Herói do título do Flu superou fama de bad boy e renasceu no interior de SP
Fernando Diniz avisou: "Você vai fazer o gol do título". John Kennedy cumpriu.
Na prorrogação, o camisa 9, que virou o xodó da torcida do Fluminense na temporada atual, acertou o chute decisivo para a vitória sobre o Boca Juniors no Maracanã, triunfo que desentalou o grito de campeão da Libertadores. A expulsão pela comemoração com a torcida deu uma certa dose de emoção, mas foi só um tempero a mais na decisão.
Este ano tem sido mágico para John Kennedy, como enredo de filme. Ele superou a fama de bad boy, abandonou os problemas comportamentais e se encontrou com os gols e o protagonismo para ser a solução nos momentos difíceis do Fluminense na campanha histórica na Libertadores. O gol dele é um prêmio para a confiança de Diniz também, que não desistiu dele.
A reconstrução do jogador e da pessoa
Considerado uma das principais promessas do clube nos últimos tempos, o jovem quase colocou tudo a perder quando acumulou indisciplinas em 2022, foi devolvido ao sub-20 e posteriormente emprestado à Ferroviária no início de 2023, num movimento que teve o aval do técnico Fernando Diniz e tinha o objetivo de tentar salvar sua carreira.
"JK", como é chamado pelos companheiros, foi consciente de que a passagem na equipe de Araraquara (SP) seria um divisor de águas para o seu futuro e a agarrou com unhas e dentes.
Logo em sua estreia, por exemplo, marcou três gols na vitória por 3 a 1 sobre o Água Santa, pelo Campeonato Paulista.
O dia a dia provou aos funcionários do clube de Araraquara que John Kennedy estava disposto a mudar, mas o hat-trick na estreia chegou a causar um alerta de preocupação, algo rapidamente desfeito pelo próprio atacante. O projeto na Ferroviária deu certo, individualmente falando, apesar do rebaixamento do time na competição. O atacante contou com o suporte dos técnicos que passaram por lá, a exemplo do que aconteceu com Diniz no Flu.
"Quando a gente sabe do histórico do cara, a primeira coisa que a gente faz é se apresentar e poder estender a mão para o cara. Na Ferroviária, ele deu zero trabalho, um profissionalismo incrível e, por isso, rendeu positivamente no Campeonato Paulista", disse Elano, segundo técnico de JK na Ferroviária.
John Kennedy participou de 11 dos 12 gols da Ferroviária no Campeonato Paulista e foi o vice-artilheiro da competição com seis, dois a menos que Róger Guedes (Corinthians) e Galoppo (São Paulo)
Depois de renascer no Campeonato Paulista e voltar de empréstimo, JK precisava mostrar seu valor pelo Fluminense. E foi o que ele fez. Na Libertadores, somou quatro gols. Balançou as redes em pelo menos um dos jogos ao longo do mata-mata (oitavas, quartas e semi), sendo o da final, claro, o mais importante.
"Esse menino é um grande vencedor, está se tornando um homem cada vez mais íntegro. Cada vez mais bonito. O futebol perde a rodo talentos como esse no Brasil. Espero de todo o meu coração que ele consiga ter cada vez mais os pés no chão. Pés do tamanho do talento dele", disse Diniz, quando o atacante fez o gol sobre o Internacional, na semi da Libertadores.
O abraço longo, as palavras ao pé do ouvido e a emoção com John Kennedy instantes depois do apito final no Maracanã, confirmando a vitória sobre o Boca, mostram a profundidade da relação entre técnico e jogador. Agora, ambos têm mais motivos para festejar o carinho e a confiança mútuos.
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