Em Cuiabá, Diniz revê palco de demissão mais traumática da carreira
O técnico Fernando Diniz jamais entendeu ou aceitou a queda do comando do Santos em setembro de 2021. Foi no mesmo hotel em que está hospedado com a seleção brasileira que o treinador recebeu a notícia, convocou uma reunião e desabafou com toda a delegação do Peixe. Em anos de estrada, nenhuma demissão marcou tão profundamente o treinador como essa.
Como foi a demissão
O Santos de Diniz foi derrotado por 2 a 1 pelo Cuiabá, o que representava o sexto jogo sem vitória. As discussões sobre a continuidade do treinador começaram logo após o resultado.
A decisão de demitir Diniz veio na manhã seguinte e o treinador foi comunicado ainda no hotel. Antes de deixar o local, Diniz convocou uma reunião, não poupou críticas aos diretores e desabafou com a delegação.
Já demitido e após uma reunião dura, Fernando Diniz voltou com a delegação santista de avião. A despedida formal só ocorreu já em São Paulo.
Foi a penúltima demissão da carreira de Diniz antes de chegar à seleção. Ele assumiu o Vasco no final daquela temporada, mas fez apenas 12 jogos antes de ser demitido. No ano seguinte, em 2022, acertou com o Fluminense.
Por que a mais traumática
Diniz gostava muito e confiava no presidente Andres Rueda. Quando chegou ao Peixe, o técnico quis saber quem detinha o poder dentro da estrutura de Comitê de Gestão do Santos, e o mandatário afirmou que era ele.
No entanto, na primeira crise, o Comitê de Gestão votou pela demissão do treinador e Rueda afirmou ser voto vencido. O popular CG santista é composto idealmente por presidente, vice e mais sete membros que, em teoria, tomam decisões de forma conjunta. Hoje, o grupo só tem presidente, vice e dois membros. Quem comunicou a demissão de Diniz nem está mais no clube.
Diniz era desafeto de alguns dos membros do colegiado. O treinador se referia um deles como 'o cara do papel', em referência a dar mais importância para planilhas do que para o futebol, e a outro como 'fofoqueirinho'.
O técnico já tinha pensado em deixar o comando do clube quando o Peixe vendeu o zagueiro Luan Peres. Diniz tinha combinado com a diretoria de segurar o defensor que era visto por ele como pilar de seu time. No entanto, decidiu ficar por acreditar no presidente Andres Rueda.
Na reunião com a delegação e jogadores o treinador usou os termos "covardia", "fui enganado" e "apunhalado pelas costas". Diniz consegue entender mais a demissão do São Paulo, por exemplo, do que a do Santos.
Depois do encontro com toda a delegação, Diniz fez uma reunião apenas com os jogadores. Nela, ele falou sobre sua mágoa por sair naquele momento e elogiou a evolução de alguns jogadores como Pirani — que depois seria seu jogador no Fluminense.
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