Abel Ferreira distribuiu frases de impacto após a derrota do Palmeiras para o Santos. O treinador admitiu o abatimento mental da equipe com a eliminação na Libertadores, reconheceu os erros defensivos no clássico, reclamou da quebra no clima do "todos somos um" e explicou por que tem tanto cuidado para botar os "moleques" para jogar.
1 - 'Eliminação pesou no subconsciente'
Abel começou a coletiva impaciente com a ineficiência da própria equipe. Questionado sobre os gols perdidos pelo Palmeiras no primeiro tempo, o português admitiu que a eliminação para o Boca na Libertadores ainda estava na cabeça dos jogadores.
Se as bolas tivessem entrado, se tivesse mais capricho na finalização, na primeira parte poderíamos ter saído com outro resultado, mas ela não entrou. Sabíamos que na segunda parte iríamos sofrer, que vínhamos de uma derrota pesada, que isso iria entrar no subconsciente dos jogadores. Sabíamos que nos últimos minutos estaríamos cansados, era fundamental fazer o primeiro tempo como fizemos, mas é verdade, tem sido um roteiro, uma pecha. Posso dizer que os jogadores trabalham, mas hoje a bola bateu na trave e saiu, bateu na cabeça de um jogador nosso e saiu, depois fizemos um gol de bola parada, e o que mais me deixa triste é quando não somos agressivos, competitivos. Os gols que sofremos, com todo respeito ao Santos, são mais ofertas nossas do que mérito do nosso adversário, mas parabéns ao Santos, ganhou, está na luta pela sobrevivência e fez aquilo que não fomos capazes de fazer, que foi dois gols. Tenho que refletir, pensar com os jogadores, jogou quem tinha que jogar hoje, mas infelizmente perdemos outra vez. Fizemos um primeiro tempo de grande nível, tivemos um problema de finalização.
2 - 'Faltou gasolina física e mental'
O português destacou a falta de combustível físico e mental contra o Santos. Segundo ele, a equipe esteve longe dos 100% em todos os quesitos do jogo.
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O último jogo em casa teve tudo, emoção até o fim, gols, pênaltis, na minha opinião teve uma equipe que deveria vencer e não conseguiu. A primeira parte hoje é o reflexo do que foi a segunda parte do último jogo, mas não conseguimos virar e fazer gols. Tenho que ler os sinais, hoje era um contexto difícil para nós, depois de uma eliminação dura, pesada, quando estamos competindo a 100% podemos ganhar de qualquer equipe, quando não estamos no 100% podemos sofrer gols como hoje. Mesmo no jogo contra o Boca, são gols que quem quer disputar título não pode sofrer, mas tenho certeza absoluta que os jogadores querem fazer o melhor, fizeram o melhor que conseguiram, mas não foi suficiente para vencer o adversário. Acho que essa parada da data Fifa vai fazer bem e depois seguimos no nosso caminho, já falei sobre nossas ambições no campeonato, o resto é fazer melhor do que fizemos hoje. É difícil jogar contra uma equipe com oito jogadores defendendo e criar tantas oportunidades como criamos, hoje era um jogo que tínhamos que chegar no intervalo ganhando obrigatoriamente por 1 ou 2 gols para depois conseguir gerir o jogo na segunda parte, onde faltou gasolina física e mental.
3 - 'Fomos passarinhos na hora dos gols'
Abel afirmou que a defesa do Palmeiras voou nos gols sofridos contra o Santos. Ele também criticou o desempenho ofensivo do time no gol sofrido contra o Boca Juniors, num sinal de que a eliminação na Libertadores ainda está muito viva no Alviverde.
Se nós marcássemos todas as oportunidades, tínhamos ganho, mas o futebol não é assim, é eficácia. O Santos não foi preciso atacar tanto, ter tantos jogadores na frente como nós tivemos, para ganhar o jogo. Eu sei que vocês querem explicações pra tudo, mas há coisas que não consigo dizer, são decisões dos jogadores e estamos aqui pra assumir a responsabilidade. Na quinta era um problema, mas hoje já é outro, eu vejo as coisas de forma muito fácil — faltou capricho na finalização. Na primeira parte deveríamos fazer mais gols e não fizemos, e fomos passarinhos na forma como sofremos os dois gols. Já contra o Boca, fomos passarinhos na forma como sofremos o gol.
4 - 'Faltou energia e clarividência para decidir'
O técnico do Palmeiras bateu na tecla da falta de "capricho" contra o Santos. Ele reconheceu, porém, que o Peixe foi melhor e teve mais fôlego na etapa final.
Temos que admitir que estávamos pouco inspirados, nós queríamos criar e levar a bola na zona de finalização, sinceramente, faltou capricho na hora de finalizar. Troquei os jogadores para refrescar um bocadinho, as trocas que faço é com intenção de preparar a equipe para ganhar o jogo. Isso tem sido recorrente, sim, as análises são feitas em cima do resultado, mas a verdade é que contra o Bragantino poderíamos ter chegado no intervalo com dois ou três gols e hoje a mesma coisa, mas temos que assumir que na segunda parte nos faltou energia e clarividência para tomar as melhor decisões.
5 - 'Nossos adversários têm que estar fora'
Perguntado sobre os protestos da Mancha Verde contra a diretoria, Abel se queixou da quebra do clima do "todos somos um". Segundo ele, o clube precisa de harmonia para enfrentar os adversários.
