Rivais em Santiago, Brasil e México dividiram ouro em final que não acabou

Em busca do pentacampeonato pan-americano, as equipes masculinas de futebol do Brasil e do México se enfrentam hoje (1º), pela semifinal de Santiago-2023. O confronto reedita a decisão de 1975, que, por uma pane de energia elétrica, não terminou, coroando ambas as equipes como campeãs.

O jogo foi paralisado duas vezes durante tempo extra da final de 48 anos atrás, disputada na cidade do México.

Na segunda, a energia acabou no estádio, e, como não voltou, a organização dos Jogos decidiu que o ouro seria compartilhado.

Duelo de tetracampeões: brasileiros e mexicanos se enfrentam para avançar à decisão e lutar pelo quinto título nos Jogos Pan-Americanos.

Jogo que não terminou é reeditado na cidade onde deveria ter ocorrido

A partida que não terminou será reeditada em Santiago, cidade em que, inicialmente, deveria ter ocorrido aquela edição de 1975 do Pan. Porém, Augusto Pinochet, general da ditadura chilena, desistiu de sediar o evento.

A escolha quase passou por San Juan, em Porto Rico, e São Paulo, que também tiveram de recusar, até ser definida para a Cidade do México, que possuía estrutura pronta para os Jogos. Somente agora, 48 depois, a capital chilena sedia um Pan pela primeira vez.

A final de 1975: Brasil e México chegaram invictos àquela decisão com campanhas praticamente idênticas: o time sul-americano com cinco vitórias e um empate, e os mexicanos com quatro vitórias e um empate.

Em um confronto equilibrado, o México abriu o placar com Tapia, aos 22 minutos do primeiro tempo. O Brasil empatou com Cláudio Adão, de pênalti, aos 40 da etapa final. O confronto foi para o tempo extra, e então começaram os problemas.

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Primeiro, o árbitro teve de paralisar o jogo por causa da invasão de um torcedor em campo. Na sequência, minutos depois, uma pane acabou com a energia do lendário Estádio Azteca.

Ao confirmar que a luz não voltaria a tempo, a organização do Pan decidiu, portanto, encerrar a decisão e fazer de Brasil e México os campeões 'compartilhados' do futebol masculino. No dia seguinte, o comitê anunciou que o

Artilheiro daquela competição, com dez gols, Cláudio conversou com o UOL Esporte e relembrou o episódio, do qual se lamenta.

"Já no hotel a gente soube qual foi a decisão [de dividir o ouro]. Quiseram fazer um 'racha' [da medalha de ouro], nós discordamos. Mas ficou por isso mesmo. Reagimos mal, ainda mais eu, que era o artilheiro do Pan. Não ser campeão sozinho é complicado", se queixa o ex-atacante.

Superando uma lenda

A medalha de ouro não é o único orgulho de Cláudio Adão, que passou por Santos, Corinthians, Cruzeiro e os quatro grandes do Rio de Janeiro, naquele Pan de 1975.

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Ser artilheiro na Cidade do México teve um sabor especial, pois ele superou o lendário Hugo Sánchez, que se tornaria ídolo do Real Madrid. No clube espanhol, Sánchez possui a expressiva marca de 208 gols em 280 partidas, além de cinco títulos espanhóis e um da Liga Europa.

No Pan-Americano disputado em casa, o mexicano marcou sete vezes e ficou três atrás de Cláudio.

"Isso foi uma alegria imensa. Foi minha segunda ou terceira convocação minha para seleção, e bati essa marca da artilharia. [O Hugo] é um puta centroavante, mas eu dei sorte. E competência, claro", brinca.

Histórico no Pan e rivalidade entre Brasil e México

Se levou décadas para conquistar o primeiro título na Olimpíada, o Brasil já possui cinco medalhas douradas nos Jogos Pan-Americanos. As conquistas ocorreram em São Paulo-1963, Cidade do México-1975, San Juan-1979 e 1987-Indianápolis.

O mesmo número de ouros tem o México, adversário desta quarta. No Pan, La Tri foi campeã em Winnipeg-1967, Cidade do México-1975, Winnipeg-1999 e Guadalajara-2011. Somente a Argentina chegou mais vezes ao lugar mais alto do pódio no futebol masculino, com sete conquistas: 1951, 1955, 1959, 1971, 1995, 2003 e 2019.

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Embora um pouco mais tímida, a rivalidade entre brasileiros e mexicanos no futebol passa por várias categorias da modalidade: além do Pan, as duas equipes já se enfrentaram em finais de Jogos Olímpicos, Copa das Confederações e Copa Ouro da Concaf, além de vários encontros na Copa do Mundo.

Nos Mundiais, o Brasil leva ampla vantagem. Mas, nas decisões em que se enfrentaram, além do Pan de 1975, a superioridade é do México.

Copa do Mundo
1950 - Brasil 4 x 0 México - Maracanã - Rio de Janeiro-RJ
1954: Brasil 5 x 0 México - Charmilles - Genebra-SUI
1962: Brasil 2 x 0 México - Sausalito - Viña del Mar - CHI
2014: Brasil 0 x 0 México - Castelão - Fortaleza-CE
2018: Brasil 2 x 0 México - Estádio de Samara - Samara-RUS

Finais
Copa Ouro da Concacaf de 1996 - México 2 x 0 Brasil - Memorial Coliseum - Los Angeles-EUA
Copa das Confederações de 1999 - México 4 x 3 Brasil - Azteca - Cidade do México-MEX
Jogos Olímpicos de 2012 - México 2 x 0 Brasil - Wembley - Londres-ING

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