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Chicão quer usar experiência em campo para ajudar a base do Corinthians

Chicão, ex-zagueiro do Corinthians, em curso na CBF Imagem: Reprodução/Instagram do Chicão

Do UOL, em Santos

28/11/2023 04h00

O ex-zagueiro Chicão, ídolo do Corinthians, quer usar a sua experiência de campo em seu cargo na gestão de Augusto Melo: coordenador da transição entre base e profissional.

O que aconteceu

Ele será responsável, principalmente, pela promoção de jogadores da base para o profissional, seja para treinamentos ou em definitivo. Sua atuação será direta com Mano Menezes.

O defensor de sucesso espera que sua experiência como boleiro, somada ao curso de treinador da CBF, ajudem o Corinthians a revelar e também perder menos destaques de sua base.

Chicão, aos 42 anos, está com Augusto Melo, novo presidente do Corinthians, desde a penúltima eleição, em 2020. A nomenclatura do cargo não está definida, mas a função está clara.

Eu tenho que ser um chato do bem. Não dá para chegar na perfeição, mas dá para chegar próximo, e os meninos não podem achar que o melhor jeito do futebol é treinar no CT um dia antes e jogar apenas. Futebol tem um processo, você precisa trabalhar a semana toda para chegar no final de semana, tem que estar preparado para aquele jogo.

Chicão, em entrevista ao UOL

Veja todas as respostas de Chicão na íntegra

Sentimento com a vitória de Augusto Melo na eleição

"E o sentimento é um sentimento de felicidade. Felicidade porque o Augusto é um cara que merece, o clube merece trabalhar com Augusto. E o sentimento que eu tenho hoje realmente é de alegria, felicidade, poder dividir com a família. Alegria, felicidade, poder dividir com a família nesses momentos, isso é o mais importante".

Confiança no Augusto Melo

"É, eu confio há um tempo, né? Eu ajudei ele desde a outra campanha. Então, ao longo desse tempo, a gente vai criando uma confiança. Acho que isso é interessante. Quando você confia na pessoa, você acredita nela. Que ela vai poder fazer o melhor pro clube. E o Augusto me passou muito isso, me passou muita segurança de que é um cara sério, que é um cara que quer trabalhar. É um cara que pensa realmente no clube".

Sabia há um tempo que teria cargo se o Augusto vencesse?

"Não, eu não sabia. De verdade, não sabia. Começou alguns boatos, algumas coisas, aí a gente começou a entender um pouquinho, né? Mas é isso, é fazer essa transição aí, cuidar dos meninos, porque é importante você ter alguém que frequentou o vestiário, que entende um pouquinho do campo. Por que eu falo isso? Porque, realmente, você perde muitos meninos na base, né? Naquela período de transição, na base-profissional, você acaba perdendo muitos meninos. Talvez por um problema seu familiar, de repente por um problema pessoal, com meninos passando algo em casa. Então, a gente vai estar ali pra fazer isso, para fazer essa transição e realmente trabalhar em torno do clube".

Quando saber que um garoto está pronto?

"Eu acredito muito que vai ser na convivência. Eu acho que na convivência você vai pegar algumas coisas, né? Como o menino está, como está chegando pra treinar, se está feliz. Porque tem muitas dessas coisas, né? Às vezes o cara está com um problema familiar e naquele dia não consegue desempenhar. E se você não trabalhar, não conversar com o menino, é o que eu te falei. A gente pode perder esse timing. Eu lembro que eu mandei um mensagem uma vez com o Pedro Henrique, que hoje está no Athletico. Mandei para ele quando falhou num jogo contra o Atlético-MG, que saiu chorando. Pedi o telefone dele. Falei, faço questão de mandar uma mensagem para ele, porque nesses momentos a gente não pode perder o garoto. Então eu fiz questão de mandar uma mensagem para ele, falando que eu, Chicão, já passei por alguns momentos assim também, já errei. São os grandes zagueiros que erram. E ele falou que foi uma das mensagens mais importantes que ele recebeu. Então para você ver o tamanho da responsabilidade que a gente tem".

E quando o jogador fica "mala"?

"Porque o menino vai lá, é o que você falou, treina bem, se destaca, entra no jogo, faz um gol, de repente já vira, fica todo mundo em cima do garoto, tem matéria para lá, matéria para cá. E se não tiver esse cuidado, é o que eu sempre falo, a gente não pode é queimar etapas para não queimar o jogador. E também quando tiver jogando lá, tentar o máximo possível segurar quando ele não fica com essa perna.

É difícil, né?

