Presidente do Fortaleza, Marcelo Paz explicou em entrevista ao De Primeira como funcionará a SAF do clube, aprovada no último sábado (23) com votação expressiva. Ele afirmou que o Leão do Pici não venderá ações majoritárias, mantendo assim o controle do futebol.
O presidente do Fortaleza também falou sobre o duelo com o Corinthians pela vaga na final da Sul-Americana, que começa hoje (26), às 21h30 (de Brasília), na Neo Química Arena.
'Não venderemos ações majoritárias da SAF': "O futebol pode ser uma atividade extremamente rentável, e o Athletico-PR prova isso. Se olhar o balanço do ano passado, a margem deles é altíssima, maior que muitas empresas. Então, investir numa empresa que dá retorno financeiro é o que todo investidor quer, sem necessariamente ter o controle das ações e operacional. Nós acreditamos que isso é possível, tivemos proposta de venda minoritária e não fizemos porque entendemos que não era a hora de fazer, que o valor eixo dos clubes vai crescer. Então, a gente deu o passo de virar SAF para ter melhor governança, facilitar o acesso ao crédito, ter uma prática gerencial ainda melhor, porque no modelo SAF tem uma liberdade que o modelo associativo não tem, mas sempre com muita responsabilidade. E podemos, em algum momento, vender, sim, ações minoritárias. Não está no nosso plano vender controle, não está no nosso plano vender ações majoritárias do clube".
'O Fortaleza não tem dívida preocupante': "Dívida não é problema no Fortaleza, dívida trabalhista está zerada, pagamos 140 ações trabalhistas na minha gestão, todas zeradas, dívida tributária está equacionada no Profut, então não é dívida porque está equacionado no fluxo de caixa. A dívida do Fortaleza é baixíssima, às vezes no ano corrente tem alguma dívida de fluxo de caixa, de empresário que atrasou, isso é bobagem dentro do futebol, até porque nossa relação com os agentes é ótima, ele sabe que vai botar o jogador no Fortaleza e vai receber o combinado. O Fortaleza não tem dívida que preocupe em nenhuma esfera. Até por isso, nosso movimento de virar SAF é muito bem pensado, não porque está com a faca no pescoço com dívida de curto prazo. É um movimento estratégico, operacional, que pode mais pra frente vender ações minoritárias. SAF é meio, não é fim, em alguns casos foi necessário para se salvar, mas a gente encara como meio".
Classificação e jogos
Duelo com Corinthians na Sul-Americana: "Chegando às quartas, a gente já estava achando bom, era um objetivo saudável e interessante. Mas chegamos na semifinal e com mérito, é importante dizer isso. Fortaleza fez 10 jogos na Sula, ganhou oito, empatou um e perdeu um. Dos quatro semifinalistas, o Fortaleza tem a melhor campanha. Por isso vamos decidir em casa contra o Corinthians e, se chegarmos à final, o time A é o Fortaleza. É Fortaleza contra alguém na final. Estamos muito felizes em chegar na semifinal, duelar com um gigante que é o Corinthians, mas a gente quer algo mais, é natural que a gente queira enfrentar o gigante e tentar passar do Corinthians, que tenho certeza que olha para a Sul-Americana como caminho mais curto na Libertadores. Então, é um duelo muito importante para ambos, temos que ser frios competentes, tomar as melhores decisões dentro de campo para chegar à final.
Festa no aeroporto antes do jogo com o Corinthians: "O aeroporto é um lugar de extremos, às vezes a gente é xingado, como fomos no ano passado quando perdemos para o Avaí, que também estava na zona de rebaixamento, e dessa vez, com o apoio e o carinho. É um apoio para a viagem, para o jogo com o Corinthians, mas é o reconhecimento, é também uma gratidão ao que o Fortaleza e o torcedor tem vivido nos últimos anos, isso realmente tem que ser eternizado e guardado no coração. Desde a saída na sede, no Pici, corredor de fogo, um movimento muito plural, idoso, mulheres, torcida organizada, famílias, criança de colo, é o amor ao futebol. Isso realmente marca, você vê os jogadores participando e sentindo aquela energia, é algo único no futebol e é passageiro também".
Confira outros trechos da entrevista com Marcelo Paz, presidente do Fortaleza
O Corinthians procurou Vojvoda?
