Empatado com o líder, Abel fala de saúde e repensa futuro no Palmeiras

Abel Ferreira está cansado. Na noite em que alcançou o líder Botafogo em pontos, o técnico refletiu sobre os três anos no Brasil e não sabe se aguentará muito mais tempo no Palmeiras. O contrato termina em dezembro de 2024.

O que aconteceu

Abel foi mais enfático do que em vezes anteriores sobre a possibilidade de deixar o país, dizendo que "alguma coisa vai ter que mudar". Nas duas últimas entrevitas o treinador tocou no assunto de forma mais discreta.

O técnico citou problemas de saúde e pediu para analisarem a fisionomia dele, que é diferente de 2020, quando chegou com toda a energia do mundo ao Verdão (e menos grisalho).

Foi o que nos fez em três anos ter muito cabelo branco, muitos exames feitos para entender o que se passa no coração. Períodos difíceis de saúde mesmo, não só física como mental. Já falei no último jogo e as pessoas não querem saber disso. Resta pensar muito bem sobre o que quero. Futebol aqui não dá saúde a ninguém. Olhem para mim agora e olhem há três anos. Alguma coisa vai ter que mudar

Abel Ferreira

Os motivos

O técnico entende que o calendário no Brasil é "insano". Pra se ter uma ideia, em 2021 o Palmeiras foi o time que mais jogou no mundo todo, com 91 partidas na temporada. São poucos dias de intervalo e jogos encavaldos.

A cobrança nas derrotas e eliminações também é fora do tom para o treinador. Competitivo, Abel Ferreira também quer que o Palmeiras ganhe tudo, mas acredita que a crítica no Brasil é desproporcional.

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Abel sente falta de parte da sua família que ainda mora em Portugal. Mais atrás, nessa temporada mesmo, Abel contou o desejo da mãe de vê-lo trabalhar em seu país natal.

A quantidade de jogos seguidos... Não há milagre. Claro que tem a ver com o lado físico também. Uma série de jogos com dois dias de recuperação e viagens. Já falamos muito sobre isso. Sempre foi assim e vai continuar. Se querem ajustar, muda-se. Não gosto, é insano para todos. Jogadores, profissionais, árbitros. Sobre a turbulência, faz parte. Todos os clubes têm, no Brasil mais. Klopp em oito anos ganhou um torneio, mas todos sabem a qualidade que tem. No futebol não há garantia. Se contratarem Neymar e Messi, não sabemos se íamos ganhar. Com mais reforços e investimento, estamos mais próximos de ganhar. Mas é mexer jornal, ninguém garante nada.

A posição do Palmeiras

O Verdão acredita que Abel Ferreira cumprirá o contrato de mais um ano, por mais que o incômodo seja real.

A presidente Leila Pereira e o diretor Anderson Barros discutem formas de atenuar a rotina desgastante, mas sentem que não podem fazer muito mais. O avião de Leila foi disponibilizado justamente para melhorar a logística.

O Palmeiras admite reforços de peso para dar mais opções a Abel e depender menos das "magias" que o técnico faz em busca de soluções caseiras.

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O Palmeiras empatou em pontos com o Botafogo — 59 para cada — e está na briga pelo título. Os cariocas têm dois jogos a menos e voltam a campo nesta segunda contra o Vasco em São Januário.

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