Superestimado? Sampaoli gera desconfiança até onde foi campeão

Jorge Sampaoli é ou não é um treinador superestimado? Sem títulos relevantes desde 2015 e com apenas um Estadual em seu currículo no Brasil, o atual comandante do Flamengo teve emprego ameaçado e fama em xeque por onde passou.

O que aconteceu

Depois da derrota no Maracanã na final da Copa do Brasil, o Flamengo decidiu manter Jorge Sampaoli no comando técnico.

O argentino vive momento conturbado entre decepções e polêmicas no clube.

O último título relevante de Sampaoli foi a Copa América de 2015 pela seleção chilena.

Desde lá, sua glória isolada foi o Campeonato Mineiro de 2020, pelo Atlético-MG, única taça que ergueu no futebol brasileiro.

A fama do argentino muito se deve aos feitos no Chile, onde além da seleção comandou a Universidad de Chile, pela qual foi campeão nacional e da Sul-Americana.

Depois disso, teve uma passagem tímida pela seleção argentina, comandou Sevilla e Olympique de Marselha, na Europa, e esteve no Santos, no Galo e agora no Fla, no Brasil.

Amor e ódio no Chile

Sampaoli é muito identificado com a Universidad de Chile, e consequentemente é odiado pelos torcedores do Colo-Colo, tradicional rival.

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Além disso, a forma como ele se desligou da seleção e as palavras recentes de Arturo Vidal sobre o convívio no Flamengo mancharam a imagem dele no país.

Sampaoli não é tão querido quanto Marcelo Bielsa, por exemplo, que conseguiu unificar o país. Ao deixar a seleção, disse que era 'refém' porque não o deixariam sair. Sua saída da seleção não foi boa. Hoje se vê o Sampaoli como uma incerteza

Sebastián Munizaga, jornalista chileno do DaleAlbo e Roja y Pasión

Sem crédito na Argentina

Como reflexo da conturbada passagem pela seleção, Sampaoli também não é bem visto na Argentina.

Atualmente, além da condição financeira, o treinador não possui grande mercado no país pois carrega a marca do que houve na Copa do Mundo da Rússia.

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Sampaoli perdeu muito crédito na Argentina sobretudo porque foi muito mal no Mundial da Rússia. Um descontrole, perdeu o comando e a autoridade na equipe. Isso o marcou no futebol argentino. E hoje, todos os times que ele dirige não vão bem. Acredito que sua carreira teve um ascenso e agora está em descenso. É um técnico que por sua forma de ser, a conduta que tem, gera conflito. Não é um treinador que seja querido pela torcida. Na Argentina não tem mercado porque não se tem como pagar hoje, e também não sei se alguém o contrataria. Ele perdeu muito crédito e respeito aqui

Sergio Maffei, jornalista argentino do Olé

Passagens opostas no Sevilla

Na Europa, Sampaoli comandou dois times: duas vezes o Sevilla (ESP) e uma o Olympique de Marselha (FRA).

Na Espanha, ele viveu um momento bom na primeira passagem, mas na segunda não conseguiu manter o nível.

Sua trajetória ficou marcada pelo que houve no jogo contra o Barcelona, quando deu uma folha de papel A4 para Joan Jordan, nos minutos finais do jogo, com instruções táticas. Marcos Acuña pegou o papel da mão do companheiro e jogou no chão.

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A melhor forma de entender a imagem que Sampaoli tem na Europa é ir a Sevilha. Na cidade espanhola ele teve duas passagens completamente diferentes, mas que mostram muito da história de sua própria carreira. Na primeira, desafiou o sistema, mudou o jeito do time jogar, ganhou a torcida e deixou o clube para assumir a seleção da Argentina. Na segunda, a palavra que melhor define o que aconteceu é "caos". É a palavra que pessoas ligadas ao clube usam para se referir ao que aconteceu entre outubro de 2022 e março de 2023. Sampaoli ficou marcado como um técnico de poucas soluções efetivas, muitos improvisos e nenhuma conexão com o vestiário

Thiago Arantes, colunista do UOL

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