Rodrigo Mattos criticou no De Primeira o critério utilizado pela Fifa para a contagem de gols oficiais de Pelé com a seleção brasileira. Em debate com PVC, ele afirmou que a entidade sediada em Zurique, na Suíça, só leva em consideração a realidade do futebol europeu.
Mattos: "Se você considerar esses jogos oficiais da Fifa, o Pelé não tem 1.000 gols. E a gente contou a vida inteira o Pelé com 1.000 gols porque a história do nosso futebol é contada assim. Esses jogos contra times era uma coisa muito comum aqui, porque começa um papo de que esses jogos eram contra times menos importantes, menos fortes, mas se você comparar, o Pelé fez 36 gols contra times europeus, incluindo aí clubes, e o Neymar fez 13. Contra sul-americanos, o Pelé fez 35 gols e o Neymar, 30. E contra as outras confederações, que tem times mais fracos, Ásia, Concacaf e Oceania, o Neymar fez 36 gols e o Pelé, 6. Naquela época, não se jogava no mundo inteiro e não se jogava esses amistoso caça-níqueis, porque a seleção tem dificuldade de jogar contra europeus na era Neymar, ele jogou muito menos contra europeus. Então, você vai dizer que os gols do Pelé foram feitos contra times mais fracos? Não foram. É incorreto falar que, só porque não é a lista oficial, o Pelé fez gols contra times mais fracos, não é verdade".
PVC: "Essa questão é muito antiga. É o critério objetivo do mundo inteiro, o critério da Fifa é objetivo há muito tempo, tirando uma ou outra exceção. Você não tem Portugal e União de Lagos, Portugal e Internazionale de Milão. Se você pegar a lista de gols do Eusébio, só tem gol de Portugal contra seleção nacional, a Fifa sempre foi objetiva nesse ponto. Não é que a Fifa despreza os gols do Pelé, é que Fifa tem um critério objetivo há décadas, os europeus nunca consideraram os gols de Brasil e Malmoe, Internazionale, Atlético-MG, Bahia, Atlético de Madri. 'Ah, não tinha valor'... Tinha, tinha um valor preparatório. O Garrincha fez 17 gols pela seleção brasileira, sete em jogos contra clubes e seleções".
Mattos: "Perfeito, concordo, é um critério objetivo. Mas não dá para dizer que são jogos mais fracos, essa que é a questão, o Brasil jogou um monte de amistoso caça-níquel por aí e a verdade é que hoje joga-se muito mais as seleções, então os jogadores de hoje, nessa comparação de época, são muito favorecidos no final, porque se joga muito mais".
PVC: "Mas aí você compara da média, e na média o Pelé ganha. É só você dividir o número de jogos pelo número de gols".
Mattos: "Só para ressaltar, o critério da Fifa é objetivo, mas é objetivo pensando no futebol europeu, pensando na lógica europeia de futebol, é isso que o PVC está falando, que nossa realidade aqui é diferente e, na realidade, eles não consideram nosso contexto, fazem a regra pensando no contexto deles".
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