Endrick queima etapas até na seleção e deixa sub-20 'na saudade'
Se estivesse com a galera da sua idade, Endrick não estaria em Teresópolis, com Vini Jr, Rodrygo e companhia. Mas, sim, na Indonésia. É onde a turma da seleção brasileira sub-17 busca o título do Mundial. Mas o atacante do Palmeiras é tão precoce que se tornou o primeiro jogador nascido em 2006 a chegar à seleção principal. O salto para estar entre os grandões remete, inclusive, ao que aconteceu com Pelé e Ronaldo.
Mas Endrick é assim. A seleção é só mais um lugar onde ele aparece entre os mais velhos. Já aconteceu na base do Palmeiras, quando atuava no sub-20 ainda aos 15 anos, e em outras categorias da base da própria seleção. Queimando etapas, ele deixou técnicos "na saudade".
Endrick até chegou a ser convocado para a sub-15, em 2021, com alguns dos jogadores que hoje estão no Mundial. Depois, passou pela seleção sub-17, já com gente mais velha que ele, em 2022. Foi campeão de um torneio na França.
Furacão Endrick
Aí, vendido ao Real Madrid, Endrick foi tão avassalador que nem passou pela seleção sub-20. Por mais que o técnico Ramon Menezes tenha tentado. O privilégio e a responsabilidade ficaram para Fernando Diniz.
"Não consegui tê-lo no sub-20 e agora no sub-23. Mas a gente fica muito feliz. É um jogador muito promissor. A gente acompanha e vê. Ele foi muito bem na seleção sub-17 com o Phelipe Leal. Ele é um ótimo garoto, merece o que está acontecendo na vida dele. Só o fato de ele ser convocado para a principal mostra muito a força desse atleta. A movimentação, a personalidade, definição de jogadas. É um jogador diferente. É bom vê-lo jogar", disse Ramon.
Uma das ocasiões na qual Ramon não conseguiu contar com Endrick foi no Sul-Americano Sub-20. O Palmeiras não liberou o jogador, mas pelo menos a seleção foi campeã - no Mundial, parou nas quartas de final.
"O importante é que ele está na principal e a gente fica muito feliz com isso também", acrescentou o técnico, que agora prepara o time sub-23 pensando no Pré-Olímpico.
Oscilação e decolagem
Endrick não teve em 2023 linear. Perdeu espaço no começo da temporada, oscilou, mas engrenou nesta reta final de Brasileirão a ponto de virar titular do Palmeiras em um novo desenho do ataque feito por Abel Ferreira.
"Para nós, que o acompanhamos também fora dos jogos, nunca existiu dúvida de que ele voltaria a atuar regularmente aqui, e de que quando isso acontecesse, ele fatalmente teria essa oportunidade e desafio. O quanto ele se prepara e trabalha para elevar o que é o seu máximo, foge por completo do padrão, mesmo entre os atletas de alto rendimento. Essa combinação de genética privilegiada e talento, submetida a máxima exigência e rigor, que ele mesmo propõe, faz com que todos queiram o ter em campo, mais cedo ou tarde", disse Thiago Freitas, diretor de operações da Roc Nation Sports no Brasil, empresa que gerencia a carreira de Endrick.
Fernando Diniz jogou contra o atacante no Fluminense e não titubeou quando teve a chance da convocação. O treinador já tinha se arrependido ao não dar espaço para outro atacante promissor — Vitor Roque, já vendido ao Barcelona. Ele fora chamado por Ramon à principal e quase entrou na lista em agosto, mas Diniz preferiu Matheus Cunha. Roque, posteriormente, se machucou e vai ter que esperar mais um tempo até voltar à seleção.
Endrick precisa mostrar serviço em um momento instável dos centroavantes brasileiros. Richarlison perdeu espaço após uma seca de gols. Gabriel Jesus está machucado. A concorrência na convocação atual é jovem e tem ainda Paulinho e João Pedro. A garotada será importante nos jogos contra Colômbia e Argentina, pelas Eliminatórias.
No caso do Endrick, é um jogador que tem potencial para ser um dos grandes talentos. Não sabemos se isso vai se confirmar. Não é pressão, é um prêmio e visão de futuro do que esse garoto pode ser. Menino é de 2006, produz bem há muito tempo e me chama atenção. Neste momento, vive melhor momento contra grandes equipes e vem conseguindo se sobressair. Convocação dele e de mais alguns aponta o que pode ser o futuro, confirmação vem com o tempo e depende de muitos fatores.
Fernando Diniz, técnico da seleção.
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