Quais pontos não ficaram tão claros nas explicações do vice do Flamengo

O vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, falou pela primeira vez sobre a confusão com um torcedor em um shopping do Rio. Alguns pontos, porém, não ficaram muito claros.

Situações pendentes

Quem era o homem que estava com ele?

Nas imagens da confusão no Barra Shopping, um homem aparece com Marcos Braz na troca de socos com o torcedor Leandro Campos. O vice de futebol não mencionou na coletiva, só disse que não era segurança. Tratava-se de André, apelidado de Peixão. O UOL apurou que Peixão é amigo de Braz e pai de duas meninas que também são amigas da filha do dirigente.

André, inclusive, sai andando ao lado de Braz depois da troca de socos e grita "pelotão é o ca*****". Essa frase gerou repercussão entre integrantes da Torcida Jovem do Flamengo, como pode ser constatado nas redes sociais.

Por que não citou o xingamento à filha no depoimento?

Marcos Braz não citou no depoimento à polícia, como informou inicialmente a Globo, o fato de Leandro ter xingado a filha dele. Na versão do cartola apresentada na coletiva, o torcedor teria dito "f***-se a sua filha". Mas isso não entrou em pauta na delegacia. O UOL apurou que o dirigente não quis envolver a adolescente no procedimento policial. Braz achou pertinente citar as ameaças feitas diretamente a ele.

Mordida na virilha?

Marcos Braz diz não se lembrar de ter mordido a virilha do torcedor, como Leandro alega. "Depois da última frase que ele falou, me lembro de pouca coisa", disse o dirigente, que garantiu não ter visto nenhum vídeo da agressão.

Eu não lembro o que aconteceu após o que ele falou para mim. Antes eu lembro de tudo, relatei, botei dentro da cronologia. Fui ameaçado de morte, minha filha estava próxima. Ele fez várias ameaças. Eu sistematicamente pedi para que parasse. Eu estava sozinho. Tinham duas, três pessoas filmando, me xingando. Ele não fala com a verdade quando diz que não me ameaçou. Fui chegando perto dele e deu no que deu.

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As ameaças

Braz também não especificou na coletiva quais ameaças sofreu exatamente dos torcedores. No vídeo que vazou nas redes sociais dos dois primeiros torcedores cobrando o dirigente, não há frases nesse tom. Mas Braz trouxe no depoimento na delegacia alguns termos que Leandro teria dito a ele: "Se não ganhar o título, vamos te matar! Vocês não vão ter paz! Pede para sair, senão você vai morrer também! Manda o treinador embora!".

Diante dos jornalistas, Braz adotou um tom mais genérico: "Ele [Leandro] me ameaçou de morte. Falou que se o resultado não viesse a cobrança seria diferente e falou no final o que eu disse aqui [sobre a filha]."

O torcedor é da organizada?

O vice de futebol do Flamengo foi à entrevista com o print da postagem de um perfil ligado à Torcida Jovem nas mãos. Ele cita de maneira indireta a publicação que prometia ir atrás de jogadores e dirigentes que estivessem bebendo em baladas ou praias. Mas Braz também não foi enfático para dizer se Leandro pertencia a essa torcida ou não.

O que acontecerá na Câmara

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Braz foi chamado para se explicar na terça-feira (26) junto ao comitê de ética da Câmara de Vereadores sobre o episódio. Não apenas em relação à briga, mas também por ter marcado a pré-presença na sessão de terça-feira e não ter comparecido. O vereador/dirigente disse que "vai resolver isso antes", falando sobre a situação, mas sem explicar como.

"O vereador vai na Casa votar o que quiser e quando quiser. Comissão de Ética é usada para um estupro, assassinato. E eu vou lá porque fui comprar um presente para a minha filha. A gente segue. Mas vou resolver isso antes."

Coletiva do dirigente

Marcos Braz usou a coletiva de ontem (21) para dar a versão dele sobre o episódio e disse ser a vítima na situação, alegando ter sido ameaçado e falando sobre a exposição da filha.

Ao longo das falas, Braz levantou o tom e demonstrou nervosismo principalmente quando falava da filha. Ele disse que estava tranquilo em certo momento e pediu mais de uma vez para que "acreditassem nele".

Braz disse que está acostumado a receber cobranças da imprensa. Mas questionou algumas notícias que saíram e a velocidade com que o vídeo apareceu na internet.

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O dirigente interrompeu várias perguntas feitas e desviou do assunto delas. Em algumas, foi curto na resposta. Em outras, repetiu as justificativas sobre o que desencadeou a confusão.

A coletiva de Marcos Braz gerou certa ansiedade nos corredores do Flamengo. Uma parte era contra e defendia somente um pronunciamento, enquanto o dirigente insistia em querer falar. A decisão final passou por Rodolfo Landim.

Havia até uma expectativa de que essa entrevista acontecesse na Gávea ainda na quarta-feira, mas o clube deixou para quinta no Ninho.

Os jornalistas não puderam fazer perguntas relacionadas ao futebol, como treinador, planejamento ou coisas do tipo. Os questionamentos foram relativos somente ao episódio de agressão no shopping. Esse aviso foi dado previamente pela assessoria.

O que mais Braz disse

Braz afirmou que a briga aconteceu depois de Leandro Campos supostamente dizer "f***-se a sua filha". O dirigente pediu desculpas à torcida e ao clube, mas não ao torcedor envolvido.

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Ele também falou sobre perseguição de uma organizada contra ele e que o episódio teria sido premeditado. Ele questionou a rápida divulgação do vídeo nas redes sociais.

Vale lembrar que Leandro Campos também vai conceder uma entrevista coletiva hoje (22) para explicar sua versão da história. A Polícia Civil segue a investigação.

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