Nova força? Futebol do Equador se consolida com exportação, títulos e Copas
O futebol do Equador já deu bons motivos para ser considerado uma potência continental. Novamente representado numa final, com a LDU na decisão da Sul-Americana, o país se consolidou como exportador e vê sua seleção como figura frequente na Copa do Mundo.
O que aconteceu
Antes pouco relevante no cenário continental, o futebol do Equador se consolidou a partir de um trabalho de base que envolveu clubes e a seleção nacional. Os resultados são facilmente percebidos nos últimos anos.
No sábado (28), a LDU encara o Fortaleza na final da Sul-Americana, campeonato cujo atual campeão é o Independiente del Valle, também equatoriano.
Títulos internacionais
Classificação e jogos
A conquista do ano passado não foi a primeira do futebol equatoriano na Sul-Americana. Em 2019, o Del Valle já tinha levado o título. Dessa vez a taça veio combinada com a conquista da Recopa, meses mais tarde, diante do Flamengo.
A LDU, que encara o Fortaleza na decisão, já tinha sido finalista da competição em 2011, quando perdeu pra Universidad de Chile.
Apenas um clube equatoriano, exatamente a LDU, em 2008, conquistou a Libertadores na história, mas o crescimento do futebol por lá também está refletido na competição de clubes mais importante do continente.
O Independiente del Valle foi finalista em 2016, perdendo para o Atletico Nacional, da Colômbia.
O Barcelona de Guayaquil foi semifinalista da Libertadores em 2021 e 2017, sendo eliminado por Flamengo e Grêmio respectivamente.
Em 2020, de forma inédita, três clubes equatorianos estavam nas oitavas: LDU, Independiente del Valle e Delfin.
Especialmente os times mais tradicionais perderam um pouco o protagonismo, e se sobressaiu um projeto. O Del Valle trouxe o novo, investimento em base, em infraestrutura, em jogadores menos renomados. Isso foi revolucionário e acabou motivando os grandes a se reinventarem. Ao mesmo tempo que tem isso com o Del Valle, a LDU buscou o outro lado, o resgate do protagonismo com grandes figuras, como Guerrero, Ibarra, Alexander Domínguez. Não tem uma fórmula, mas dois cenários que fizeram o futebol equatoriano crescer. Países como Chile, Uruguai, Colômbia, mais enfraquecidos em termos de clubes, também abriram espaço
Lucho Silveira, comentarista dos canais ESPN.
Exportador de talentos
Newsletter
OLHAR OLÍMPICO
Resumo dos resultados dos atletas brasileiros de olho em Los Angeles 2028 e os bastidores do esporte. Toda segunda.
Quero receberO Equador, aos poucos, também se consolidou como um grande exportador de talentos. Hoje é fácil encontrar atletas do país em destaque nos mais diversos países.
No Brasil, por exemplo, atua o maior artilheiro da história do Equador, Enner Valencia, que defende o Internacional. Além de jogadores com histórico de convocações, como Arboleda e Jhegson Méndez (São Paulo), Leo Realpe (Red Bull Bragantino) e Alan Franco (Atlético-MG).
A negociação mais cara da história da Premier League (primeira divisão inglesa) envolveu um jogador nascido no Equador: Moisés Caicedo. Ele foi comprado pelo Chelsea por 133,5 milhões de euros (R$ 706,3 milhões na cotação atual).
Os Bleus também agiram rápido para contratar a principal promessa do país atualmente, o meia-atacante Kendry Páez, de 16 anos, que já atua como titular da seleção. Ele foi comprado por 17,5 milhões de libras (R$ 106,2 milhões na cotação atual).
Outro expoente da seleção equatoriana na Europa é Piero Hincapié, que atua pelo Bayer Leverkusen, da Alemanha.
O atleticismo é um elemento cada vez mais relevante na perfomance dos atletas, e por consequência, das equipes, e os equatorianos têm na região de Esmeraldas, ao norte do país, uma verdadeira "mina" de privilegiados geneticamente para aquilo que o futebol demanda hoje, explosão e intensidade
Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil. A empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, se tornou acionista majoritária e controladora da TFM Agency, e gerencia as carreiras de Vinicius Jr, Gabriel Martinelli, Lucas Paquetá e Endrick.
Seleção forte
A produção de jogadores, por consequência, subiu o nível da seleção, primeiramente nas categorias de base.
A sub-20 do país foi terceira colocada no Mundial da categoria em 2019 e chegou até as oitavas de final da competição neste ano. No Sul-Americano, o Equador foi campeão em 2019, vice em 2017 e quarto colocado neste ano.
'La Tri', como é chamada a seleção, também tem empilhado participações em Copas do Mundo. A primeira aparição em Copas foi em 2002, e desde então eles marcaram presença em 2006, 2014 e 2022.
A evolução e crescimento do futebol equatoriano começa com a federação, que resolveu apostar e melhorar a formação dos clubes. Tudo isso junto com o trabalho do Independiente Del Valle. Então, os clubes passaram a formar mais jogadores e se tornarem mais competitivos, algo refletido na Seleção do Equador também
Gabriel Correa, analista do Footure
A revolução veio da base
Pioneiro na aposta absoluta em formação de jogadores, o Independiente del Valle catapultou o crescimento do futebol equatoriano.
O clube investiu na construção de um CT de alto rendimento, que receberá ainda mais investimento já garantido pela direção do clube após a venda de Kendry Páez ao Chelsea.
Além de formar seus jogadores, o Del Valle também passou a levar suas equipes de formação para torneios na Europa e criou um torneio de base chamado Copa Mitad del Mundo, que já contou com times brasileiros e até uma equipe europeia, o Real Sociedad, da Espanha.
O sucesso do Del Valle motivou outros times a fazer ações semelhantes, e atualmente equipes como El Nacional, Orense e Universidad Católica têm projetos de formação cada vez mais fortes.
A LDU, por sua vez, apostou em convênios com clubes formadores pelo país e já conseguiu sucesso com isso também na negociação de Nilson Angulo, que atualmente defende o Anderlecht, da Bélgica.
"Muitos clubes de ponta têm buscado no Equador atletas cada vez mais jovens, de 16, 17 anos, com potencial de crescimento e revenda. Se continuar com essa tendência, é natural que o país esteja sempre chegando nas principais competições", disse Júnior Chávare, atual diretor executivo de futebol da Ferroviária-SP e com passagens por Grêmio, São Paulo e Atlético-MG.
Foi o trabalho de formação que fez o futebol equatoriano crescer. Este investimento forte na formação de seus jogadores, e depois na venda deles, é que tem sustentado este novo momento
Fernando Estrada, diretor de esportes da Equador TV
Deixe seu comentário