A empregada doméstica brasileira que processou Neymar por exploração no trabalho detalhou à Record como foi mandada embora por funcionários da equipe do jogador em Paris. A mulher, que não teve identidade revelada, pede uma indenização de quase R$ 2 milhões na Justiça francesa.
Demissão em outubro de 2022
A brasileira chorou ao falar sobre quando foi mandada embora, em outubro de 2022, no que era, até então, um dia comum.
Na época, ela estava grávida do seu quarto filho, que nasceu prematuro.
A secretária me chamou e falou assim: 'aqui está seu pagamento, não precisa vir mais, resolva sua vida pessoal [a minha gestação]'. Eles mandaram eu buscar o meu dinheiro com o segurança da entrada principal. [Fiquei] sem apoio nenhum. Nisso, tive até minha luz cortada por uma semana Ex-funcionária de Neymar, à Record
Empregada detalha trabalho
Como chegou a Paris? "Em 2018, eu, meu ex-marido e meus três filhos viemos para tentar a vida aqui. Conheci uma amiga, e ela me indicou para trabalhar na residência do Neymar. Primeiro, foi na pré-festa da White Party que ele teve na residência dele com amigos íntimos."
-> Nota da edição: a "White Party" em questão, segundo a emissora, foi a festa de 27 anos do jogador, realizada em fevereiro de 2019.
Do trabalho provisório ao fixo. "[Me contrataram] para eu ser auxiliar do barman e auxiliar também da cozinha... para deixar tudo organizado. Quando eles me chamaram, era só aos domingos. Creio que eles pegaram confiança em mim. Eu ia lá só para fazer meu trabalho: cega, surda e muda."
-> Nota da edição: a brasileira disse que, em janeiro de 2020, foi convidada a trabalhar todos os dias na mansão
Detalhes do dia a dia. "[Eu era responsável pela] limpeza, por fazer cama... tudo relacionado à limpeza dentro da casa. A pedido deles, enquanto a casa estava ali funcionando, eu tinha que auxiliar quem estava precisasse. Precisava estar limpando. Já fiz a unha da mãe do filho dele [Carol Dantas]: quando ela vinha da Espanha, fazia as unhas dela. Uma vez, eu estava limpando a academia e me pediram para parar e fazer a unha da Bruna [Biancardi]. Eu parei, fiz e voltei aos meus afazeres."
-> Nota da edição: a funcionária diz que ganhava 15 euros (cerca de R$ 80) por hora e teria uma escala 55 horas semanais. Ela, no entanto, afirmou que chegou a fazer 70 horas semanais
Por que aceitou o cargo? "Eles me perguntavam [sobre ficar mais tempo na casa] e eu aceitava porque eu preciso — e precisava. Ser mãe solo com quatro filhos não é brincadeira. Em final de semana, eu trabalhava durante a noite. Como tinha que voltar no outro dia cedo, eu dormia lá. Só que nunca fui paga com adicional noturno. Eu fazia as minhas horas do jeito que pediam, mas eu não sabia disso."
Outro lado
Procurada pelo UOL quando a denúncia veio a público, na semana passada, a equipe de Neymar disse desconhecer o assunto e que o atacante não foi citado judicialmente. A reportagem entrou novamente em contato com o estafe do jogador na noite de hoje e aguarda retorno.
O processo contra Neymar
Neymar foi denunciado ao tribunal trabalhista de Saint-Germain-en-Laye, em Yvelines (FRA), por supostamente empregar ilegalmente uma funcionária em carga horária excessiva de sete dias por semana — e sem que ela tivesse a documentação necessária para residir no país. O caso foi publicado inicialmente pelo jornal Le Parisien.
Ela pede indenização de 368 mil euros (R$ 1,9 milhão, na cotação atual) e ameaça levar o caso ao tribunal criminal.
A brasileira trabalhou na mansão do atacante, localizada na cidade de Bougival, em Yvelines, a cerca de 20 km do centro de Paris. O terreno tem mais de 5 mil m² e o imóvel de luxo cerca de 780 m².
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Quero receberA mulher anotava suas horas trabalhadas em um caderno escolar tabelado. Ela acusa ainda não ter tido descanso ou férias remuneradas.
A brasileira diz que trabalhava mais de 20 horas a mais do que a jornada de trabalho padrão de 40 horas semanais para um empregado doméstico. O horário de trabalho alegado pela denunciante era de 9 horas por dia nos dias de semana, com mais 6 horas nas noites de sexta-feira e sábado. Aos domingos, ela trabalhava 7 horas por dia. O empregador nunca teria pago adicional por horas extras.
A mulher diz que recebia 15 euros líquidos por hora, cerca de R$ 80, durante a semana e nas noites de sexta-feira e sábado, e aos domingos, R$ 160 por hora, sem nunca ter tido acesso a recibos ou declarações de pagamento.
A brasileira recorreu a organizações francesas em meio a dívidas que acumulou após ter o seu 4° filho: ao Secours Populaire, associação francesa de caridade, e ao Restos du Coeur, organização que distribui alimentos
Ela também pediu ajuda à Femmes de la Résistance, uma associação que ajuda mulheres em situações precárias ou que são vítimas de violência doméstica.
*com informações da RFI e do Le Parisien
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