Casemiro vê gramado e calor como problemas, mas valoriza seleção itinerante

Capitão da seleção brasileira, Casemiro apontou hoje alguns problemas em locais nos quais o Brasil tem jogado ultimamente: calor e gramados não tão bons. Mas o volante valorizou o fato de o Brasil não ter sede fixa e ser itinerante, jogando em cidades espalhadas pelo país. Foi o caso de Belém, na primeira rodada das Eliminatórias, e, agora, Cuiabá, palco do confronto com a Venezuela, amanhã (12), pela terceira rodada.

"Isso é uma resposta ampla, um debate amplo. É muito legal, existem aspectos legais, outros que precisam ser falados. O carinho de Belém foi incrível, aqui em Cuiabá também tem sido incrível. O campo não é o que estamos acostumados, o calor aqui e em Belém também, não estamos acostumados. Mas não podemos ganhar tudo de um lado, ganhamos de um e perdemos do outro. Se pudéssemos escolher campos melhores, a gente escolheria, mas não cabe a nós escolher, cabe a outras pessoas. Mas o carinho daqui e de Belém foram incríveis e isso nos fortalece dentro da seleção", disse Casemiro, na coletiva de hoje, antes do último treino prévio ao jogo com os venezuelanos.

Movimentação diferente com Diniz: "É um pouco diferente, sim. Diniz pede para eu tocar na bola sempre, sempre passar pelo meu pé, tentar jogador, comandar mesmo o jogo, jogar no ritmo de ir para frente, atrás, lado, sempre passando pelo meu pé. Futebol tem princípios, cada treinador tem suas características, mas o futebol tem princípios que se aprende desde a base. Um treinador pode ser vertical, ter mais posse, mas os princípios são sempre os mesmos. Uma das coisas que mais gostei com o Diniz é que ele pede para a bola sempre passar pelo meu pé. Fico feliz com isso".

Outras respostas de Casemiro

Favoritismo

"É futebol, um dos poucos esportes que o favorito nem sempre vence. O mais importante é o que vamos fazer em campo para concretizar o favoritismo. Sabemos que a seleção é favorita, mas isso não garante o resultado".

Bastidores dos novatos

"Às vezes quando se vive no alto nível a gente até se acostuma por mérito a estar na titularidade da equipe ou seleção, não nos damos conta do quão grande e importante é a titularidade, vir para a seleção. É importante conversar com quem vem pela primeira vez, também o treinador e a comissão, ver a importância da seleção brasileira. Não damos conta da grandeza das coisas às vezes. É importante conversar, ver e ouvir quem não está acostumado ainda. Nós, que estamos há mais tempo, temos que renovar isso, essa sensação. É importante e muito difícil estar aqui, ainda mais na seleção brasileira, que pode fazer três seleções de alto nível".

Liderança e aprendizados dos outros ciclos / há algo que foi feito que não deve se repetir?

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"Vou tentar explicar de forma resumida, são mais de oito anos em ciclos, em tempo com a seleção. Em 2018 uma seleção com o Tite, antigo treinador, que pegou uma seleção que queria resgatar, precisava se classificar, estávamos fora da zona de classificação. Não havia leque tão grande de jogadores. Na Copa seguinte, um leque maior, é importante falar isso. Agora, que somos seis mais um os que se classificam para a Copa, podemos observar mais. O treinador é novo, estamos tentando encaixar o mais rápido possível. Fizemos dois jogos, não fizemos mais de 10 treinamentos. É tempo, demora, em clube demora meses e na seleção estamos tentando com vídeos e etc corresponder o mais rápido possível. Agora, com esse leque de seleções para classificar, podemos provar mais jogadores e ampliar o leque. Tudo que é feito de bom tentamos passar, o de ruim também para a comissão. O mais importante é minimizar os erros. Copa do Mundo é só mata, não pode errar. Um chute no gol contra a Croácia, pênaltis e ficamos fora. Temos que minimizar os erros o quanto antes".

Quem é sua referência? Tem alguém para conversar quando tem dificuldade?