"Vojvoda tem contrato até 2024, no ano passado houve uma notícia de imprensa que o Corinthians procurava o Vojvoda, mas o Duílio [Monteiro Alves, presidente do Corinthians] me ligou e disse que não estava buscando o Vojvoda, que o foco dele era renovar com o Vitor Pereira. Acredito no que ele falou, ele foi muito correto comigo. Um clube que procurou, sim, e foi depois que terminou o Campeonato Brasileiro foi o Atlético-MG, eles ligaram, conversaram, mas o Vojvoda optou por ficar no Fortaleza."
'A vaidade do Vojvoda é o Fortaleza ganhar'
"Eu poderia falar que ele trabalha muito, que é muito dedicado, que ele tem uma boa gestão de grupos, mas isso muitos treinadores têm. Então, vou falar algo diferente, o Vojvoda é um ser humano que não tem vaidade, não esboça vaidade, ah, ganhei o jogo porque mexi, nó tático, nada disso, perdeu o jogo, ele não culpa ninguém, o gramado, a diretoria, os jogadores ou a arbitragem, ele não faz questão de se autoexaltar, isso é no dia a dia, no vestiário, na conversa só eu e ele, com a imprensa. Então, trabalhar com uma pessoa que não bota sua vaidade à frente é um negócio muito importante, é um diferencial, a vaidade dele é o Fortaleza ganhar, o time ir bem e avançar. Além de que trabalha muito, estuda a parte tática e tem a mentalidade vencedora, como muitos outros treinadores têm."
Manutenção do técnico na crise de 2022
"Quando está bem, também não é fácil manter o treinador, porque o pessoal aparece para tirar da gente. Temos que analisar alguns pontos, dia a dia de trabalho, ambiente, equipe no departamento de futebol. Na época do momento difícil, todos os funcionários estavam com ele, olhava no olho, dizia que ia dar certo. Quando o treinador já não tem o bem-querer das pessoas, você também percebe isso, já olha meio de lado, não se cumprimenta da mesma maneira. Então, o gestor que está no dia a dia, e aí isso é uma coisa importante, o gestor estar todos os dias, nos treinos, nas viagens, no ônibus, no vestiário de jogo, nas concentrações, no hotel, aí você sente o ambiente. Então, a gente optou por manter o Vojvoda porque sentia que ele tinha o comando do ambiente e era querido. A questão eram os resultados que não vinham especificamente na Série A do ano passado, era multifatorial, montagem de elenco que não tinha tantas peças para jogar duas competições, viagens, logística, foco na Libertadores que a gente nunca tinha jogado. Quando ia para o Brasil, baixava o nível de concentração. Então, tudo isso a gente observou, e também todos os resultados anteriores que o Vojvoda tinha entregue. O Vojvoda, até aquele momento, era bicampeão estadual, campeão da Copa do Nordeste, tinha levado o Fortaleza até a semifinal da Copa do Brasil, tinha levado o Fortaleza aos quarto lugar no Brasileiro e à Libertadores. Ele tinha entregue tudo, então a gente entendeu que não era trocar o treinador no meio de uma competição que iria trazer os resultados."
'Vojvoda era a melhor pessoa para nos manter na Série A'
"É muito importante a diretoria do clube saber qual é o objetivo, ficar muito claro para o grupo de atletas, o torcedor. Qual o objetivo do clube? O nosso objetivo era permanecer na série A, a gente tinha a clareza que o Vojvoda era a melhor pessoa para nos manter na Série A. E ele nos entregou bem mais, porque ficamos na pré-Libertadores com a arrancada de 40 pontos no segundo turno."
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Quero receber'Rogério foi uma figura muito forte no Fortaleza'
"O Rogério, quando esteve aqui, era uma figura muito forte. Trazer o Rogério para o Fortaleza em 2018 foi uma figura muito forte, embora naquele momento ele ainda não era um treinador consolidado na carreira, tinha feito só o primeiro trabalho no São Paulo. Mas o que garante é resultado, é vencer jogos, bola entrando, passar de competições, isso que dá o suporte. Pode trazer o nome que for, se perder quatro jogos seguidos, o presidente também vai ser questionado."
Gestão moderna do futebol
"Hoje, a gestão de pessoas no futebol é fundamental. Hoje, a comissão técnica é multidisciplinar, composta por diversos profissionais. Há 30 anos, era o técnico, treinador de goleiro, preparador físico e no máximo um auxiliar, hoje tem médico, analista de desempenho, fisiologista, nutricionista, psicólogo e o grupo. Ter harmonia com todas essas pessoas é um desafio do treinador e da gestão, buscamos encarar isso com muita propriedade, com muito aprofundamento, porque a gente sabe que um bom ambiente ajuda a bola entrar."
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