Abel explica substituições, 'cutuca' Flaco e aborda fase de Endrick

O técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, explicou as substituições feitas no empate de 0 a 0 com o Deportivo Pereira, que garantiu a classificação da equipe brasileira à semifinal da Libertadores. Ele ainda aproveitou para dar uma "cutucada" no atacante Flaco López e falou sobre a seca de gols de Endrick.

Titulares em ação. "Pegamos um árbitro que deixava sempre jogar e foi um jogo de muito duelo. Utilizei as substituições no 2° tempo porque já era estratégia, as substituições já estavam programadas. Felizmente, ninguém se lesionou, isso era minha grande preocupação. Foi um jogo muito truncado e com muitos duelos, nosso adversário veio para não nos deixar jogar e não tinha nada a perder com com a pressão depois do jogo de lá, quando tiramos todas as expectativas desta equipe."

Flaco López. "Foi um jogo não muito bem jogado, mas basicamente fizemos o que já fazíamos, com três jogadores no meio. Sem o Dudu, demos a oportunidade, por exemplo, de um jogador jogar na frente contra uma equipe agressiva. Aliás, um aspecto que o Flaco tem que melhorar é segurar a bola de costas e sob pressão contra uma equipe muito agressiva como essa. Mas o mais importante conseguimos: estar na fase seguinte."

Fase de Endrick. "A formação trabalha muito bem, temos uma base muito boa, mas volto a dizer que jogar na equipe principal não é igual jogar na base. Não é igual em muitos aspectos: não tem o mesmo número de jornalistas que tem aqui, não tem a mesma cobrança que tem aqui, a mesma torcida que tem aqui, os comentários das redes sociais, a pressão... sobre este jogador: a gente não escolhe. há coisas que controlamos, outras não. Tudo aconteceu muito rápido com ele: começou a ser campeão no sub-17, sub-20, seleções e veio ser campeão aqui na equipe principal. Criou-se muita expectativa em cima de um moleque de 17 anos. É normal, todos nós temos momentos de grande inspiração e, em outros, temos que saber lidar com frustrações. Quando ele for para outro lado, vai começar tudo do zero. Ele pode fazer aqui 20 gols ou não jogar mais, mas quando for para o Real Madrid, vai começar do zero. Ninguém garante nada. Ele vai decidir o que vai acontecer lá. Ele só tem que se preparar. Criar expectativas e passar para a mão dos outros é muito fácil. Isso é o sonho de todo jogador: há jogadores que sonham a vida inteira por uma oportunidade no Real Madrid, e este moleque, esta criança, em um ano e meio, conseguiu isso tudo. foi campeão em tudo na formação, campeão na seleção, campeão no principal com toda a pressão colocada pela imprensa... Todo jogador no mundo, como Ronaldo, Neymar e Messi, tem momentos altos e baixos. Ele tem que lidar com isso e estamos aqui para isso. Mas não é só ele, é Vanderlan, Kevin, Garcia, Fabinho... temos que ter paciência."

Três zagueiros. "Já jogamos de todas as maneiras com todos os jogadores. Não sei se é tendência, é algo que podemos usar ou não. Infelizmente para vocês, não abrimos as portas. Acho que é melhor assim do que dar asas à vossa criatividade para poder desenhar o jogador que vai substituir alguém. Ninguém substitui o Dudu porque só há um dele. A minha função desde que cheguei ao Palmeiras é arranjar soluções e é isso que vamos fazer, com três zagueiros e até quatro como já fez o Guardiola. Aqui, a cultura não está habituada a esta plasticidade toda. Se a gente muda para um sistema tático diferente, é o sistema [que está errado]."

Ocupação de espaço de Dudu. "Posso jogar com Jhon Jhon, é um jogador que vem para dentro, ou com um ponta aberto. Farei em função daquilo que é melhor para a equipe. É o que nós temos feito."

Expectativa para encarar Boca Juniors. "O que vou fazer até lá é viver minha vida como faço, vivê-la com meus jogadores, minha família... Às vezes, esqueço de dizer que estamos todos de passagem. Até quanto a viagem durar, é preciso desfrutar, faço isso como treinador, como marido e como pai. É isso que farei. Apesar de ser um treinador muito intenso — agora menos, já não me chateio mais com os árbitros, já reclamei contra Bahia, Fluminense, Athletico, Bragantino. Lá em Portugal, dizemos: 'quer reclamar, vai à Fifa'. Aqui, quando queremos reclamar, precisamos ir à CBF, então não vale a pena. Já aprendi. Fiquei três anos batendo a cabeça na parede. Vocês dizem que sempre foi assim, não vou mudar nada e não tenho intenção de mudar nada. Vou estar mais tranquilo no banco para ajudar meus jogadores e desfrutar da vida. Deus me abençoou com tudo e preciso ser grato por tudo que ele me dá, juntamente com meu clube, jogadores e família. O futebol é só uma parte da minha vida, não é minha vida toda."

Fim da turbulência. "A turbulência é criada pela cultura esportiva. Há dias, disse que achava que o único que não estava em turbulência era o Botafogo porque estava em 1°. Ganhamos duas competições, estamos em um disputa em uma — que acho que vai ser muito difícil, ainda mais que o Botafogo focará em uma competição só — e, na outra, temos a ilusião de sempre. Parece fácil, é a 4ª vez na semifinal. Sabemos como funciona o futebol, às vezes vamos ganhar, outras perder. O importante é que a gente saiba onde está e onde quer chegar e saber que nesse caminho vai haver turbulência, mas que precisamos resolver juntos com o máximo esforços que temos. É isso que sempre fazemos. O Palmeiras, desde que estou aqui, todos os anos tem carimbado títulos para nossos torcedores. Isso que é importante. É fundamental uma equipe saber lidar com esses momentos de turbulência, que são criados mais pelo exterior do que por dentro.

Invencibilidade. "Há pessoas que se esquecem que, no futebol, há três resultados possíveis. Nossos jogadores sabem disso, e Deus gosta deles da mesma maneira, quando ganham, perdem ou empatam. Deus não gosta mais deles porque ganham ou menos porque perdem. O que Deus gosta de nós não tem a ver com o que fazemos dentro de campo: tem a ver com nossa atitude competitiva no futebol e na vida. Tenho minha consciência tranquila que, a cada dia, dou o melhor na minha função, e é isso que peço aos jogadores."

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