Quem é o líder de torcida que promete vingança e quer presidir Boca Juniors

Violência, brutalidade, armas, cadeia, exclusão dos estádios argentinos e um modus operandi que faz lembrar até mesmo as milícias do Rio de Janeiro. Este é o histórico de Rafael Di Zeo, líder da barra brava "La 12", principal organizada do Boca Juniors , que surge como candidato à presidência do clube, e que está na capital carioca para acompanhar a final da Libertadores contra o Fluminense.

De cabelos brancos e já com seus 61 anos, Di Zeo é venerado pelos integrantes da torcida e temido por muitos de seus rivais.

Ele ficou preso de 2007 a 2011 por porte de arma de fogo em uma briga generalizada no jogo entre Boca Juniors e Chacarita Juniors. Já em fevereiro deste ano, foi absolvido da acusação nos assassinatos de dois integrantes da La 12 mortos em uma briga interna da organizada.

Di Zeo retornou às arquibancadas da Argentina recentemente após ficar seis anos proibido de frequentar os estádios acusado, dentre os delitos, de ter acobertado o sequestro seguido de extorsão de outro integrante da La 12.

O líder da barra brava chegou a viver um período de guerra com outra liderança da La 12: Mauro Martín, que havia assumido o comando da torcida durante o período em que Di Zeo estava preso, e que não quis devolver o posto quando Rafael ganhou liberdade. Depois de muitas brigas e um verdadeiro racha na arquibancada da Bombonera, se entenderam e hoje dividem a capitania com Marcelo 'Manco' Aravena, o terceiro "general". O trio partiu junto rumo ao Rio.

Torcida e negócios

O jornalista Gustavo Grabia, autor do livro "La Doce - a Explosiva História da Torcida Organizada Mais Temida do Mundo", dá detalhes de como a La 12 tornou-se uma espécie de milícia no Boca Juniors e criou tentáculos que vão da violência nos estádios à exploração de dinheiro nos arredores da Bombonera, estádio do clube argentino.

A principal barra brava dos Xeneizes, hoje em dia, toma conta dos estacionamentos no entorno do estádio, do cambismo, promovem um "tour guiado" dentro da torcida e realiza até mesmo tráfico de drogas, segundo Grabia. Ela também se infiltra politicamente na Argentina e apoia candidatos em troca de dinheiro.

A obra também afirma que a La 12 costuma cobrar propina de jogadores e dirigentes do Boca Juniors.

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Candidato à presidência do Boca Juniors

Por mais que possua uma história controversa, Rafa Di Zeo se lançou como candidato à presidência do Boca Juniors este ano e pode enfrentar nas urnas ninguém menos do que o ídolo xeneize Riquelme, que atualmente é vice-presidente do clube.

Eu gostaria de ser um dirigente do Boca. Se eu pudesse, participaria dessas eleições. Se as condições forem atendidas, sim. E estou legalmente autorizado a fazê-lo. Adoraria ajudar o Boca de outro lado, faço isso há muito tempo nas arquibancadas

Rafa Di Zeo, ao programa El Loco y el Curdo

Prometeu vingança contra torcida do Flu

Rafa Di Zeo tomou conhecimento das agressões sofridas por torcedores do Boca Juniors na última segunda-feira, na praia de Copacabana, e postou uma foto com uma frase em um tom de ameaça por vingança: "Se guerra querem, guerra vamos dar-lhes".

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Ele e a primeira linha da barra brava estarão hoje (4) no Rio de Janeiro e já deixam as autoridades cariocas em alerta. Um esquema de segurança de Copa do Mundo foi prometido pela Prefeitura do Rio de Janeiro.

Ontem (3), alguns integrantes da La 12 se reuniram com as lideranças da organizada Força Jovem do Vasco em frente ao estádio de São Januário, casa cruzmaltina. Eles visitaram a sede da torcida e tiraram fotos juntos.

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