O que faz Fred como dirigente no Fluminense finalista da Libertadores

Os dois maiores artilheiros com a camisa do Fluminense na Libertadores estarão muito envolvidos na final de sábado (4), contra o Boca Juniors. Um deles é Germán Cano, que tem 12 gols e pode aumentar esse número. O outro é Fred, que abraçou novas funções e pode experimentar como dirigente o sabor de um título que não conseguiu como jogador.

Fred participa da campanha fazendo a ponte entre o elenco e diretoria. Acompanha treinos, viagens e dá dicas pontuais para somar ao trabalho de Fernando Diniz.

Antes do jogo de ida da semifinal contra o Internacional, Fred conversou com Nino, o capitão tricolor. Ali, era um olhar de quem foi centroavante de duas Copas do Mundo, que conhece a posição de atacante e a Libertadores. Fred é o quarto maior artilheiro brasileiro da competição, com 25 gols. O assunto? Como marcar Enner Valencia, o goleador rival.

Fred foi didático. Recomendou que o zagueiro do Flu evitasse os confrontos corpo a corpo e desse espaço para Enner definir o que faria antes de dar o bote. Mas nada de oferecer a ele uma parede para referência.

Ao fim das contas, Enner Valencia saiu como um dos vilões da eliminação colorada. Perdeu gols no confronto de volta e, em um dos lances, foi desarmado por Nino com um carrinho crucial dentro da área.

Fred viveu a catarse em um dos camarotes do Beira-Rio, onde também estava o suspenso Samuel Xavier. Urrava pelo gol de Cano que deu a classificação para a final da Libertadores. Um privilégio que Fred não conseguiu viver pelo Flu, já que a construção como ídolo começou em 2009, no ano seguinte à frustração na decisão diante da LDU, no Maracanã. Naquele time o centroavante era o Washington.

Fred durante a comemoração da virada do Fluminense sobre o Internacional, na Libertadores
Fred durante a comemoração da virada do Fluminense sobre o Internacional, na Libertadores Imagem: Reprodução/FluTV

O que Fred faz?

A aposentadoria de Fred é relativamente recente — foi em 9 de julho do ano passado. Além das questões físicas relativas à idade, Fred estava com um problema na vista e isso pesou na decisão do "Don Fredón".

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Em dezembro do ano passado, ele voltou ao clube oficialmente como diretor de planejamento esportivo, já depois de ter feito o módulo da Licença B, o curso de treinador da CBF, e um outro curso com Fernando Carvalho, ex-presidente do Internacional.

No dia a dia, apesar da idolatria, Fred se mostra uma figura muito observadora e até um pouco tímida, por vezes, segundo ouviu o UOL. Quem o cerca enxerga no ex-atacante o potencial para ser um grande dirigente. E temporadas como a atual ajudam nisso.

É um cara muito importante para nós no clube, está sempre perto dos jogadores. Tem esse tato, pelo jogador que ele foi. É um cara que ajuda muito em campo, além do campo, que gera muita confiança no clube. Um cara que eu acho que faz essa ponte entre dirigentes, jogadores, comissão, Jhon Árias, atacante do Flu

Fred entre jogadores e funcionários do departamento de futebol do Fluminense após a conquista do Carioca 2023
Fred entre jogadores e funcionários do departamento de futebol do Fluminense após a conquista do Carioca 2023 Imagem: MARCELO GONÇALVES / FLUMINENSE

Fred divide a sala com o presidente Mário Bittencourt e o executivo de futebol Paulo Angioni. Aprende com quem já está no ramo há décadas, mas contribui com suas ideias de quem há pouco tempo estava no vestiário.

O ex-atacante vai a todos os jogos e também tem uma função como "embaixador" tricolor. Na semana passada, ele esteve na Conmebol ao lado de Mário participando de reuniões prévias à decisão da Libertadores.

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No planejamento esportivo, em si, uma das atribuições é participar da visão sobre o elenco e entender junto às categorias de base quem pode subir para o profissional e ser útil.

"É um cara importante. Uma bagagem muito grande no clube. Eu conhecia pouco ele antes, jogava contra, nunca fui de conversar. Eu sou um cara mais tímido. Ele é um cara importante, dando um suporte extracampo. Ele conversa mais com Samuel Xavier e com o Nino, por exemplo, com quem era próximo quando jogava. Mas o Fred resolve as coisas que não cabe a nós, jogadores, resolver", disse o meia Lima.

Fred já viveu um sabor de um título neste ano. Depois de uma das melhores atuações da temporada, na goleada por 4 a 1 sobre o Flamengo, ele estava no gramado participando da festa e distribuindo abraços empolgados. O que Fred e todos ao redor querem é que a cena se repita, em escala maior ainda, com o título no sábado, a inédita Libertadores.

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