certo do que quero. Até porque, quem não sabe para onde quer ir, qualquer lugar serve. E eu sei muito bem para onde quero ir, quais minhas metas."

Erros que não definem

O defensor, revelado pelo Paraná, viveu alguns maus bocados no início de sua carreira na Europa. Além da falta de oportunidade, teve que lidar com a saudade da família e falta de suporte. Hoje, se vê titular do time de Diego Aguirre. E mesmo diante da vontade de fazer e acontecer, Basso tropeçou. O maior foi diante do Fortaleza, em derrota por 4 a 0 com gol contra do zagueiro.

Arrasado, ele demorou a dormir naquela madrugada. Foram duas ou três horas de sono, mas até pregar os olhos...

Apesar dos erros recentes, ele ainda chama a atenção pelo psicológico forte. Na vitória contra o Grêmio, por 2 a 1, por exemplo, o gol adversário saiu de uma infelicidade do defensor. Um rebote, aos 46 minutos. O segundo tempo da partida, porém, foi marcado pela recuperação defensiva, boa saída de bola e marcação eficiente: virada com a Vila Belmiro abarrotada. E o camisa dois foi um dos mais ativos no setor.

João Basso, zagueiro do Santos, em treino no CT Rei Pelé Imagem: Raul Baretta/ Santos FC

Foi complicado porque... é muito ruim perder e eu sou muito ansioso. Detesto a derrota, ainda mais da maneira que foi. É impossível dormir, você fecha o olho e sua cabeça diz 'é, meu filho, abre o olho que você ainda tem que pensar muito'. Foi muito complicado, tive duas ou três horas de sono.

"Sempre pensei que após alguma falha, não adianta deixar que isso influencie o restante da partida. É uma pequena parte de um jogo inteiro. Futebol é um jogo de erros, né? Nós vamos errar. Eu me cobro, mas se eu errar eu vou pedir a bola de novo, vou tentar. Se eu precisar errar dez para acertar a décima primeira, vai ser assim. Não há espaço para lamentações."

Organização e tática

Além de fã Harry Potter, Basso também é um estudioso. Desde que iniciou no futebol, se interessou por ler e entender o jogo, não só onde a bola está e a correria. Tática e organização fazem seus olhos brilharem.

Para o zagueiro, a organização é a chave de um time com vantagem sobre o adversário. Afinal, se está organizado, não precisa correr e se desgastar tanto no momento de recuperar a bola.

Às vezes, a gente ouve 'ah, é difícil subir linha porque tem que correr muito'. Na minha opinião, é o contrário. Se você subir e organizar, depois não precisa voltar e correr 50, 60 metros para trás, você já está organizado e fica difícil pro adversário. Eu cobro porque vejo uma equipe organizada com mais vantagens sobre o adversário.

João Basso, zagueiro do Santos, em treino no CT Rei Pelé Imagem: Raul Baretta/ Santos FC

Estudo na prática

A leitura também é um hobby do zagueiro santista, mas não só sobre futebol. A intenção de Basso com os livros é se apoiar em temas de desenvolvimento pessoal, que nutrem o espírito vitorioso, como uma mentalidade constante. Para se distrair, ele lê Harry Potter para fugir da realidade do dia a dia.

Outra paixão é o cinema. Foi dali que nasceu o carinho pela Marvel. Lembra do quartinho em Curitiba? Ele também tem alguns itens colecionáveis das histórias dos heróis, mas não tem um favorito. Séries e filmes também fazem parte do seu passatempo.

Eu gosto da leitura, leio bastante. Leio mais coisas de performance e livros de desenvolvimento pessoal. Gosto de biografias. Analisar o que pessoas de sucesso fizeram para atingir seu objetivo é muito mais fácil, né? Pegar dicas de quem venceu para você também vencer. Acho que ajuda a encurtar o caminho quando você cria hábitos parecidos. Vou mais nessa vibe. Gosto de um pouco de ficção. Às vezes a vida é muito tensa, gosto de me divertir um pouco e fugir da realidade João Basso, zagueiro do Santos

Basso ainda não estuda o livro de poções. Mas certamente está praticando o feitiço 'xpecto patronum', encanto que afasta a tristeza e escuridão, para proteger o gol santista.

João Basso, zagueiro do Santos, em recepção no CT Rei Pelé Imagem: Raul Baretta/ Santos Fc

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