Quem é, quais os desafios e o que defende o novo presidente do Corinthians
Augusto Melo reuniu a oposição e grande parte da torcida, desbancou o grupo da situação e venceu com folga as eleições do Corinthians. Agora, o novo presidente do clube terá desafios a encarar e promessas a cumprir durante o triênio 2024-2026.
Quem é ele
Augusto Melo tem 59 anos e é do Paraná, mas veio para São Paulo ainda jovem e se enraizou em Artur Alvim. Ele é sócio do clube há mais de quatro décadas e chegou a jogar futsal, sendo federado na modalidade.
O novo mandatário já foi assessor das categorias de base do clube. Ele, inclusive, ocupou o cargo durante a gestão de Roberto de Andrade, do grupo político Renovação e Transparência, liderado pelo ex-presidente Andrés Sanchez e que foi derrotado no pleito deste ano.
Melo virou oposição em 2017, logo após ter deixado a base. Sua consolidação como contrário à situação veio na eleição de 2017, quando foi vice de Antonio Roque Citadini, e passou a mirar mais alto.
O caminho até a vitória na eleição
Ele ganhou apoio para concorrer à presidência e ficou em segundo na campanha eleitoral de 2020. Na época, o então candidato foi derrotado por apenas 145 votos por Duilio Monteiro Alves.
A partir de então, intensificou sua presença na vida política do clube. Melo passou a ir diariamente ao Parque São Jorge, frequentar todos os departamentos e a ouvir os sócios sobre suas necessidades. Assim, se tornou figura conhecida entre os associados.
Augusto costurou apoio com diferentes alas da oposição e atraiu dissidentes para conseguir se eleger. Um de seus principais articuladores foi o conselheiro vitalício Rubens Gomes, vice-presidente de futebol do Corinthians em 2007, durante o último ano de gestão de Alberto Dualib.
Fora do futebol, ele também é empresário do ramo têxtil. Seu discurso durante a campanha foi o de tratar o Corinthians como uma empresa.
Maiores desafios
Augusto Melo surge como a grande esperança de parte da torcida por mudanças após 17 anos de um grupo no poder. A Renovação e Transparência comandava o clube desde 2007, quando Andrés se elegeu pela primeira vez.
Ele terá que corrigir os rumos no futebol. O último título do Corinthians foi em 2019. Apesar de ter uma das maiores folhas salariais do país, o time acumula resultados decepcionantes nos últimos anos.
E também vai precisar "ajustar a casa" financeiramente. O clube prevê terminar 2023 com a dívida na casa dos R$ 900 milhões, mas tem um acordo alinhado para a quitação da Neo Química Arena.
O futuro presidente vai assumir com um voto de confiança e de paz com a torcida, que pode não perdurar. A Gaviões da Fiel, principal organizada do clube, apoiou sua candidatura diante da possibilidade de vencer a situação, mas seguirá fiscalizando e promete se virar caso os rumos não sejam diferentes.
Melo também terá um Conselho Deliberativo dividido em sua gestão entre os conselheiros trienais — além deles, o clube tem outros 100 conselheiros vitalícios. Apesar da derrota da situação, o grupo político de Andrés elegeu quatro das oito chapas, e o número de novos conselheiros estará rachado ao meio: 100 para cada lado (25 vindo de cada chapa). O primeiro teste para saber a nova configuração da política interna será a votação para a presidência do conselho, que ocorrerá no início do ano.
"Choque de gestão" e nome forte para o futebol
Augusto diz que dará o "maior choque de gestão já visto". Em suas primeiras palavras após ter vencido, ele afirmou que fará uma reformulação e colocará pessoas técnicas, os chamados profissionais de mercado, à frente do clube.
Podem esperar o maior choque de gestão já visto. Pessoas técnicas, não abrimos mãos. Amigos são da porta para fora.
Ele disse que irá "agressivo" atrás de um "grande executivo de futebol" e montar um time para ganhar tudo. O novo presidente contou que monitorou nomes, mas que esperou ser eleito para fazer proposta.
Agora, como presidente, podemos tratar. Monitoramos, mas não fomos atrás de ninguém. Estávamos monitorando sem proposta. Agora, sim, como presidente, serei agressivo. Vamos partir para cima para ter um grande time. Não abro mão de um time para ganhar tudo. Vamos atrás a partir de amanhã de um grande executivo de futebol para profissional e base.
Melo tem como promessa de campanha expandir a Neo Química Arena. Ele deseja aumentar a capacidade para mais de 68 mil lugares, alegou que já conversou com as autoridades públicas e com empresas privadas e que vai buscar investidores para viabilizar o projeto.
Queremos aumentar a Arena com 68 mil torcedores, e lotaria com 80 mil, 100 mil. Aumentar a parte sul e norte. Queremos conforto com ingresso popular e maior público, sem o Corinthians aumentar um real. Já conversei no Palácio do Governo, tudo liberado, alicerce pronto. Seria um contrato de troca de propriedade. Se construímos para a Copa, por que não agora? Procuramos órgãos públicos, conversei com três empresas, vamos vender a marca para ampliar em troca de 10 anos da exposição, agora é achar um investidor para trocar propriedade Augusto Melo, em entrevista ao UOL, antes da eleição
Ele também entende que a Liga de Clubes é importante, mas pondera que ainda não vê uma "consciência de grupo entre os clubes". Augusto pretende colaborar na criação da liga e vê o posicionamento do presidente do Corinthians como uma referência para os demais, mas defende que é necessário cuidado para não fechar contratos que possam deixar os times fragilizados na negociação para não se arrependerem depois.
As chapas eleitas para o Conselho
- Preto no Branco (452 votos) - Apoiou André Negão
- Salve o Corinthians (355 votos) - Apoiou Augusto Melo
- Paixão Corinthiana (324 votos) - Augusto Melo
- Movimento Corinthians Grande (298 votos) - Augusto Melo
- São Jorge (297 votos) - Augusto Melo
- Fiéis Escudeiros (287 votos) - André Negão
- Tradição Corinthiana (283 votos votos) - André Negão
- Renovação e Transparência (279 votos) - André Negão