Da Série C à final da Sula: por que o vice do Fortaleza deve ser respeitado
Não foi dessa vez que o Fortaleza ergueu uma taça continental. Ontem (28), o Leão do Pici foi valente, saiu na frente, teve o título na mão, mas cedeu. O persistente empate por 1 a 1 levou a decisão para os pênaltis e a vitória foi da LDU.
Mas o vice-campeonato do Tricolor merece respeito. Em seis anos, o clube foi da Série C a uma decisão internacional e revolucionou suas estruturas.
Não é de se comemorar o vice-campeonato, mas valorizar o caminho percorrido. Se olharmos para trás é para reforçar o que fizemos de bom até agora, e corrigir alguns erros que cometemos também. Acredito que o clube vai continuar, todos estão doloridos agora, mas vamos continuar crescendo, pois temos uma estrutura sólida, bons jogadores e um dia a dia que vai fortalecer ainda mais o clube".
Juan Pablo Vojvoda, técnico do Fortaleza
Classificação e jogos
Da C à Sula
Em 2017 o Fortaleza deu início ao processo que culminou no vice-campeonato ocorrido no Uruguai. No fim daquela temporada, o time conseguiu deixar a Série C, da qual fazia parte há oito anos.
Em maio daquele ano, o então presidente Jorge Mota e seus vices renunciaram. A motivação veio dos atrasos nos salários de funcionários, problemas de infraestrutura e o caos esportivo com a eliminação na semifinal do Cearense para o Ferroviário.
Quem assumiu foi um grupo de conselheiros do qual Marcelo Paz fazia parte. O presidente era Luis Eduardo Girão, que injetou dinheiro do próprio bolso, e foi acompanhado por empresários, na recuperação do clube. Em 6 de novembro, Girão renunciou ao cargo, e Paz, então vice-presidente, assumiu o posto acumulado a diretor de futebol.
O grupo estruturou o clube, colocou as contas em dia e a partir dali os resultados vieram.
Estou muito orgulhoso do time por tudo que fizemos na temporada. Estou feliz pelo que temos conquistado, de colocar o Fortaleza num seleto grupo sul-americano. Temos que continuar. Ano que vem vamos fazer de tudo para estar aqui de novo, ou na Libertadores
Tinga, capitão do Fortaleza
Elite, internacionalização, hegemonia
No ano seguinte, 2018, o Fortaleza conquistou a Série B, voltando à elite do futebol nacional.
Em 2019 veio a conquista da Copa do Nordeste e o início da hegemonia estadual. Desde então, só o Leão faturou o Campeonato Cearense.
E não parou mais. Em 2022 o Fortaleza conquistou novamente a Copa do Nordeste e disputou a Libertadores.
No Brasileirão, o Fortaleza esteve acima do 10º lugar em três temporadas, com destaque para o quarto lugar de 2021. A temporada abaixo aconteceu em 2020, quando terminou em 16º.
Neste ano, ao participar da Libertadores novamente, o clube virou o primeiro nordestino a estar presente na competição dois anos consecutivos. E ainda disputou pela primeira vez uma final continental.
Fora de campo, mais razões pra comemorar
Marcelo Paz, no leme desde o início do processo, profissionalizou ao extremo os processos internos. Hoje, o Fortaleza é um dos poucos clubes no país que remunera seus dirigentes.
O rendimento em campo catapultou o orçamento, fazendo o faturamento do clube pular de R$ 24 milhões em 2017 para R$ 267,8 milhões em 2022.
Boa parte do valor é revertido em infraestrutura. O clube ergueu um Centro de Excelência, construído com a participação da torcida, que arrecadou R$ 300 mil em uma vaquinha para ceder ao Leão.
Além disso, o clube mantém salários de todos em dia e espera atrair ainda mais atletas com campanhas como esta.
A LDU tem história nessa competição, mas o Fortaleza veio aqui para jogar para ganhar. Temos o apoio de um Estado inteiro, nossos jogos em casa têm 60 mil pessoas, estamos em um dos melhores campeonatos do mundo. Nos dói perder essa final, mas não viemos aqui pensando que nunca tínhamos chegado. Viemos como um time que eliminou Corinthians, América-MG, Libertado, que faz as coisas muito bem nos últimos anos e que também merecia conquistar
Juan Pablo Vojvoda
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.