Golpes em Cristian, ex-Corinthians, passam de R$ 40 milhões, diz advogado
O advogado Luciano Santos Silva afirmou ao UOL que seu cliente Cristian Baroni, ex-Corinthians, teve prejuízo de mais de R$ 40 milhões após sofrer golpes de uma quadrilha liderada pelo seu ex-cunhado.
Golpes do ex-cunhado
A defesa de Cristian alegou que o ex-jogador foi vítima de um "golpe gigantesco" por uma quadrilha encabeçada pelo ex-cunhado, Fábio Martins. O valor, que girava em torno de R$ 26 milhões no ano passado, já beira os R$ 50 milhões, segundo o advogado.
Infelizmente, ele foi vítima de um golpe gigantesco. Estamos trabalhando para tentar reverter esses prejuízos, tentando reverter contra Fábio, a quadrilha e os bancos que foram usados para intermédio. Luciano Santos Silva, advogado de Cristian, ao UOL
O homem, que na época era casado com a irmã da mulher do ex-jogador, teria feito empréstimos bancários fraudulentos e hoje está foragido. Luciano Santos disse que, desde que deu entrada no processo, há mais de três anos, o ex-cunhado do campeão brasileiro com o Corinthians não é localizado pela Justiça.
Cristian conseguiu anular uma dívida de R$ 10 milhões no início de novembro. O colunista do UOL Rogério Gentile noticiou ontem que o ex-jogador provou que era uma fraude o termo de confissão de dívida assinado em 2016 por sua procuradora e cunhada, Natália Baroni, e teve ganho de causa — ela também foi vítima do golpe. O empresário Luiz Carlos Vaz é quem cobrava o valor após o termo de confissão de dívida assinado por Natália a pedido de Fábio.
Não foi só esse golpe que essa quadrilha que praticou contra Cristian. Teve outros, de outras naturezas, o prejuízo supera R$ 40 milhões, R$ 50 milhões. Empréstimos bancários, tudo sem lastro em beneficio do ex-cunhado, utilizando do prestigio e da notoriedade do Cristian para praticar golpes Luciano Santos Silva
O ex-meia registrou Boletim de Ocorrência, e um inquérito policial tramita em segredo de Justiça, de acordo com o advogado. A defesa de Cristian registrou ao menos cinco processos cíveis diante da situação.
O UOL não conseguiu contato com Fábio Martins. O espaço está aberto caso ele se manifeste.
O que mais o advogado de Cristian disse
Procuração revogada: "A cunhada tinha procuração para pagar condomínio e fazer aquisição de bens que ele estivesse previamente ciente. O que aconteceu foi que o ex-cunhado se utilizou, por ser casado com ela, para fazer em benefício dele. A procuração foi revogada imediatamente lá atrás".
Benefício do ex-cunhado: "Luiz Carlos Vaz [empresário que cobra a dívida de Cristian] relatou que emprestou dinheiro para Cristian em espécie. Só que isso nunca ocorreu. Foi assinado pela então procuradora, Cristian foi vítima de um golpe do marido da cunhada dele, irmã da esposa dele. Ela acabou assinando esse termo em benefício do ex-marido e foi vítima do mesmo golpe".
Dívida inexistente: "Nós provamos que Cristian não teve nenhum benefício financeiro com o termo de confissão de dívida assinado. A essência é falsa. Nunca existiu dívida. Então, se não tinha divida, não tinha que ter cobrança".
Simulação: "A pessoa que assume um termo de confissão de divida tem que ter recebido, e ele nunca teve um negócio com a parte contrária. Nunca teve nenhum benefício de nada. Termo sem lastro, sem motivação. Não tem fundamento, é simulação. Juridicamente totalmente nulo, isso que o juiz reconheceu".
Tese da defesa: "O que nós supomos é que existiu negócio entre esse ex-cunhado como credor e, para pagar essa dívida, ele fez com que tivesse assinado o termo, fazendo o Cristian ter uma dívida do Fábio".
Chance de recurso: "A sentença do juiz foi de muito bom senso, sensibilidade, reconhecendo a injustiça que foi praticada contra o Cristian. Tá no prazo para a outra parte recorrer, obviamente vai ter um segundo julgamento se aceitarem o recurso. Como a verdade do que aconteceu, que ele foi vítima do golpe, isso é indiscutível, estou muito confiante que a sentença será mantida".
Dívida simulada
Cristian assinou procurações quando jogava no exterior para que a cunhada e os sogros administrassem seus bens no Brasil. Os documentos foram outorgados quando ele atuava na Turquia, pelo Fenerbahce, para fazer pagamentos e aquisições que o meio-campista estivesse ciente.
O ex-jogador foi alvo, em 2020, de processo de cobrança de uma dívida de R$ 3,6 milhões com um empresário. Na ação, Luiz Carlos Vaz apresentou um termo de confissão de dívida e disse ter dado dinheiro em espécie. Segundo o advogado de Cristian, o termo estipulava juro de 2,5% ao mês mais correção monetária.
A cunhada depôs que assinou o documento sem ler e que estava acompanhada do marido, Fábio. Ela relatou que o então companheiro, de quem se separou em janeiro de 2018, chegou a se apropriar de talões de cheques de Cristian e que realizou compras de imóveis.
O advogado argumentou que o ex-Corinthians não teve nenhum benefício financeiro e que, portanto, não existia nenhuma dívida. A tese da defesa é que o ex-cunhado fez algum negócio com o credor, e que fez a esposa assinar o termo para pagar a dívida que tinha.
O juiz Marcelo Andrade Moreira deferiu o pedido de Cristian e anulou a dívida, analisando que a operação foi simulada. Ele disse que o empresário não soube justificar a origem do débito e que não provou que negociou diretamente com o jogador.
O empresário ainda pode recorrer da decisão. A defesa de Luiz afirmou à Justiça que o negócio é perfeitamente válido e que preencheu todos os requisitos legais.