Pé no chão: Mano prega cautela e diz qual é o Brasileirão do Corinthians
O técnico Mano Menezes, do Corinthians, evitou mostrar euforia com a sequência de seis jogos de invencibilidade da equipe no Campeonato Brasileiro. O treinador pregou cautela após a vitória sobre o Athletico ao afirmar que "não é hora de olhar para cima" da tabela.
Qual o campeonato do Corinthians? "A gente tem que continuar olhando o setor em que nós estamos, não temos que olhar para cima ainda, não. Não sabemos se vai dar tempo de olhar para cima. Temos que olhar com os pés firmes onde estamos, senão você começa a olhar para cima e esquece o que está jogando neste momento. É só olhar na tabela: tinha gente falando em Libertadores que está abaixo da gente. O futebol ensina muito a gente."
Sequência invicta. "Eu não conheço nenhuma equipe no mundo que evolua perdendo. É muito difícil, você defende uma ideia e perde. Depois, defende de novo e perde... você perde credibilidade com a ideia. Quando o resultado vem, os jogadores passam a acreditar mais naquilo que defendemos, isso se chama confiança, e confiança no futebol é tudo."
Organização defensiva. "Essa sempre foi uma marca do Corinthians nos últimos anos. A gente tem trabalhado bastante nisso, porque a organização defensiva tem que sustentar a pressão do adversário."
Dificuldade contra Athletico. "O problema do 1° tempo foi tático, e não técnico. Saímos com ideia de aproximar o Bidu do Cuello, e não conseguimos fazer isso no 1° tempo. Resultado? Tivemos que baixar o Romero para cuidar do Cuello. O Bidu ficou sem função defensiva em um primeiro momento, e isso fez com que eles tivessem muita posse de bola e nós ficamos longe para atacar, atacamos pouco. Quando conseguimos chegar, chegamos bem, mas chegamos pouco porque eles tinham um homem a mais no meio.
Mudanças no intervalo. "No 2° tempo, corrigimos, adiantamos e tiramos a tranquilidade deles de trabalhar a bola, como é a característica do time. Tivemos oportunidades, duas com o Yuri, uma com o Wesley... a gente foi se colocando como pretendente da vitória, e isso que fez a diferença. Fomos uma equipe mais madura na maior parte do tempo, é uma evolução necessária. Jogamos contra um adversário que está à frente na tabela — e não à toa. Raramente, o Athletico passa um jogo sem marcar gols. É uma das equipes que mais conclui... tudo estava do lado de lá e vencemos essa equipe. Isso foi muito importante."
Confiança da equipe. "A gente tem bastante rodagem no futebol para saber as dificuldades que uma equipe passa e o que isso significa em termos de pressão. Quando os resultados vão se adiando, você sabe que o grau de dificuldade para fazer os pontos aumenta, é só ver a rodada. O que mais nos tranquilizou foi o que a equipe fez no domingo aqui. Senti que a equipe saiu confiante do clássico mesmo sem a vitória. A equipe sentiu que jogou melhor, que entregou um jogo mais qualificado... esse sempre é o caminho da retomada, às vezes demora um pouco e às vezes vem em um jogo em que você nem foi superior, mas isso vai aumentando a confiança interna de você se sentir capaz de atingir o objetivo mínimo."
Função de Renato Augusto. "É necessário que ele esteja mais à frente, se não estiver, não temos chegada de área. O time precisa de uma força ofensiva de acabamento das jogadas. Se o Renato vir armar a todo momento, quem vai chegar para concluir a jogada? Temos o Yuri, o Romero, o Giuliano — que também é meia — e mais ninguém. Não adianta chegar bem no último terço se não tivermos força para concluir a jogada. É importante o Renato estar ele nesta função, ele define bem, tem muita qualidade. Repartir as tarefas de organização ajuda a equipe. O que mudou em relação a antes é que o Giuliano também tem a capacidade de vir armar, a gente pode compartilhar a responsabilidade. O importante é entender que, quando um está armando, o outro tem que chegar na área."
Por que Rojas não engrenou? Vejo essas coisas com bastante naturalidade. É a malvada da expectativa. A 'marvada' da expectativa! Quando ela é muito alta, logo você tem a exigência de que a curto prazo o jogador entre e resolva todos os problemas, e é muito difícil que isso aconteça. São raros os jogadores que vêm de fora e já em um primeiro momento se encaixem bem. Geralmente, eles vão fazer isso na segunda temporada. Tem a questão física de trabalho, que é diferente de lá para cá. Trabalhamos diferente porque jogamos 20 jogos a mais do que ele jogava na Argentina. Isso requer um outro tipo de trabalho. São descansos menores, recuperações curtas... tudo isso está no pacote. Ele é muito técnico. Ele prefere jogar por fora. Tive uma conversa com ele: a gente quer sempre ajudar para minimizar os problemas. A gente sabe que o futebol brasileiro é muito rápido nas avaliações, então a gente protege um pouco para colocar quando as condições forem favoráveis. Isso vai acontecer, ele tem muita qualidade de jogo.