O jornalista Marco Antônio Rodrigues contou no Fim de Papo histórias sobre o ex-treinador Rubens Minelli, que morreu hoje aos 94 anos. Ele narrou como foi acompanhar o jogo do título brasileiro de 1977 do São Paulo ao lado de Minelli — um técnico à frente de seu tempo em relação ao trabalho tático no futebol brasileiro.
'Minelli era um treinador essencialmente tático': "Eu trabalhei muito com o Minelli como repórter do Jornal da Tarde, da Folha de S. Paulo, e tive até uma amizade pessoal com o Doutor Rubens Francisco Minelli. Formado em economia, tinha um grande papo, uma pessoa culta, um treinador essencialmente tático. Acompanhei toda a formação daquele time maravilhoso, um dos melhores times para mim da história, que ele montou no Internacional em 1975 e 1976 e foi bicampeão brasileiro. Em 1977, o Minelli foi tricampeão brasileiro com o São Paulo e eu tenho algumas historinhas para contar dele".
'Ele cantou o jogo inteiro o que ia acontecer': "O Minelli estava suspenso, não podia ficar no banco e ficou numa cabine isolado lá em cima no Mineirão, uma cabine pequena. Eu como tinha muita conversa com ele, vi ele subir, fui atrás, ele entrou na cabine e eu quis entrar. Ele me viu e falou: 'Pô, você de novo?'. Ele estava muito nervoso e falou: 'Entra, assiste, mas não dá uma palavra comigo, não fala nada, depois você escreve o que você quer'. E eu assisti o jogo todo com ele, a prorrogação e os pênaltis, até o São Paulo ser campeão. Durante o jogo, era impressionante, ele tinha um microfone que ele falava com o auxiliar e com o preparador físico e ele cantou o jogo inteiro o que ia acontecer".
'Grande Rubens Minelli!': "Ele cantou o jogo inteiro como ele conseguiu bloquear o time do Atlético-MG, que era muito melhor que o São Paulo. Na classificação geral, o Atlético-MG tinha mais de 15 pontos que o São Paulo, mas no mata-mata o São Paulo chegou à final. Ele armou um esquema super defensivo, o São Paulo tinha um time muito limitado, mas ele cantava o jogo. Tinha um escanteio, ele gritava que a bola ia para o Bezerra — 'a bola é do Bezerra, a bola é do Bezerra' —, e não dava outra, o Bezerra subiu de cabeça, era um quarto zagueiro canhoto que subia muito de cabeça. O jogo inteiro, o Atlético-MG tinha Paulo Isidoro, Toninho Cerezo, João Leite, acho que o ponta-esquerda era o Éder também, aí ele botou o Perez, que era um jogador muito contestado, mas marcava muito, era valente — 'o Perez tem que grudar no Ângelo, que pode ganhar o jogo, não desgruda'. O Perez ouviu a preleção, entrou, marcou o Ângelo e o São Paulo conseguiu segurar o Atlético-MG, foi para os pênaltis e o São Paulo ganhou. Ele suava, transpirava, camisa molhada, não falava nada comigo, chutava parede, era uma coisa impressionante. Grande Rubens Minelli!".
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