Há sinais que têm que ser lidos, não é assim que vejo o 'todos somos um'. Tenha certeza que todos fazem o melhor para ajudar o clube, viemos de uma eliminação dura para todos, para mim, para os jogadores, são sempre momentos difíceis onde o lado emocional está muito em cima. Vamos ter tempo para refletir sobre o que foi esse ano, mas ainda faltam 12 jogos. Fico triste porque o espírito do 'todos somos um' fica beliscado, a harmonia tem que existir porque nossos adversários têm que estar fora, tem que ser o Boca, o Santos, o Flamengo, o Corinthians, os outros. Mas há coisas que não controlo, sou só o treinador, sou comparado com os treinadores que já estiveram aqui, sou muito mais novo, tenho muito a aprender, ainda cometo muitos erros, a equipe tem sido muito assediada por outros clubes, isso foi o ano todo e pesa muito.
6 - 'Deixamos de ter aquela blindagem do ano passado'
O português reclamou do vazamento de informações ao longo da temporada no Palmeiras. A blindagem interna do ano passado, disse ele, já não existe mais.
Temos alguém no clube que passa todas as informações para fora, aquela blindagem que nós tínhamos ano passado deixamos de ter, não sei o que se passa, mas vamos fazer a avaliação para quantos títulos nós apontamos e quantos ganhamos. Começamos o ano ganhando um título inédito, mas os mais importantes, que seria a Libertadores e o Brasileirão, conhecendo como conheço, dificilmente escapará do Botafogo, tem jogadores para isso, investe para isso, tem jogadores com experiência. É normal passar por um período de turbulência, como nós estamos passando, sim, porque não ganhamos e agora temos que aguentar as pancadas. Os torcedores gostam do Palmeiras, mas gostam mais de ganhar.
7 - 'Somos vítimas de todo sucesso e expectativa'
Abel foi questionado se o elenco do Palmeiras precisa de uma reformulação para 2024 e admitiu que o grupo perdeu "maturidade e peso". Apesar disso, segundo ele, o nível de cobrança é fruto da expectativa gerada sobre o time.
Se você prestar atenção como era o elenco e como ele está, como começou este ano, saiu o Jorge, Kuscevic, Wesley, Danilo, Scarpa, Merentiel, Verón, Tabata e o Navarro, alguns deles saíram porque não aguentaram a pressão de jogar aqui. 'Estou tendo minha família ameaçada' — quando isso acontece, eu tenho que entender, porque o futebol não é isso e quando estes jogadores vêm falar isso, temos que fazer alguma coisa. Pediram para sair, saíram e fizemos reposição. O Kevin fez uma primeira parte hoje muito boa, quando eu enxergar que os jogadores estão preparados eles vão entrar, como é o Endrick, o Fabinho, mas jogar com essa camisa tem muito peso e responsabilidade. Quando falamos em reforços, é preciso escolher determinados jogadores para representar um clube como este, porque nosso jovens também têm dado resposta. Nós fizemos essa reforma, mas há coisas que não posso mentir, felizmente o Zé Rafael se adaptou bem à posição de 5, fizemos o melhor que podíamos. O clube foi claro em determinado momento da temporada, há dívidas que têm que ser pagas e às vezes quando nós não dizemos tudo da realidade interna para fora, é normal que o torcedor queira exigir muito. Na data de hoje, somos vítimas de todo sucesso, de toda a expectativa e agora temos temos que aguentar as críticas. Todos temos coisas boas e más, o futebol brasileiro é muita emoção, é difícil, mas agora é aguentar as críticas. O clube tem responsabilidade, opta por ser muito direitinho, mas essa não é minha parte, minha parte são os resultados, tenho que assumir todo e qualquer resultado. Esta temporada começou a ser preparada no ano anterior, durante o ano temos reuniões para entender as necessidades minhas e do clube, mas não posso mentir quando olhamos para todos que saíram — nós perdemos muita maturidade e peso, no final temos que pensar sobre isso.
8 - 'A agressividade das críticas mata os jovens jogadores'
Endrick e Kevin foram titulares contra o Santos e jogaram bem, e Abel explicou por que tem tanto cuidado ao utilizar os "moleques". Por outro lado, ele ressaltou que o Verdão nunca teve tantos jogadores criado na base no grupo profissional.
O problema desses moleques não é a qualidade deles, mas a agressividade das críticas que fazem aos novos jogadores no geral. É a agressividade com que se diz que hoje o Endrick é o melhor do mundo e na semana seguinte tem que ir para os juniores porque não está numa fase boa. É isso que mata os jogadores, uma crítica tão agressiva e violenta que os matas. Infelizmente, o telefone tem coisas maravilhosas, vejo meus pais quase todos os dias, mas tem outras que é veneno puro, ódio, inveja, violência. Como vocês acham que o jogador se sente? É por isso que nós da comissão técnica temos que ter muito cuidado com esses jogadores, porque quando se perde como hoje ou contra o Boca, não sobra só para o treinador, ao diretor e ao presidente, depois vem uma violência mental e é para isso que esses jogadores não estão preparados. Aqui tem margem, eu concordo, nunca na história do Palmeiras jogamos com tantos jogadores da base, mas ninguém quer saber disso, por isso que às vezes questiono, tem torcedores que amam o Palmeiras, mas tem outros que só amam ganhar. Se nós soubermos lidar com isso, vai ser muito mais fácil, o Palmeiras tem presente e tem futuro. Está tudo bem? Não, mas não está tudo mal. Não é preciso fazer muitas mudanças, é precisa fazer as mudanças certas.
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