Brasil x Japão: torcida critica data, elogia Arthur e se divide sobre Marta
Um misto de desânimo com o horário de Brasil 4x3 Japão, otimismo com a seleção de Arthur Elias e dúvidas sobre Marta marcou o clima entre torcedores antes do amistoso feminino entre os países, ocorrido ontem em uma pouco lotada e quente Neo Química Arena. A partida começou às 15h15 (de Brasília) e foi vista por 7 mil pessoas, que testemunharam Priscila decidir o duelo com um golaço nos acréscimos.
Horário e clima prejudicam
Edson Oliveira espalhou, quase que em vão, alguns de seus artigos no chão a poucos metros da entrada do setor Leste. O ambulante havia vendido apenas uma camiseta a uma hora do apito inicial. "O horário não ajuda", lamentou ele.
Entre os torcedores, a reclamação era a mesma. "Deveria ser mais tarde, principalmente para esperar o sol baixar", disse o administrador Fábio Nobre. "Poderia ser na sexta-feira à noite ou sábado à tarde. Isso distancia o público", prosseguiu o dentista Cláudio Kawanami, que "matou" o trabalho para acompanhar as brasileiras ao lado do pai, da esposa e do filho.
A massoterapeuta Ivy Azevedo também lamentou as condições do amistoso e mostrou preocupação com o futuro do calendário. Ela, que tem 49 anos, chegou a atuar como jogadora nos anos 2000.
Essa questão de horário tem que ser revista. É complicado. Hoje, até que passa. Mas e o horário de domingo [próximo jogo do Brasil], às 11h? Se continuar neste esquema, daqui a pouco ninguém vai querer vir jogar aqui no Brasil, vamos ter que mandar a seleção para lá. Nós estamos acostumados com o calor, mas as japonesas não, nem as europeias. Ninguém quer jogar em um sol deste. Para o produto, muita coisa tem que ser revista Ivy Azevedo
Otimismo com Arthur Elias
O novo técnico da seleção foi bastante elogiado por torcedores antes de a bola rolar. A ex-técnica Pia Sundhage, por outro lado, não deixou muita saudade para alguns — incluindo a médica Leticia Pacolla, que aproveitou o dia de férias para curtir Marta e companhia apesar do horário "péssimo", e o professor Fernando Pilan, que levou esposa e filha para o duelo.
Acho que ainda vai um tempinho para o Arthur Elias conseguir harmonizar as coisas, mas vai melhorar. Estou esperançosa com a seleção, o Arthur veio com convocações melhores, não gostei muito da convocação feita pela Pia para a Copa do Mundo. O trabalho da Pia não foi legal, ela queimou muita substituição, tinha muita menina que não tinha necessidade de estar, não gostava do esquema tático Letícia Pacolla
O Arthur Elias vai melhorar a seleção, ele é um técnico muito bem preparado e não chegou à toa neste cargo. É um vitorioso com o time do Corinthians e, dentro das nossas condições, ele é o melhor nome para comandar a seleção Fernando Pilan
Palmeirense "infiltrada"
A seleção feminina levou até mesmo Gislaine Ferreira, que se classifica como "palmeirense verde", à Neo Química Arena. Para ela, que trabalha com familiares e tirou uma folga, o apoio ao elenco do "desconhecido" Arthur Elias deve partir de torcedores de qualquer time.
Independentemente de Corinthians, Palmeiras ou qualquer outro, temos que apoiar o Brasil. Para ser sincera, não conheço o Arthur Elias, mas acho que as meninas do Corinthians que foram convocadas estão voando, elas ganharam tudo. Então temos muita gente nova Gislaine Ferreira
E a Marta?
Atual reserva no time de Arthur Elias, a rainha da seleção entrou no 2° tempo, mas não conseguiu protagonizar grandes jogadas em meio ao calor. Os torcedores ouvidos pela reportagem se dividiram quanto ao futuro da camisa 10.
Ainda dá para a Marta jogar mais um pouco, mas para a próxima Copa acho que não Letícia Pacolla
Largar o futebol é difícil. Se ela conseguir ir até as Olimpíadas, tudo bem, mas é o que dá para ela. A gente tem que reconhecer: ela é espetacular, mas há coisas que pesam. Com a exigência do futebol hoje, o físico não acompanha mais Ivy Azevedo
Eu acho que ela para depois das Olimpíadas, mas eu a convocaria até a próxima Copa do Mundo Fernando Pilan
O trabalho do Arthur Elias vai dar certo, mas eu não deixaria a Marta nem para as Olimpíadas, tem que dar chance para o pessoal novo Cláudio Kawanami