Abel pouco fala de goleada em clássico e revive fantasmas do Palmeiras

Abel Ferreira falou timidamente sobre a atuação do Palmeiras após a goleada histórica sobre o São Paulo no Allianz Parque. O técnico português comentou mais as críticas que pairam sobre o time e as doloridas derrotas recentes, além de cutucar a imprensa.

O que aconteceu

Abel deu mais ênfase na coletiva a fatores extracampo do que de fato ao atropelo sobre o rival. Foi a maior vitória do Palmeiras sobre o São Paulo na história.

Ele voltou a temas espinhosos do "ano desgastante" em praticamente todas as suas respostas. Mesmo quando citava aspectos do jogo, ele voltava a assuntos antigos, como a eliminação para o Boca, a derrota para o Santos e as lesões de peças importantes na temporada.

Foi e é uma equipe que começou o ano vencendo, é um ano longo, desgastante, ano resiliente. Time fez um belíssimo jogo contra o Coritiba, hoje fizemos seis gols, um deles anulado, tivemos volume ofensivo e consistência defensiva. Abel Ferreira, na coletiva

O treinador também exaltou a resiliência da equipe durante a má fase. O Alviverde ficou quatro jogos sem vencer enquanto passava pelo "momento difícil", nas palavras do português, e deixou de se aproximar do líder Botafogo.

Nos preparamos bem, a equipe tem essa resiliência muito forte. Depois do jogo do Boca, tivemos uma quebra muito grande. Na minha opinião produzimos o suficiente, mais do que hoje, tivemos mais chutes do que hoje, mas infelizmente não conseguimos. Depois jogamos contra o Santos. Na minha opinião também um resultado que não foi justo pelo 1º tempo que tivemos, adversário ganhou e nos deixou [em situação] animicamente difícil.

Breno Lopes, do Palmeiras, comemora após marcar contra o São Paulo, pelo Brasileirão
Breno Lopes, do Palmeiras, comemora após marcar contra o São Paulo, pelo Brasileirão Imagem: Abner Dourado/Agif

Ele ainda blindou o elenco. Abel apoiou o "injustiçado" Breno Lopes, autor de dois gols na goleada, e a dupla Luan e Artur, além de ter feito uma alusão às suas filhas para explicar a reserva de Rony.

Muitas vezes [os jogadores] são massacrados, infelizmente é assim que funciona. Depois saem daqui, fazem grandes carreiras em outros países porque são livres, não tem essa pressão maliciosa. Há formas de criticar no futebol, mas há formas de ser ofensivo. Muitas pessoas quando pegam no microfone são ofensivas e somos homens, temos famílias, por isso muitos nós pensamos se vale a pena continuar ou mudar e ir pra outro lado.

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Sobre o jogo, ele comemorou a sequência com esquema com três zagueiros, o seu preferido. Abel destacou que a equipe consegue ser ofensiva mesmo com a linha de defensores e que o Palmeiras marcou sete gols, sem ter sido vazado, em dois jogos com o esquema.

Gosto muito de jogar com três zagueiros, é meu sistema favorito, mas nem sempre conseguimos. Com Dudu, não vamos ter Luan, temos que nos ajustar. Fico feliz que os jogadores entenderam e perceberam que três zagueiros pode ser uma equipe altamente ofensiva, agressiva. Nos dois jogos fizemos sete gols e não sofremos nenhum.

Fantasmas revividos pelo treinador

Resiliência: "A cultura de um país não se muda de um dia para o outro, se muda com décadas, com o tempo. Também não quero mudar nada, quero continuar a treinador, ajudar meus jogadores. É nesses momentos de resiliência que se vê quem são os grandes treinadores e jogadores. O resto é dentro do campo, a cada jogo, dar nosso melhor".

Turbulência: "Mesmo contra toda essa turbulência, com muitas influências de forma negativa... A árvore que dá mais frutos é a que mais batemos, nem eu nem o Palmeiras estávamos habituados a perder, mas faz parte. Mesmo em momentos difíceis, mantivemos união. Em quatro jogos perdemos, mas às vezes é preciso perder para arrumar soluções, Feliz porque tenho uma equipe com a mentalidade que gosto, e isso que importa".

Polêmicas externas: "Quem me ajuda a ganhar são os jogadores, ninguém tem mais carinho com eles do que eu. Falam isso até para criar polêmica. Tenho cabeça fria e coração humilde, perdoo todo mundo, mas não esqueço. Infelizmente, na sociedade em que vivemos, é mais fácil crucificar. Parece que um jogador matou, assaltou alguém... Se fossem tanto exigentes nas outras áreas, seríamos muito melhores. Única coisa que procuro é mudar a mentalidade dos meus jogadores. Conhecer o Brasil, a imprensa brasileira, os jornalistas, as redes sociais e agir de forma natural".

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Soluções encontradas: "Quando ganha, estão bem, quando não ganha, tem que encontrar um culpado. É assim que funciona. Desde o 2º mês que cheguei, falo que jogo de acordo com os atletas que tenho e com o que mostram no treino. Se tiver que jogar com os moleques, com os mais experientes, com três zagueiros, jogo. Dar o parabéns ao time, fomos capazes de arranjar uma solução".

Garantia de nada: "Todos vocês tem um quê de treinador, gostam de escalar as equipes, na cabeça de vocês funciona sempre. É mais fácil estar com microfone na mão do que aqui. Há jogos em que correm tudo bem, é verdade fizemos um grande jogo contra um dos nossos rivais, minha função aqui é olhar para dentro, tentar encontrar soluções. No futebol não há garantia de nada".

Luta até o fim: "Desde que sou treinador, minhas equipes podem jogar mal, posso substituir mal, escalar mal, os jogadores podem jogar mal, mas esforço e entrega nunca faltou em nenhum jogo. Nem contra Santos, contra o Boca, mesmo nas derrotas lutamos até o fim".

O que Abel disse sobre os jogadores

Rony na reserva: "Ninguém ama minhas filhas mais do que eu, e quando elas não estão bem, por se sentirem inseguras ou sem confiança, procuro ajudá-las. Às vezes, é proteger e resguardar. Meu carinho pelo Rony é o mesmo, nada altera".

Breno Lopes injustiçado: "Breno talvez seja o jogador com quem fui mais injusto. Há um jogador no Palmeiras, que já disse na frente do grupo e digo aqui, com quem fui mais injusto: é ele. Quando olho pra minha consciência, passei Kevin na frente dele, foi o mais injustiçado".

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Fase de Artur: "Em função das lesões, começamos a ter situações menos individuais, infelizmente queda de performance de uma equipe e de um jogador, nosso ponta do lado direito que está a voltar aos poucos".

Posição de Endrick: "Ele jogar pelo lado é aquilo que ele gosta, colocamos de centroavante não funcionou, é um ponta-centroavante, se deixo no meio, o potencial, as arrancadas, se perde isso tudo. Estamos a perceber onde ele pode ser mais agressivo no jogo".

Apoio a Luan: "Dar parabéns ao jogador que tem sido mal-amado e é peça chave para o sistema: Luan".

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