OPINIÃO
'Muita gente deve desculpas para a Leila no Palmeiras', diz Milly Lacombe
Colaboração para o UOL, em Aracaju
06/12/2023 11h04
A colunista Milly Lacombe destacou no UOL News Esporte o papel da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, na era Abel Ferreira. Para ela, muita gente deve desculpas à dirigente no Alviverde.
'Muita gente tem que pedir desculpas à Leila Pereira': "Acho bom a gente falar também da Leila, ela estava até ontem sendo xingada por todo mundo e o time que ela comanda está aí, ganhando tudo, tem muita gente que tem que pedir desculpas à Leila Pereira. Mas, a coisa como foi colocada, é assim: o Palmeiras ganha a despeito da Leila e por causa do Abel, o Palmeiras perde por causa da Leila e a despeito do Abel, e isso é injusto. Eu acho que como todo executivo de futebol, que é o que ela é, uma executiva do futebol, muitas coisas são criticáveis, eu mesma já critiquei a Leila várias vezes. Eu acho que ela e outros dirigentes estão com esse discurso de que só quem é sócio-torcedor merece respeito, e quem não é também, a gente também não inclui, é um discurso meio elitista, que parece que o torcedor é cliente, consumidor, e se não é, não interessa. O Palmeiras tem 20 milhões pelo Brasil, muitos e muitas dessas pessoas não tem dinheiro nem para pagar canal, nem para comprar camisa oficial, muito menos para ser sócio-torcedor, vê o jogo no bar de canto, assistindo de canto de olho, e ainda assim ama igual. Então, o discurso elitista da Leila me incomoda demais, mas ela é uma mulher no meio de um mundo muito machista, tem aquela foto clássica dos executivos da Liga, em que está todo mundo sentado com a perna super aberta e ela está encolhida, é um retrato que diz o que ela passa, ele deve passar coisas horrorosas, que a gente nem fica sabendo, e aí quando ela é mais autoritária, fala mais grosso, 'oh, meu Deus, não precisa disso', mas o dirigente do Flamengo que morde a virilha do torcedor no meio do shopping, as pessoas se revoltam mais ou menos e segue o jogo".
'Eu tenho críticas a ela, mas ela merece os louros': "Essas eleições no futebol que personalizam o mérito e a vitória falam um pouco sobre o que o futebol não é, porque o futebol é conjunto. Por exemplo, o jogo contra o Botafogo poderia ter ido para o intervalo 5 a 0 para o Botafogo, foi um baile o primeiro tempo, aí o Abel tomou uma decisão inusitada, que na hora ninguém entendeu, ele não mexeu no time, ele deixou subir para o segundo tempo o mesmo time que tomou um vareio de bola do Botafogo. E aí o Endrick peladeiro entrou em campo, porque aquilo que a gente viu foi o Endrick peladeiro, o Endrick não seguiu nenhum raciocínio lógico de posicionamento em campo, ele colocou a bola debaixo do braço, falou 'nós vamos virar esse negócio aqui' e contagiou o time inteiro. Então, o responsável é o Abel ou o Endrick? O Abel não mexeu, o Endrick foi lá com o espírito da várzea e puxou a virada. E a Leila, que está no comando de tudo, se fosse um dirigente homem, não tenho dúvida que falariam dela coisas como 'que cara vencedor', 'ele soube pegar a pressão para ele no momento que precisava', 'olha só como ele se dá bem com o Abel, ele renovou o contrato do Abel, ele vai fazer o Abel ficar'. Iam estar enaltecendo, tudo que consideram que a Leila é autoritária, agressiva, metida, no homem são características tidas como sensacionais, 'ele é forte, ele é potente, ele foi lá e falou duro', essa é a diferença. Eu tenho críticas a ela, mas ela mereceria louros. Mas, para sair do muro, é o Abel".
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