Duilio 'escanteado' e tensão no ar: como foi a eleição no Corinthians

Andrés Sanchez, por outro lado, ficou longe de ser mero coadjuvante. Principal nome do grupo político Renovação e Transparência, que tentava se manter no poder, o ex-presidente foi um dos mais requisitados, era tido como um trunfo para "virar" a eleição convencendo sócios indecisos aos 45 do segundo tempo e também protagonizou o maior momento de tensão do dia, após discutir com um opositor — em confusão que se dissipou tão rápido como havia estourado.

Já André Negão podia ser a grande estrela, mas acabou tendo uma saída nada triunfal. O candidato da situação se sentia em casa e transitava livremente, mas foi perdendo o brilho conforme o resultado se mostrava desfavorável a ele e foi embora por uma saída lateral enquanto as urnas ainda eram apuradas, mas já indicavam que a derrota era iminente.

Neto, por sua vez, deu um show à parte. Um dos apoiadores de maior expressão de Augusto Melo, o ex-jogador roubou os holofotes durante o pouco tempo em que apareceu na votação, teve tratamento de camisa 10, projetou sua candidatura em 2026 e só não marcou um golaço porque não foi reeleito conselheiro — sua chapa, a Liberdade Corinthiana 21, ficou como suplente no Conselho, embora ele possa concorrer à presidência mesmo assim.

Climas diferentes

Enquanto a atmosfera fervia do lado de fora, o clima era ameno dentro do Parque São Jorge. Se não fossem os 270 seguranças privados contratados para o evento e o grande contingente de policiais nas ruas, nem pareceria que o dia anterior havia amanhecido com os muros pichados e balas alojadas na fachada da sede.

Apesar da polarização, os sócios divergentes dividiam o mesmo espaço sem grandes atritos. O ginásio da votação foi palco de um festival de apertos de mãos, sorrisos, abraços e tapinhas nas costas entre apoiadores e opositores de ambos os lados. Às vezes nem parecia que tudo poderia ruir a qualquer momento

Havia, no entanto, o temor de que uma vitória da situação pudesse virar uma fagulha. A Gaviões da Fiel, principal organizada do clube, declarou apoio a Augusto para destituir o grupo da situação, fez uma convocação geral e os organizados compareceram em peso. Na porta, protestaram sob chuva e não pouparam André Negão, Andrés Sanchez, Duilio, nem os jogadores.

A tensão foi se dissipando à medida que o otimismo da oposição aumentava. Os apoiadores de Augusto Melo começaram vibrando após cada anúncio de apuração das urnas, mas foram se "cansando" com a goleada e guardaram o êxtase final para quando o candidato adversário deixou o local. A notícia da queda da situação foi muito festejada nas dependências internas e externas do Parque São Jorge e evitaram que uma tentativa de invasão pudesse ocorrer.

O candidato vencedor foi se encontrar com o povo na comemoração. Ele caminhou, escoltado pela legião de apoiadores, até os torcedores que aguardavam na rua, usou o portão de alambrado para extravasar e ter seu primeiro contato com o bando de loucos como novo presidente do Corinthians. Ele agora inicia a transição e assume o cargo no início de janeiro.