Palmeiras tem promessa na base que veste a 10 e ganhou apelido de Valdivia
Endrick (17), Kevin (20) e Luis Guilherme (17) são alguns nomes do atual elenco do Palmeiras que geram muita expectativa do torcedor mesmo sendo muito jovens. Outro nome que entrou no radar dos palmeirenses, por contas dos vídeos com milhares de visualizações nas redes sociais, é o de Joaquim Lucas, de apenas oito anos, que atua no futsal do Alviverde.
A vida de Joaquim é bem diferente de outras crianças da sua idade. Ele é o camisa 10 do time sub-8 do Palmeiras, já tem empresário, coach, assessor de imprensa e é o atleta mais jovem da história a ser patrocinado pela Adidas — ou seja, vive quase uma rotina de um atleta profissional.
Além disso, ele chama a atenção de quem vê ele jogando pela semelhança com a bola no pé com Jorge Valdívia, um dos maiores ídolos recentes do Alviverde, e ganhou o apelido de 'El Mago'. Mas como o apelidou pegou? Renato Messias, pai do menino, contou ao UOL.
"No ano passado a quadra do Palmeiras estava interditada, e o time estava mandando alguns jogos do Campeonato Paulista sub-7 em Carapicuíba. A Mancha Verde [principal torcida organizada do clube] foi acompanhar um dos jogo e viu o Joaquim, usando camisa 10, habilidoso e com o cabelo comprido. Ele marcou um gol e eles começaram a cantar na hora: 'êo êo, o Valdívía é o terror'. O apelido pegou, e até hoje todo mundo chama ele assim", disse Renato, que trabalha como técnico de manutenção de avião.
Como tudo começou?
Renato explicou que Joaquim chutou uma bola de futebol pela primeira vez com 11 meses, mas em primeira instância era só um sonho distante da família de ver o filho se tornar um jogador profissional. O tempo passou e os pais do garoto perceberam que ele tinha uma facilidade maior para jogar futebol do que outras crianças — e eles começaram a correr atrás para matricular o garoto em uma escolinha.
As escolinhas de futebol não queriam aceitar Joaquim por que ele era uma criança de 3 anos, e a idade mínima para a matrícula era 5. Foi aí que Renato teve a ideia de gravar seu filho jogando contra meninos mais velhos e mostrou para um funcionário de uma escolinha de futebol em Sorocaba, onde eles vivem, e a resposta enfim foi positiva.
E o Palmeiras?
Renato e Sabrina, sua esposa, são palmeirenses, queriam ver o menino jogando pelo clube, e começaram a correr atrás de peneiras. Eles viram uma publicação de Fernanda Grande, treinadora do Palmeiras no futsal, sobre uma peneira que o clube estava fazendo para crianças nascidas em 2014 e 2015, e eles levaram Joaquim. O menino se destacou e virou jogador do Alviverde. O UOL também conversou com a técnica.
"O nosso time tem muitos meninos de qualidade e podemos falar que o Joaquim é um 'pacote completo'. Ele é habilidoso, consegue sair para os dois lados, usa as duas pernas, tem bom entendimento do jogo para a faixa etária, sabe marcar e é muito voluntarioso. Ele consegue ajudar o time tanto ofensivamente quanto defensivamente e, com isso, ele tem um ótimo ponto de partida", disse Fernanda.
As crianças que jogam no Palmeiras começam a fazer a transição para o campo com 9, 10 anos. Ou seja, Joaquim só joga no futsal por enquanto: 'No campo, eu quero jogar na ponta esquerda', disse ele à reportagem.
Fernanda, técnica que trabalha com a Joaquim, acredita que ele pode ser um dos grandes nomes do futuro palmeirense pela sua ousadia com a bola.
"Um dos nossos objetivos aqui no clube é utilizar o futsal como ferramenta de desenvolvimento de habilidades para que os meninos cheguem ao futebol de campo. Com certeza o Joaquim é um dos atletas com essa projeção", acrescentou.
Empresário era contra a aposta em Joaquim
O empresário Bruno Martins atua como consultor esportivo da família, mas um dia ele foi contra a aposta em Joaquim por conta da pouca idade.
"Eu era contra, porque era muito novinho, uma criança. Eu vi um jogo dele aqui em Santos e vi o dom que ele tem. Muito diferente, se destaca pela qualidade técnica e não pela força — o que é comum nessa idade. Me chamou a atenção como ele conduz a bola com as duas pernas, o drible e a facilidade de jogar", afirmou ao UOL.
Foi Bruno quem conseguiu a parceria com a Adidas, que rendeu ao garoto o título de mais jovem da história a ser patrocinado pela empresa de material esportivo alemão.
"Eu tenho uma relação muito boa com as marcas, o pessoal da Adidas viu o material que eu tinha lá e eles viram o potencial. Eles resolveram apostar junto com a gente nesse projeto. Ele é o mais novo da história da Adidas", acrescentou.
Joaquim Lucas comemorou com o famoso 'chororô' de Valdívia
Há duas semanas, o Palmeiras sub-8 conquistou o bicampeonato paulista em cima do São Caetano, após superar o Corinthians na semifinal. Joaquim marcou um dos gols da decisão e comemorou com o tradicional 'chororô' de Valdívia. Ele foi o artilheiro da competição.
Pela pouca idade, Joaquim não tem vínculo profissional com o Palmeiras — o clube não tem autorização para registrar o contrato de jogadores com menos de 16 anos.
Segundo a Lei Pelé, ele poderá ter um contrato de aprendizagem com o Palmeiras, no qual ele poderá receber, dos 14 aos 20 anos, auxílio financeiro sem gerar vínculo empregatício com o clube.
Ele poderá assinar o contrato profissional a partir dos 16 anos, como foi nos casos de Endrick e Luis Guilherme.