Diniz encara Bielsa dias antes de tentar grande feito que rival falhou
'Loucos e corajosos', Fernando Diniz e Marcelo Bielsa se enfrentam hoje (17), às 21h (de Brasília), pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Os treinadores de Brasil e Uruguai têm estilos parecidos de entender o futebol, o que atrai fãs e haters por onde passam.
Dezenove anos mais novo do que Bielsa, Diniz encara o treinador argentino menos de 20 dias antes de disputar o maior título da carreira: a Libertadores. No dia 4 de novembro, seu Fluminense terá pela frente o Boca Juniors, no Maracanã.
O troféu é algo que Bielsa não tem. O argentino teve a chance em 1992, mas viu a conquista escapar pelas mãos nos pênaltis contra o badalado São Paulo de Telê Santana. Seria a maior conquista da carreira de 'El Loco', que, apesar de influenciar até Pep Guardiola, sempre conviveu com a pressão de ter levantado poucos títulos.
O que aconteceu
Em mais de 30 anos como treinador, Bielsa conquistou três campeonatos argentinos, por Newell's Old Boy e Vélez Sársfield, uma Segunda Divisão inglesa, pelo Leeds, e a medalha de ouro olímpica pela Argentina.
Mesmo sem tantos troféus, o estilo corajoso de seus times, sempre buscando o ataque, influenciou diversos treinadores.
Bielsa é provavelmente a pessoa que mais admiro. Ele é único. Ninguém consegue imitá-lo. Ele é inspirador para mim. Nós ganhamos mais títulos, mas como técnico, ainda estou longe dele
Pep Guardiola, em 2020.
Fernando Diniz, de 49 anos, é técnico desde 2009, mas demorou a fazer sucesso. O primeiro destaque foi no vice-campeonato paulista pelo Audax em 2016.
De lá para cá, dirigiu Guarani, Athletico, Fluminense, São Paulo, Santos, Vasco e voltou para o Fluminense antes de acumular o cargo na seleção brasileira.
No São Paulo, bateu na trave pelo título brasileiro. Agora no Flu, foi campeão carioca, está na final da Libertadores e chegou à seleção. É o auge do Dinizismo, que não vê tantas semelhanças com Bielsa, apesar da admiração.
Assim como o rival de hoje, o brasileiro é tudo menos ortodoxo. Fã da posse de bola e do jogo ofensivo, Diniz não tem medo de correr riscos, mudar funções e fazer mexidas táticas ou até mesmo substituições inesperadas no decorrer das partidas.
A ideia sobre ter protagonismo no jogo nós temos em comum, mas como propor as ideias não há muita semelhança
Diniz
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A Celeste apostou em Marcelo Bielsa para mudar radicalmente seu estilo para esse ciclo da Copa do Mundo de 2026. O Uruguai teve 15 anos de Óscar Tabárez, se viu ameaçado de ficar fora do Qatar-2022 e apostou em Diego Alonso, que acabou eliminado na primeira fase da Copa.
A Federação Uruguaia, então, convenceu Bielsa após longa negociação e deu carta branca para o "louco" cuidar da base, definir processos e ter uma extensa comissão técnica.
A carta branca também deu segurança para Bielsa tomar a controversa decisão de não convocar mais nomes como Suárez, Cavani, Godín e Muslera, símbolos da seleção de Tabárez.
A ordem agora é renovar e deixar de lado aquele estilo defensivo, de duas linhas de quatro e bola longa nos atacantes. Os principais jogadores desse ciclo são Araújo (Barcelona), Valverde (Real Madrid) e Darwin Núnez (Liverpool).
A intenção é tornar um Uruguai protagonista, utilizando esses jogadores consolidados e também a geração sub-20 que foi campeã mundial sub-20. A Celeste de Bielsa venceu o Chile, perdeu para o Equador, empatou com a Colômbia e agora quer provar que pode acuar o Brasil no histórico Centenário nesta terça-feira.
Querer trocar um estilo de tantos anos de um jogo para outro de uma hora para outra é impossível. Temos que respeitar o processo. Treinar exige convencer. E é difícil convencer quem não crê. Os treinadores fracassam quando fazem o contrário do que sentem. Mas estamos numa época de pragmatismo, valor ao resultado, tudo é muito certo, não? Ninguém está disposto a valorizar passos paulatinos que aproximam progressivamente de conseguir a imagem que se quer construir. Nunca tive, não tenho e não terei Plano B. Plano B é mudar o perfil do jogador que vai resolver uma posição determinada
Marcelo Bielsa
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