Como nasceu foto icônica de Endrick que lembra Pelé e virou quadro em casa
Uma comemoração caótica e um banco de reservas foram as plataformas para a construção da imagem mais icônica da carreira de Endrick.
A foto tirada em 2022 chamou tanto a atenção do jogador e da família que virou um quadro na varanda da casa deles, em São Paulo, e é o fundo de tela do celular de Douglas Ramos, pai do prodígio palmeirense.
A imagem deu corpo a uma comparação com Pelé, que vai além de elementos técnicos e do talento precoce no futebol. Ela é construída por meio de símbolos. No visual. Foi um gesto simples, com punho cerrado. De quem tirou a foto, veio a sacada para captar como a camisa amarela compôs tão bem o resumo das expectativas ao redor de Endrick.
Foi um momento inesquecível, vai ficar na memória da família, principalmente para mim, que estava lá. Foi maravilhoso. Por isso foi feito o quadro, para a cada dia a gente olhar e ver o quanto ele pode ser grande no futebol. Douglas Ramos, pai de Endrick
O que aconteceu
A foto mais viralizada é de autoria da agência Flash'Line. Mas a imagem foi democratizada em diversas lentes.
O cenário se montou em abril de 2022, quando a seleção sub-17 disputava o Torneio de Montaigu. O Brasil já estava há 38 anos sem ganhar a competição realizada na pequena cidade francesa.
As conversas sobre o futuro de Endrick, paralelamente, estavam em curso. O Real Madrid já costurava a contratação de mais um promissor atacante brasileiro.
Prestes a fazer 16 anos, Endrick se destacou. Empilhou gols — cinco, no total, balançando a rede em todos os jogos. Não por acaso, foi eleito o melhor jogador da competição e artilheiro.
A final? Contra a Argentina, mesmo adversário que a seleção principal terá pela frente, terça-feira (21), pelas Eliminatórias. A diferença é que na base a disparidade é melhor. A rivalidade pega fogo desde cedo.
O Brasil venceu os argentinos e a torcida presente invadiu o campo. Por mais organizado que seja, o torneio não tem uma estrutura de alambrado ao redor do gramado. Os torcedores também ficam próximos. Com a euforia da conquista pelo título e o frisson ao redor de Endrick, ninguém se segurou.
"Tinha muita gente no entorno do campo para torcer pelo Brasil e tirar foto. Quando acabou, todo mundo invadiu o campo. Sem controle, sem segurança. Todo mundo veio em cima dos meninos", lembra Bruno Pacheco, que foi o assessor de imprensa daquela seleção.
Entre pedidos de fotos e tentativas de conseguir peças do uniforme brasileiro como souvenir, a galera cercou Endrick. Sem se afobar ou se amedrontar com a intensidade do assédio sobre ele, um dos bancos de reservas se tornou a plataforma para que o atacante brasileiro tivesse uma visão diferente da comemoração.
Quando subiu, ostentando ainda a camisa 9 da seleção, ergueu os dois braços. Punhos cerrados e — pá — veio a imagem que o associou a Pelé.
Não foi nada planejado. A torcida da França que rodeou ele e colocou em cima do banco de reservas. Eu estava lá, eu vi. Para nós, da família, foi algo surreal. Não à toa fizemos um quadro lá em casa, na varanda, para a gente curtir a cada momento. A gente sabe que o futebol às vezes é ingrato. Hoje, faz uma partidaça. Amanhã, joga mais ou menos e a torcida já está criticando. Douglas Ramos, pai de Endrick
Pelé, a origem
A referência é a comemoração do tricampeonato mundial em 1970, no México, quando também rolou invasão de campo e Pelé foi carregado nas costas.
Endrick gostou da foto que tiraram dele na França, tanto que a postou nas redes sociais depois da conquista. Mas o pai, que assistiu in loco, foi além e decidiu exibi-la na parede de casa.
A comparação recentemente entre Endrick e Pelé voltou à tona por causa da roupa que o atacante do Palmeiras usou ao se apresentar à seleção principal pela primeira vez.
"A única coisa que eu acho meio desconfortável é a comparação. Não tem como querer comparar o Endrick com o Pelé. Ele mesmo falou que ele quer ser conhecido pelo que ele fez. Mas acaba virando um ícone, viralizando. Saber que meu filho fez um gesto que o Rei do Futebol fez e ganhar um título em cima da Argentina que há muito tempo o Brasil não ganhava, com gol dele... Querendo ou não acaba virando história", completou o pai do jogador.
Para o jovem palmeirense, fica o legado e o paralelo com alguém que, provavelmente, seja inatingível. Mas as fotos fazem o torcedor brasileiro — e do Real Madrid — sonhar.
"Os europeus em Montaigu se deslumbraram com Endrick pelo que ele mostrou em campo e não pelo que ele veste, pelo que ele faz nas suas horas vagas, ou por uma suposta semelhança física com Pelé. Única comparação que cabe entre os dois, é a relacionada a precocidade. Pelé fez o que ninguém tinha feito, e Endrick fez durante a sua formação o que ninguém fizera após Pelé. Mas o caminho de Endrick é muito longo, mal começou, e felizmente ele tem plena consciência disso. Nunca se deslumbrou, e age com uma naturalidade impressionante", disse Thiago Freitas, diretor de operações da Roc Nation Sports no Brasil, que gerencia a carreira do atacante da seleção.
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