Diniz compara e defende estilo após vitória do Flu e derrota da seleção
O técnico Fernando Diniz aproveitou que dirigiu seleção e Fluminense por dois dias seguidos para analisar e defender pontos de vista relativos a estilo e proposta de jogo adotados nas duas equipes.
Seja provocado por alguma pergunta ou mesmo de forma orgânica, os assuntos se uniram na coletiva após a vitória sobre o São Paulo, pelo Brasileirão, por 1 a 0.
Apesar de ter vencido pelo Flu e perdido com a seleção, Diniz entendeu que o Brasil nesta semana reproduziu mais fielmente o que ele pensa sobre futebol do que o próprio time tricolor. Inclusive, a vitória magra de ontem (22), na visão dele, foi afetada pela expulsão de um jogador são-paulino ainda no primeiro tempo.
Como conceito de jogo e modelo tático, Diniz desafiou a imprensa que o questiona pela formação com dois meio-campistas de ofício. Ela pode variar do 4-2-4 para o 4-4-2, dependendo da fase do jogo (defensiva ou ofensiva).
O modelo é adotado em alguns jogos do Fluminense e deu certo na fase decisiva da Libertadores, embora a formação mais usada tenha três jogadores com características mais de meio-campo.
Na seleção, o setor teve nos últimos jogos a dupla André e Bruno Guimarães, repetindo o que Diniz adota quando usa Cano e John Kennedy juntos no ataque tricolor e tem Arias e Keno abertos.
"O futebol mudou. O preenchimento do meio do campo não se dá porque tem um jogador da posição. Você preenche quando a gente volta. Contra a Argentina, que horas que o meio-campo não ficou preenchido? Estava todo mundo ali perto. Não é um jogador ou outro que faz meio-campo. É um sistema", disse o treinador.
Diniz citou nominalmente os jogos da Libertadores para apontar incoerência na análise de parte da imprensa sobre o equilíbrio do meio-campo. Ele contesta a crítica de quem espera um resultado de um jogo específico para apontar um enfraquecimento do setor, dependendo da quantidade de jogadores escalados que são originalmente volantes/meio-campistas.
"Muitos de vocês gostam de falar em solução fácil para problemas complexos. Por exemplo, jogamos contra o Olimpia, aqui e lá, com o Ganso de segundo volante e John Kennedy na frente. Ganhamos aqui e lá. Contra o Inter, estávamos jogando melhor e tivemos um jogador expulso e a crítica era que o time estava desguarnecido porque jogou dessa forma. Lá, contra o Inter, jogamos com um volante a mais e tivemos um péssimo primeiro tempo. Tiramos e colocamos o John Kennedy. Isso se estende na seleção. Houve o mesmo tipo de análise, sendo que na Copa do Mundo o Brasil jogou com Paquetá, Neymar, Vini Jr, Raphinha e Richarlison", completou o treinador.
O meio-campo do Flu no futuro
Olhando para o Fluminense atual, Diniz já se prepara para ficar sem André na próxima temporada e vê como relevantes as consolidações de Martinelli e Alexander nesse setor que demanda versatilidade. Os dois, inclusive, podem atuar na linha defensiva. Martinelli como zagueiro. Alexander, lateral-esquerdo.
Por outro lado, a saída de André indica o amadurecimento de um jogador com projeção para ter vida longa na seleção brasileira — por mais que o contrato de Diniz vá até 5 julho de 2024.
Independentemente de nomes, Diniz se mostra firme com suas convicções e disposto a manter um debate sobre como enxerga e aplica suas ideias a respeito do jogo.
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