Flamengo vê tsunami após novo fiasco e crise varre do campo à diretoria
O Flamengo desperdiçou a chance de ganhar um título pela sexta vez na temporada com a derrota para o São Paulo na final da Copa do Brasil. Depois de decepções em várias competições, o clube entra em uma ebulição que vai do campo aos bastidores.
Ano desastroso
O Rubro-Negro entrou em 2023 com sete competições em disputa. Nos primeiros meses, perdeu Campeonato Carioca, Mundial de Clubes, Supercopa do Brasil e Recopa Sul-Americana. Depois, já com Jorge Sampaoli, caiu nas oitavas da Libertadores com uma virada do Olimpia e agora desperdiça a Copa do Brasil.
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Dois treinadores. O ano começou com a aposta em Vítor Pereira depois da demissão de Dorival Jr em dezembro. Com o insucesso e sem clima internamente, o português foi trocado por Sampaoli, que também não deu resultado.
Agora, a expectativa é pela mudança. O futebol vai passar por reformulação, com saída de medalhões, troca no comando e um ambiente mais balançado. Fora do campo, a política também deve sofrer importantes mudanças, já que 2024 é ano eleitoral.
Brasileiro é sonho distante
Com o fim de temporada irregular, o Flamengo viu o sonho de conquistar o Campeonato Brasileiro ficar cada vez mais distante. Se a vitória contra o Botafogo fez o time ficar mais confiante, a derrota por 3 a 0 para o Athletico-PR e o empate com o Goiás por 0 a 0 em sequência esfriaram as esperanças.
Atualmente, o foco do Flamengo é terminar a competição pelo menos entre as quatro primeiras equipes. No momento, o Rubro-Negro não está nem dentro do G6 do Brasileiro. Os últimos meses serão de extrema pressão.
Vestiário em ebulição
O Flamengo perde o título em meio a um vestiário que colecionou problemas ao longo da campanha. Os dois meses anteriores à taça tiveram três episódios de agressão física e um de briga verbal. No meio disso, uma relação distante entre Jorge Sampaoli e os jogadores regeu a turbulência dentro do campo.
O primeiro episódio marcante foi uma acalorada discussão entre Gabigol e Marcos Braz no vestiário do Maracanã, no intervalo do jogo com o Fortaleza. O atacante criticou o gramado após se machucar e reclamou de ficar esperando o doping. O dirigente subiu o tom e o atacante acabou punido.
Dias depois, em 29 de julho, o preparador físico de Sampaoli, Pablo Fernández, deu um soco em Pedro. Ele questionou o atacante por ter sentado no banco após as entradas de Luiz Araújo e Everton Cebolinha, não gostou de ser retrucado e agrediu o camisa 9.
No treino do dia 15 de agosto foi a vez de Gerson e Varela trocarem agressões. O uruguaio levou a pior e teve uma fratura no nariz. O último capítulo teve Marcos Braz agredindo um torcedor em um shopping no Rio de Janeiro. Ele alega ter sido ameaçado. A cena chocou a delegação, que estava em viagem na hora.
Dentro do campo, Sampaoli teve um início empolgante, mas logo construiu uma relação distante com os jogadores. Isolado no dia a dia do Ninho do Urubu, o argentino tem a saída vista como questão de tempo no Flamengo.
São coisas que vão incomodando o trabalho do time no campo. Há um grau alto de agressividade, contaminação, exigência. O time tem que jogar pensando no futebol, sem apuros, sem nervosismos. Se não, não aparece a criatividade, mas sim os problemas. Nesse caminho temos que tentar trocar para chegar a um bom fim
Sampaoli
Reformulação à vista
A primeira mudança do Flamengo deve ser a do treinador. Com o apoio apenas de Rodolfo Landim, Jorge Sampaoli só tinha a promessa de permanecer no cargo até o segundo jogo da final da Copa do Brasil. Nomes importantes do futebol são contra a permanência há meses.
Independentemente de quem vai assumir o time, a reformulação do elenco seguirá em pauta. O Flamengo até abriu conversas nas renovações de contrato, mas decidiu colocar tudo em modo de espera até a final e, por isso, aguarda para dar os próximos passos. Apesar disso, o andamento das tratativas pode ser diretamente impactado, principalmente com relação a medalhões que antes pareciam intocáveis.
Bruno Henrique, Everton Ribeiro, David Luiz, Filipe Luís e Rodrigo Caio têm vínculo somente até o fim deste ano. Os dois primeiros aguardam a proposta depois de abrirem conversas, enquanto os outros ainda vão ter a situação avaliada. O último não deve ficar. Gabigol e Fabrício Bruno, com contratos até o fim de 2024 e 2025, respectivamente, também foram procurados.
Depois de um ano com várias frustrações nas janelas de transferências, o Flamengo quer ter mais sucesso na montagem do novo elenco e as mudanças serão profundas.
Política ferve
Com mais um insucesso, a gestão de Rodolfo Landim encara a sua maior crise. Em 2024, o clube passa por um processo eleitoral e o jogo fica mais aberto após esse desempenho. Se antes Landim e seus pares tinham situação tranquila, o cenário mudou e a sucessão fica mais aberta do que nunca.