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Por que os árbitros brasileiros estão sendo chamados para Liga Saudita

O árbitro Paulo Cesar Zanovelli vai apitar na Arábia Saudita Imagem: Fernanda Luz/AGIF

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

27/10/2023 04h00

Mais uma equipe de arbitragem brasileira foi chamada para trabalhar na Arábia Saudita. Quatro representantes do país irão embarcar na próxima semana para comandar um jogo do campeonato de Cristiano Ronaldo, Neymar, Firmino, Benzema e companhia. A integração é objetivo do comando do futebol por lá e tem justificativa financeira.

O que aconteceu

O árbitro Paulo César Zanovelli, os assistentes Nailton Oliveira e Alex Ang Ribeiro, e o VAR Rodolpho Toski Marques foram chamados para comandar um jogo na Liga Saudita.

Recentemente, Anderson Daronco já tinha comandado a vitória por 4 a 3 do Al-Nassr sobre o Al-Ahli.

Em agosto, Ramon Abbati Abel tinha apitado a vitória do Al-Hilal sobre o Al-Ettifaq.

O intercâmbio faz parte de um acordo firmado entre a Federação de Futebol da Arábia Saudita, a Conmebol e a CBF.

Motivação financeira

Segundo o jornal inglês 'The Times', a Arábia Saudita quer atrair também os melhores árbitros da Premier League (primeira divisão inglesa) para lá.

Para isso, o plano é oferecer o pagamento de 4 mil libras (R$ 24 mil na cotação atual) por partida. O valor iguala o salário mensal dos melhores árbitros da Inglaterra.

A condição financeira também está presente na ida de brasileiros para apitar jogos do Sauditão.

No Brasil, um árbitro recebe em média R$ 6.500 por partida se tiver escudo Fifa. O valor cai para R$ 4.700 caso seja CBF.

Intercâmbio no apito: veja opiniões

"Momento é de captura de atenção, de convencimento, e também de encantamento. Ainda que árbitros devam ser coadjuvantes no espetáculo, muitos, como o brasileiro Daronco, não se contentam em o ser, e acabam irritando atletas, e tornando virais as reações deles a seus erros e devaneios. Penso que sauditas acertam em buscar europeus", disse Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana comandada pelo cantor Jay-Z.

"O desejo de tornar o futebol árabe uma referência com rapidez e a disponibilidade de capital para investir fazem com que não só jogadores mas também outros atores do mundo futebol como juízes, técnicos, preparadores e profissionais de áudio e vídeo, que são referência de qualidade em seus países, recebam convites para se somar às estrelas de salário milionário dentro de campo", explicou Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.

"Esse é um exemplo do efeito de se pensar no específico primeiro, e não no geral, que é bem padrão do árabe. Primeiro de tudo veio a contratação dos melhores jogadores, que são as peças mais importantes, mas a estrutura por trás disso é muito limitada, tanto a parte de organização quanto de estruturação técnica de um clube. Com muito dinheiro, talvez eles consigam reverter isso, mas para chamar atenção da Liga ela realmente precisa se estruturar muito, e não é só trazer grandes jogadores", observou Sandro Orlandelli, Membro da UEFA Academy.

"O efeito da chegada de super atletas trazem junto o crescimento de todo ecossistema, que muitas vezes não é nem calculado. Salários de outros jogadores, patrocínios, valorização de profissionais envolvidos, direitos de transmissão, são apenas alguns dos exemplos da força trazidos pela audiência destes ícones do esporte como Cristiano Ronaldo e Neymar", concordou Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo.

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