Mauro Cezar Pereira analisou no Posse de Bola que Fernando Diniz está brincando com o perigo ao tentar replicar na seleção brasileira o modelo de jogo do Fluminense. Para o colunista do UOL, o Brasil não pode ficar "tomando tamancadas" nas Eliminatórias da Copa de adversários tecnicamente inferiores.
'Brasil ficou muito vulnerável contra a Colômbia': "O primeiro ponto é ter um técnico dividido, qual foi a atenção que ele teve com a seleção brasileira nas últimas semanas, já que ele estava próximo da mais importante partida da história do Fluminense, que é onde ele trabalha? Eu acho que o Diniz repete um pouco do que fazia o Tite, que tinha uma maneira de pensar, aí surge um Vini Jr e ele reluta em convocar e escalar, porque não se encaixava no seu modelo. O Diniz tenta reproduzir o que ele faz no Fluminense, mas ontem só tinha dois meio-campistas, não tem como jogar assim, ainda mais sem treinamento, se você tem um time bem treinado, onde atacantes e pontas participam ativamente quando não tem a bola, pode ser, mas o Brasil ficou muito vulnerável ontem, o jogo inteiro a Colômbia finalizou mais que o Brasil. Até foi uma boa jogada o gol da seleção, mas foi aquilo ali e alguns minutos depois a Colômbia já tomou as rédeas do jogo. O Alisson defendendo as finalizações, a Colômbia chegando com perigo, o jogo inteiro foi assim e no segundo tempo mais ainda, o Diaz fazia o que ele queria. E alguns jogadores estão mal tecnicamente, o próprio Marquinhos não está numa boa fase, os laterais são muito fracos, individualmente não parecem ser jogadores com nível para seleção".
'Uma coisa é reformular, outra é tomar tamancada': "Para uma situação que você tem pouco tempo para treinar, em que você está envolvido com seu trabalho anterior, onde você é de fato o técnico do clube — porque ele é um interino na seleção, até que se prove o contrário —, deveria ter tido mais cuidados. Um time com meio de campo mais ocupado, com outra postura, não dá pra ser o 'Dinizismo' tão autoral sem o tempo necessário para fazer essas mudanças, porque ele precisa também de resultados para ter paz e trabalhar. O Brasil só não ficou em sexto ontem porque o Equador foi punido e perdeu três pontos no tapetão, senão o Brasil estaria atrás, a Venezuela tem mais pontos que o Brasil, isso tem impacto. Uma coisa é você fazer a reformulação, acho que é compreensível, outra coisa é fazer reformulação tomando tamancada direto. Mesmo que a geração não seja brilhante e não é, é evidente que ele tem jogadores nas mãos melhores que Paraguai, Venezuela, Equador, do que várias seleções. Ainda assim, tem duas derrotas seguidas e há o risco de perder mais uma para a Argentina".
'Diniz escolheu um caminho muito perigoso': "Ao mesmo tempo, você vê como o Bielsa transformou o Uruguai rapidamente, pode até ser que desande e perca o ritmo, mas neste momento, bem rapidamente, ele conseguiu algo interessante. Além da vitória sobre o Brasil, ontem o Messi jogou muito pouco, neutralizou bem as ações do craque argentino e ganhou por 2 a 0 lá, não foi por acaso, não foi casual, não foi do nada. Então, me parece que ele escolheu um caminho muito perigoso e se colocou como alvo de críticas porque os resultados sempre vão ter impacto. Seleção grande, time grande, perde jogos seguidos, não existe isso".
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