Paulo Vinícius Coelho analisou no De Primeira a crise técnica da seleção brasileira. Segundo o colunista do UOL, a suposta vinda do técnico italiano Carlo Ancelotti não pode ser vista como uma panaceia, e é preciso começar um processo de reconstrução geracional desde já.
'Ancelotti não vai resolver todos os problemas': "A renovação do Uruguai não vem do Bielsa, vem do Óscar Tabárez. De uma construção de meio-campistas que saibam jogar, que saibam construir o jogo, que não deem pontapé, que tenham respeito pela construção das jogadas, tudo isso foi um processo longo de reconstrução do Uruguai depois de ficar fora da Copa de 2006. O Uruguai, hoje, tem um meio de campo onde os três desarmam e os três constroem, e o Brasil joga sem meio-campo, mas esse é um problema desse jogo. O diagnóstico deve ser preciso, que é entender por que o Brasil ontem tinha dois centroavantes e não tinha nenhum, que eram o Rodrygo e o Gabriel Jesus, e tinha dois meio-campistas perdidos, que eram Casemiro e Bruno Guimarães. Esse é o problema pontual do Diniz. Agora vem o Ancelotti e vai resolver todos os problemas? Não, o Brasil precisa de um processo de construção de uma nova seleção".
'Brasil precisa construir uma nova seleção': "Infelizmente, vai se constatar uma lesão grave no Neymar. Eu diria até ontem que o Neymar não era imprescindível, o que não significa que se deve prescindir do Neymar, são coisas completamente diferentes. Você não precisa prescindir do Neymar, mas ele não é prescindível, e agora vai ser necessário prescindir do Neymar provavelmente e construir de novo, a partir de uma nova ruptura, uma nova seleção, que vai precisar de novas referências, Rodrygo e Vinicius Junior, por exemplo. Toda vez que a seleção precisou construir um novo time, todas as grandes crises vem daí. Em 1979, quando perdeu para a Bolívia em La Paz; em 1983, quando tomou 2 a 0 fora o baile do Uruguai; quando o Evaristo assumiu e não durou mais que 6 jogos porque ele estava lançando a geração de Bebeto, Casagrande, Alemão para formar um novo time; em 1993, quando perdeu para a Bolívia por 2 a 0; quando passou o vexame contra Honduras. Tudo isso em momentos de transição de uma seleção para outra, que precisa acontecer agora e vai ser dolorido, seja com Diniz, seja com Ancelotti".
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