Mano 'em casa' e desabafo de Duilio: bastidores da apresentação do técnico
Mano Menezes esteve à vontade em sua apresentação como novo técnico do Corinthians. 'Em casa' pela terceira vez, o técnico analisou o ambiente, animou o clima da coletiva após o pronunciamento de Duilio e se livrou de saias justas em assuntos espinhosos sem se complicar ou deixar de responder.
Atento a todos os detalhes
O técnico entrou sorridente e fez um raio-x da sala. Acompanhado por Duilio Monteiro Alves, Alessandro Nunes e assessores, ele ficou de pé esperando o término dos preparativos para subir no palanque.
Descontraído, ele cumprimentou rostos conhecidos ao mesmo tempo que fazia o reconhecimento do local. Foram seus primeiros contatos com o ambiente em que volta a encarar como comandante do Alvinegro paulista após nove anos.
Mano ficou em silêncio, com os olhos atentos, enquanto o presidente do clube se manifestava. O treinador analisava os quatro cantos da sala e dava pontuais sinais de apoio com a cabeça ao longo dos seis minutos de fala do dirigente sobre temas antigos e atuais.
Duilio passou a palavra para o técnico, que foi apresentado como "camisa 10" após um abraço com direito a tapinhas nas costas. "Achei um pouquinho demais. Vai virar meme", brincou Mano sobre o número escolhido. O presidente entrou na brincadeira: "Matias [Rojas] que se cuide".
Mano brincou com jornalistas e abordou passado, presente e futuro por mais de 50 minutos. Ele repetiu bordão, distribuiu gentileza entre as respostas e divertiu ao se surpreender com a presença de um correspondente paulista de uma rádio mineira — velha conhecida dos tempos em que comandou o Cruzeiro.
Só vocês ficam mais novos, toda vez a gente olha para a plateia sempre tem mais jovens. Mas tem alguns velhinhos do meu tempo Mano Menezes
Relação na volta
O Corinthians acertou o retorno de quem conhece o clube de cabo a rabo em meio a um momento decisivo na temporada. Mano Menezes é o terceiro treinador com mais partidas com a equipe na história, com 248 jogos, ficando atrás somente de Oswaldo Brandão e Tite.
Mano assumiu os holofotes e não deu vez para qualquer 'sombra de Tite'. O presidente havia afirmado no início que nem abriu negociação com o ex-treinador da seleção brasileira e que Mano "era o cara certo", o que fez com o assunto não tivesse vez na coletiva.
O velho conhecido ressaltou seu prazer por voltar ao cargo e explicou o que o levou a aceitar o convite: "O que certamente me levou a aceitar, depois do convite e retorno ainda esse ano, que não era a minha ideia, foi o tipo de relacionamento e respeito que construímos nas outras duas vezes que passei"
Prazer estar aqui. Quando a gente recebe pela terceira vez o convite para dirigir um clube do tamanho do Corinthians? É uma satisfação estar aqui, do orgulho de voltar pela terceira vez a uma casa como essa Mano Menezes
Ele, no entanto, também se mostrou firme sobre seu relacionamento com a imprensa. "A vida vai ensinando um monte de coisa, podemos melhorar em uns aspectos e piorar em outros. Ficamos mais amargos, sem paciência, mas não adianta brigar pois é perder tempo", respondeu, enfático.
"Vamos estabelecer uma relação de diálogo, tentar tirar dúvidas dentro da linha que eu gosto", alertou, antes de completar: "As consequências disso podem ser críticas ou elogios e, com respeito, vamos nos entender bem. Se for com falta de respeito, vamos nos entender mal. Todos precisamos nos respeitar porque somos importantes para o segmento do futebol".
Estilos
O indício de que o novo técnico não seria o único a falar veio minutos antes da apresentação. Pouco antes das 14h, horário marcado para o início da coletiva, membros do estafe do clube levaram um segundo microfone para a mesa e deixaram tudo pronto para duas pessoas.
Duilio e Mano comentaram declarações antigas polêmicas, mas de maneiras diferentes. Enquanto o presidente parecia incomodado e falava entre pausas e tosses, o técnico se saiu com mais desenvoltura dos temas sensíveis.
O primeiro reconheceu que errou, enquanto o segundo foi na linha do "quem nunca?". Após o mea-culpa do dirigente sobre ter dito que Mano nunca trabalharia em sua gestão, o técnico lidou com naturalidade ao ser emparedado sobre uma alfinetada que deu no Corinthians sobre arbitragem.
Estamos envolvidos nos jogos, queremos ganhar. Eu visto a camisa e o torcedor sabe bem que visto aqui e faço o mesmo com outra camisa. A gente concede 20, 30 entrevistas por semana e fala bobagem mesmo. Escapa, e segue a vida. Somos que nem vocês [jornalistas].
O treinador também abafou assuntos extracampo para focar nas decisões — Majestoso hoje e semifinal da Sul-Americana na terça (3): "Conversamos muito, eu, presidente e Alessandro sobre estabelecer relação capaz de sustentar no futebol as eventualidades de ano político, eleição, como há em qualquer clube. Procuramos evitar que isso entre no futebol, são duas coisas que não combinam bem".
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