Ele estava no topo da arquibancada do portão 6 do Heriberto Hulse em 2002 quando o Criciúma conseguiu o acesso para a Série A. 21 anos depois, já consagrado e com bagagem no futebol, Eder voltou para casa e conseguiu repetir o feito muitos degraus abaixo: no gramado e sendo fundamental na campanha que colocou o Criciúma de volta na elite do futebol nacional.
Sonho realizado. "Muitos jogadores têm esse sonho, né? De voltar pra ali, de vivenciar tudo o que viveu como moleque, né? Eu morei embaixo da arquibancada, eu estava lá no jogo do acesso, torcendo em 2002, depois agora, sair, viver 18 anos fora, voltar e acontecer tudo o que aconteceu. Um sonho incrível, né?", disse Eder em entrevista ao UOL.
Lembranças daquele dia. "Eu lembro que eu estava sentado no aquecimento agora do último jogo, eu olhando lá pro Portão 6. Naquele dia, em 2002, eu estava sentado lá em cima. Naquela época passava o sonho na cabeça. Na época tinha 14 anos, tinha aquele sonho de um dia virar profissional. Voltar e conseguir ter um acesso assim, com o clube que me formou, com o carinho que tenho pelo Criciúma, por tudo que fizeram por mim, me colocaram na vitrine do futebol. Retribuir um pouco a eles foi muito gratificante".
Jogaria de graça. "Quando o presidente veio falar comigo, eu mesmo falei pra ele que não precisava nem de salário pra voltar. Mas ele disse não, falou do reconhecimento que tem comigo e tal. Mas nunca foi um problema, vamos dizer assim. Agora, o presidente queria dobrar o salário, dobrar o contrato. O ponto não é isso, o ponto é, preciso saber se eu quero continuar jogando".
Classificação e jogos
Projeto e futuro
Eder assinou por dois anos com o Criciúma, mas não sabe se seguirá em campo na próxima temporada. Aos 37, ele tinha decidido se aposentar dos gramados, mas voltou atrás para ajudar o clube que o revelou para o futebol. Agora, pode decidir se segue em campo ou assume um cargo no clube.
Pressão em casa. "Pressão está grande para continuar jogando, mas ainda não decidi. Tive uma conversa com o presidente agora, pós-acesso, e vamos conversar no início de dezembro agora para avisar da decisão. Vou pegar uns dias de férias e pensar nisso. Se eu decidir parar, fico no grupo, mas não jogo mais em outro lugar: ou sigo jogando no Criciúma ou paro de jogar e fico no clube fora do campo".
Parte física e Série A pesam. "A parte física é o ponto-chave para decidir o futuro. Esse ano já tive um problema nas costas, perdi 10 jogos da Série B, então acho que se continuar tenho de estar bem. Jogar a Série A pesa, porque é um nível top. Se o Criciúma ficasse na Série B, era 100% que eu ia parar. É um campeonato difícil, longo, de viagens e um tipo de jogo físico. A série A já é a cereja do bolo, um campeonato gostoso, estádios bons de jogar, é outra coisa".
Confira outros trechos da entrevista com Eder
Sondagens
"Tive sondagem de dois clubes do Brasil e da Itália também. Mas tudo coisa de um ano. A idade também vai chegando, um ano aqui, um ano lá... Queria dar uma estabilidade para a família. Voltei para Criciúma e decidi parar de jogar. Tive uma visita do presidente, o Vilmar Guedes, que me apresentou um projeto legal e me fez pensar. Dois anos de contrato, sendo um para jogar e no segundo eu poderia decidir se continuaria jogando ou ficaria no clube em outra posição. Pensei por alguns dias com a minha família, que na verdade torce para o Criciúma. Meu filho colocando muita pressão (risos). Tomei essa decisão e, no final, foi uma decisão feliz sendo campeão catarinense e com o acesso".
Melhorias internas
"O ano foi pesado por causa disso. Chegava e falava 'presidente, nós temos que melhorar a fisioterapia'. Ele melhorava. 'Presidente, temos que melhorar o refeitório', melhorava. 'Presidente, melhorar a academia', melhorava. 'Ah, pô, presidente, os meninos falaram, pô, pra esse jogo, precisava de uma premiação', e aí junto com o capitão, que era o Rodrigo, e o Gustavo, também. Tem esse peso, de querer acertar, de querer trazer uma coisa nova, e o presidente quis me incluir por isso, por tudo que eu vivi, que poderia melhorar muito".
Filho na torcida organizada mirim
"Essa torcida aí se chama Toby. Quando eu voltava de férias e ia ver jogo, eu via lá com eles. É um espaço lá na arquibancada, do lado da torcida adversária, e os meus amigos assistiam ao jogo ali. E aí, eles começaram a ter filhos, aí fizeram a Toby Mirim. Então, o meu filho, quando falava pra ele 'tem jogo, vamos no camarote', ele falava 'não, vamos lá na Toby'. Ele gosta de ir para a arquibancada, da festa, e ficou na Toby Mirim agora".
Relação cidade-clube
"Você joga no São Paulo, querendo ou não, você tem o Corinthians, tem o Palmeiras, então, você vai num restaurante, pode ser que você encontre o torcedor de São Paulo, mas também dos outros. Em Criciúma não. Criciúma tem 200 mil habitantes, então, todo mundo sabe onde você vai. Isso é um pouco pesado. Na Itália, duas cidades que têm, até hoje, muito carinho por mim, em redes sociais ou quando eu vou lá, são Gênova, da Sampdoria, e Frosinone".
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