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'Se não vencesse, iam usar clichês de nunca ganhar', diz Diniz sobre título

Fernando Diniz Imagem: Getty Images

Do UOL no Rio de Janeiro

04/11/2023 22h36

Campeão da Libertadores, o técnico do Fluminense, Fernando Diniz, poderia ter perfeitamente feito como Zagallo, dito que deveriam engoli-lo ou que todos deveriam se retratar pelas críticas que o classificaram como fracassado. Não foi o que aconteceu na coletiva pós-jogo do time.

Seu momento de êxtase dentro de campo — com cambalhota, ida para a galera, abraços longos — deu lugar a falas reflexivas sobre como enxerga o futebol, a vitória e o fracasso, a vida, e até o jogo final contra o Boca Juniors. E até deu uma alfinetada aqui e ali.

"Em relação ao que chamam de Dinizismo, não sei se veio para ficar. Enquanto eu tiver que trabalhar, vou seguir minhas convicções. E minha maior convicção é ajudar os jogadores. O que fica é o que acredito. Não acho que pessoa campeã só porque ganhou o título. Vi campeões que não ganharam, e outros que não mereciam. Se não tivesse vencido hoje, poderiam usar esses clichês de nunca ganhar, que nunca vão pegar em mim. Os campeonatos acabam e a vida continua. O conceito que eu falo (de campeão) é de quem não desiste, continua sempre a melhorar. E consegue suplantar as críticas fáceis", disse o treinador.

O que mais ele falou

John Kennedy

"John Kennedy tem um poder de decisão. Ele é um das pessoas que o futebol perde. Ele chega precisando de afeto e carinho e o futebol não dá conta de absorver. Muitas pessoas usam o jogador como objeto. Ninguém olha para as carências afetivas. Ser campeão não vai fazer uma pessoa melhor. Trabalho muito e amo o que eu faço. Esses são meus maiores títulos. Não quero endeusamento. Não vou entrar em outro patamar. É importante ganhar o título. Não vou ser aquilo que vão falar. Vou celebrar, e depois voltar a trabalhar. Ele Nunca foi um jogador profissional e dedicado. Mas agora ele estava muito bem treinado. Ele está uma tora. É um jogador especial".

Atuação na final

"Com o tempo que a gente consegue isso. Um dos méritos do Fluminense é de saber jogar com inferioridade numérica porque jogamos muitas vezes assim. Boca é uma equipe que sabe se defender. É sempre difícil conseguir atacar e defender com a mesma eficiência. A gente soube jogar a partida. As outras finais foram jogos mais amarrados. Esse foi um jogo mais aberto. Sabíamos que o Boca teria uma proposta mais defensiva. Além da vitória, foi uma partida emocionante e um bom espetáculo de se ver. A gente treina para jogar a final todo dia. Sempre acredita que pode chegar na final. Foi acumulando treinamentos para poder suportar. Tem jogos que você pode ficar em inferioridade numérica. Teve um componente emocional. A equipe soube variar e ganhou com muita justiça".

Críticas ao acúmulo de Flu e seleção

"Tentaram (jogar para baixo). Se eu fosse conectado com isso (críticas), eu poderia me deixar afetado. É muito trabalho, mas eu dou conta. Agora quem tem opinião tem que manter a opinião. Quem acha que isso atrapalha tem que continuar pensando isso. Quem falou que atrapalha, atrapalha. Agora tem que dizer que podia atrapalhar".

Quem criticou veteranos

"Quem disse que nunca podia jogar aqui Marcelo, Felipe Mello e Ganso junto? Tem que ter colhão para manter".

Orçamento menor

"Vai ganhar quase sempre o time que tem mais dinheiro. A gente subverteu essa lógica no Fluminense. Tem R$ 8/R$ 9 milhões de folha salarial. Com a força do trabalho, dá para competir. Fluminense ganhar nas condições tem méritos. É tudo apertado, às vezes atrasa. Não tem como trazer um jogador mais confiante, tem que trabalhar quem está aqui para tornar um jogador melhor".

Enfrentar Guardiola

"Para enfrentar o City, tem um jogo da semifinal. Tem que trabalhar para fazer o melhor possível para ter a chance de enfrentar o City. Os jogos são sempre difíceis. Ganhar é muito bom. É uma grande baboseira achar que quem perde é um grande fracassado".

Voz mais forte

"A minha voz é amplificada. Depois de hoje, coisas que falo a vida inteira vão ficar circulando porque as pessoas se miram em que ganha. Temos que nos mirar em que trabalha duramente, honestamente, e não em quem ganha. Quero que meus filhos aprendam, não que tenham nota azul. Temos que focar nos efeitos e não nas causas. Que eu possa aprender com essa vitória como aprendi as derrotas."

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