"Fico feliz de ser um dos mais experientes, um dos que estão há mais tempo. Você acaba sempre precisando de ajuda, pedindo opiniões, ninguém é perfeito. O jogador, independentemente da idade, sempre está aprendendo coisas novas e isso é importante. Um ponto que muitos falam, e comigo não é diferente, é fazer psicólogo, conversar com outros jogadores mais experientes, foi assim no Real Madrid. Jogador sempre aprende com 20, 30 ou 40 o que é bom de fazer e o ruim de fazer. Tem que ter sempre mente aberta para querer aprender".

Volantes e adaptação a Diniz

"Depois que saíram o Renato e o Paulinho, tive muitos companheiros, cada um com sua característica. Eu fui um dos que tive muitos companheiros de 8. Recentemente o Bruno [Guimarães], faz um trabalho excepcional no Newcastle, a cada treino e jogo me deixa mais confortável. Grande jogador, demonstra isso na competição mais difícil do mundo. Não cabe a mim determinar com quem jogar. Se eu estiver ali, o outro o técnico decide [risos]. Quando se joga há mais tempo com um jogador, a adaptação é melhor. Temos pouco tempo de treino antes de um jogo difícil. Adaptação de vídeos, o Diniz sempre fala nas preleções e vídeos que passa mais tempo para mostrar mais a ideia, do que fazemos certo e podemos melhorar. É como tudo, a tecnologia ajuda a antecipar as coisas. Mas existem princípios e a prática em campo, é difícil e pouco tempo. Sempre importante a comunicação, vídeos, para a equipe entrosar e fazer o mais rápido possível o que o técnico pede".

Os de 30 anos na seleção

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"Tive um jogador, um grande amigo e um craque, que deixou de jogar. O Hazard. Quando parou com 32, falaram que parou com 32 e está novo. Cada um vê de uma forma. O maior exemplo aqui, que fez uma grandíssima Copa do Mundo, foi o Thiago Silva. Com 37 anos, jogou barbaridade. Cada um tem um ponto de vista. Sempre uns falarão uma coisa, outros outra, o importante é fazer o melhor. E o treinador saber quem está melhor e corresponde no dia a dia. Às vezes os 90 minutos não correspondem ao dia a dia do jogador. Posso falar inúmeros exemplos de cada jogador, cada forma. Eu me vejo bem, me preparo, é inevitável pensar em Copa, mas tenho objetivos curtos. Jogar bem contra Venezuela, Uruguai, grande trabalho no Manchester. Cada um vê como quiser, mas meu planejamento da carreira tem objetivos curtos".

Colegas do Real Madrid

"Do crescimento dos jogadores do Real Madrid, acompanhei muito Rodrygo, Vini e Militão. Tenho carinho muito grande, são realidade, não mais promessas, do futebol mundial. Sem dúvidas, temos mescla de jogadores experientes e jovens, já tivemos no último Mundial e isso é importante. Martinelli joga na ponta e é excelente jogador, Bruno, André do Fluminense? Todos excelentes. Temos mescla muito grande, os mais experientes são importantes para ensinar os valores, o que é o futebol, a grandeza do futebol. Vini, Rodrygo e Militão são realidade e o futebol anda sozinho para eles".

Jogador venezuelano que acompanha

"Falamos um pouco sobre a Venezuela. Sabemos que o Rondón é um grande jogador, mas tem Herrera do Girona, que conheço muito bem e joga muito bem. No futebol não há partidas fáceis. Soteldo joga no Santos e também é grande jogador. O mais importante de tudo, e com respeito à Venezuela, é o que nós temos que fazer, independentemente do adversário jogar mais defensivamente ou ofensivamente. A chave é nosso futebol. Na América do Sul não há jogos fáceis e sabemos disso".

Opinião do jogador / formato das Eliminatórias

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"Sabemos que? Volto a falar, Brasil é favorito, sim, para se classificar. É favorito, mas não determina que iremos nos classificar. Dá folga a mais para escolher jogos, jogadores, abrir o leque em determinados jogos, mas não determina a classificação. Sempre respeitamos os rivais, amanhã será um jogo difícil, truncado. Venezuela tem seus méritos e muitos jogadores de qualidade na Europa. O respeito é o mais importante, e o maior respeito é o nosso, pelo que tentamos fazer. Queremos fazer o melhor para ter o prazer de voltar aqui. O mais importante é o que faremos no campo, jogo a jogo, até a Copa do Mundo".

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