Abel detona calendário, diz estar 'de saco cheio' e cobra mudanças

O Palmeiras assumiu a liderança do Campeonato Brasileiro ao vencer o Inter por 3 a 0, pela 34ª rodada. Após a partida, Abel Ferreira reclamou do calendário brasileiro, disse que está 'de saco cheio' e pediu mudanças.

O que aconteceu

Abel Ferreira adjetivou o calendário de jogos do Brasil como 'insano' e pediu atenção ao que acontece com jogadores e as reclamações dos técnicos.

Segundo ele, a sequência de jogos e as mudanças ocorridas com o torneio em andamento o deixam 'de saco cheio'.

O Palmeiras chegou a 62 pontos após o triunfo sobre os gaúchos e depende que Botafogo e Grêmio não vençam no domingo para seguir no topo.

É uma vergonha ter oito jogos seguidos com dois ou três dias de descanso. O Athletico perdeu três jogadores, hoje o Inter teve mais dois que se lesionaram. Será que isso não faz as pessoas refletirem? É uma vergonha o que fazem com os jogadores e ao futebol brasileiro. Tem público top, tem jogadores de grande qualidade que se esforçam para jogar de dois em dois dias, fazem o melhor que podem, mas é insano. Enquanto estiver no Brasil, sempre vão ouvir eu dizer isso. Gostem ou não, é minha opinião. Tudo que eu falo tem uma intenção: tornar o jogador brasileiro e o futebol brasileiro melhor. Se quiserem ouçam, se não quiserem, siga igual

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras.

Mudança e 'saco cheio'

Não é isso que eu quero para mim. "Estou de saco cheio. Faltam quatro jogos, estou cansado de muitos jogos seguidos. É muito jogo seguido, muita coletiva de imprensa seguida, muitas viagens seguidas. É chegar ao CT as quatro horas da manhã, decidir se volto para casa ou se fico ali mesmo. Não é isso que eu quero para mim".

Estou de saco cheio. "Agora temos 15 dias, uma semana para ficar tranquilos. Estou de saco cheio de jogos seguidos, viagens, marcam jogos, tiram jogos, o campeonato acaba no dia três, depois acaba no dia sete. Prestem atenção no que falam os treinadores brasileiros, portugueses, argentinos... Mas vocês (imprensa) preferem discutir outras coisas. E são responsáveis para que isso mude. Se critique jogadores, treinadores, mas também que se critique a organização. Se fazem isso, eu não ouço, mas tem que fazer mais porque quem manda ainda não ouviu. E se tem que mudar, mudem. É sinal que temos que melhorar".

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O que mais Abel Ferreira disse

Críticas dos torcedores: "Que torcedores está a falar? Destes que nos vêm apoiar ou daqueles que ficam em casa num computador, fazem um blog e criticam para influenciar os outros? Isso é o que eu digo aos meus jogadores. Não se deixem influenciar por torcedores que se calhar nem sócios são, nem Avanti são e ficam em casa e o que fazem é criticar. E esses torcedores, mas isso estamos a falar, são 3% dos torcedores".

Time merece estádio cheio: "A única coisa que eu lhes posso dizer é que uma equipa que está a lutar para ser campeã como a nossa, como a equipa do Palmeiras, merece um estádio cheio. Só isso que eu tenho a dizer. Uma equipa como o Palmeiras, que luta para ser campeão, merecia ter um estádio cheio. E nós nem no nosso estádio estamos a jogar".

Treinador frio: "Eu não sou brasileiro, eu sou europeu. Desculpem dizer-vos isto. Eu não sou brasileiro, eu não fui criado na escola de futebol do Brasil. Eu sou europeu. Eu sou muito mais. E quando vim do PAOK, aprendi no PAOK a ser frio. E aqui é tudo muito emocional".

Convocações para as seleções: "É a valorização do nosso trabalho, a valorização do trabalho do Palmeiras. Alguma vez na história do Palmeiras foram 6 jogadores chamados às seleções? Não sei. Depois tem o outro lado da medalha, que tu disseste, não vou poder treinar com estes jogadores, não vou, 15 dias até jogar o próximo jogo, há equipas que vão ter que fazer jogos mais cedo, eu dou-me muito mal a trabalhar com a desorganização e com a falta de rigor, dou-me muito mal".

Verticalidade do Palmeiras: "Quando falo na verticalidade, é no momento em que nós roubamos bola. Aí, nós temos três, quatro passes que temos que estar a fazer gols. E são comportamentos da nossa equipa quando ganha a bola. A primeira coisa que nós fazemos na transição ofensiva, é olhar para o que está a passar no jogo, é olhar para a frente. Isto na transição ofensiva, aí eu falo em verticalidade. Se nesse momento nós não tivermos condições de atacar, passamos para outro processo, que é o que vocês chamam aqui por ataque organizado".

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Briga pelo título: "O Botafogo ainda tem um jogo, dois. Então, neste momento é a única equipa que depende dela. É para vocês verem, eu estou tão preocupado com essas contas, que nem fiz essas contas. O que me preocupa é preparar a minha equipa e agora, que vai jogar o Botafogo x Bragantino, eles agora que se desenrasquem. É muito jogo seguido, é muita conferência de imprensa seguida, é muita viagem seguida, é chegar ao CT às 4 horas da manhã, é decidir se vou dormir a casa com a minha família ou se fico ali. Eu não quero isto para mim. Não é isto que eu quero para mim".

Jogar no Allianz Parque: "Eu só quero jogar no Allianz Parque. O Allianz Parque é a nossa casa, é ali que eu quero jogar. Agora, o que tem que fazer, isso não é problema meu. Eu só quero jogar em nossa casa. Eu quero que a direção e que te façam tudo, a direção, WTorres, não me interessa, que isso não é problema meu. Eu quero jogar no Allianz Parque, é só aí que eu quero jogar. Se vamos ganhar ou perder, não sei, lá é a nossa casa".

Fala de Renato Gaúcho: "Eu só queria agradecer publicamente o que o Renato Gaúcho disse. Ele falou num aspecto espetacular, que muitas vezes vocês da imprensa se esquecem, que é, estou a sair de um jogo, estou a vir de um jogo intenso, e vocês estão aí todos tranquilos. Um treinador sai dali com as emoções à flor da pele. E vocês têm, muitas vezes, que ter atenção nisso. E não têm. E felizmente que o Renato Gaúcho é um treinador que é verdadeiro, é genuíno, não engana ninguém, não é hipócrita, e disse realmente aquilo que aconteceu. Portanto, se havia uma equipa, eu disse que havia uma única equipa capaz de fazer isso. Agora digo, há duas capazes de fazer isso. Não há uma, há duas capazes de fazer isso".

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