"O futebol, não só do Corinthians, mas no geral, ele oferece muitas coisas, né? Balada, noitada, mulherada, e é onde eu entro com aquela situação. Se não tiver uma estrutura, se não tiver o pessoal por trás para poder ajudar, segurar, se tiver que dar bronca, vai ter que dar bronca, a hora de elogiar, tem que elogiar, mas esse cuidado nós vamos ter que ter muito, é muito importante nessa transição. Como eu falei, eu já vi muitos garotos não darem certo, justamente por isso. Faz um jogo bom no profissional e depois o cara some".

"Às vezes eu acho que é uma questão de pressão mesmo. E é onde que entra o papel do Chicão. A transição. Deixar fazer o treino do profissional, chamar no campo, bater um papo, explicar que eu já passei também por muitas coisas na carreira. Tem como estar ao lado dos jogadores".

Tem que cobrar também?

"Eu tenho que ser um chato do bem. Não dá para chegar na perfeição, mas dá para chegar próximo, e os meninos não podem achar que o melhor jeito do futebol é treinar no CT um dia antes e jogar apenas. Futebol tem um processo, você precisa trabalhar a semana toda para chegar no final de semana, tem que estar preparado para aquele jogo. Não é da noite para o dia que você vai ter um batedor de falta bom, que vai bater um pênalti bem. Não, você precisa trabalhar, existe um processo e eles vão ter que ter essa paciência. Se tiver que cobrar eu sempre falo assim, tem que entender a personalidade das pessoas. Se você cobrar na frente de um grupo mais forte, você perde o garoto. Tem outros que se você cobrar na frente do grupo, reage melhor. A gente vai ter que estudar essa parte de um por um de personalidade dos meninos para gente poder entender bem.

O que você vinha fazendo?

"Fiz o curso da CBF de treinador e acompanhei alguns clubes, mas eu não tirei fotos. Fui a clubes para entender algumas coisas".

Você é discreto, né?

"Eu acho que eu cheguei oonde eu cheguei justamente desse jeito. Eu sou um cara muito observador e antenado em muitas coisas. Eu acho que tem que ter discrição. Quem vai aparecer? O Chicão? Não, é quem vai jogar. São os meninos. Eu já tenho essa consciência que, se eles fizerem bem, automaticamente o Chicão também vai fazer. Claro que eu acompanho jogo, vou na arena, vejo outros times como Palmeiras e Fortaleza".

Vê a base também?

"Não, jogo de base não. Agora que começaram a transmitir melhor, dar um pouco mais de atenção. É difícil de ver. Sub-13, sub-15, ninguém sabe nada, é impossível. Tem que ver treino. A gente vai acompanhar a Copinha, não sei ainda se in loco ou pela televisão, preciso falar com o presidente".

Mudanças até a Copinha?

"Não, não dá para fazer isso. Está muito em cima. Como é que você vai fazer uma mudança radical assim sendo que está no meio do campeonato? Aí você começa a bagunçar. A minha ideia é analisar com calma. Eu não posso fazer nada na emoção, senão acaba prejudicando a gente".

Qual vai ser exatamente a sua função?

"Cuidar dos garotos na fase de transição, que é o que eu te falei: é um momento delicado da carreira. Além disso, o presidente entende que é importante ter um cara da bola no CT, ainda mais um cara que venceu. 20 anos de futebol, seis no Corinthians. Então eu conheço o ambiente do clube, mas a função principal é essa aí, essa transição entre garotos que vai ser um coordenador entre base e profissional".

Relação com o Mano

"De alguma forma eu acho que, pelo que eu construí no clube, eu tenho uma liberdade para falar com todos. Eu acho que, por exemplo, vamos supor que o Lucas Veríssimo erre em um gol. Então eu posso falar: 'Lucas, o que aconteceu naquele gol lá? Posso te explicar o que eu vejo de fora?'. Se precisar, a gente faz isso também. Se eu tiver assistindo o treino ao lado do Mano, se precisar vou estar à disposição.

5 a 1 para o Bahia

"Particularmente me senti envergonhado, claro, e se eu me sinto envergonhado os outros também sentem a derrota ou deviam sentir. Então a gente não pode aceitar uma derrota de 5x1 e não explicar para o torcedor. Eu particularmente acho que assessoria de imprensa tem que colocar o jogador para falar. Eu acompanho muito pela imprensa e vejo essa situação. De repente os caras pararem lá um pouquinho, passar uma mensagem para o torcedor".

Os jogadores precisam treinar mais as cobranças de faltas?

"Sim, e não é um problema do Corinthians. Difícil ver gol, uma cobrança bem batida. Eu por enquanto não acompanho o treinamento e vou dar um exemplo que eu vi esses dias no Instagram do Corinthians. Eles postaram o Romero batendo uma falta, um golaço. Chegou no jogo, bateu o Fagner. Por quê?".

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