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Abel cita cansaço, despista sobre saída e terá reunião com direção na sexta

Do UOL, em São Paulo

07/12/2023 01h24

O técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, admitiu que está "cansado" ao despistar sobre seu futuro na equipe. Após o título do Campeonato Brasileiro, o português revelou que terá uma reunião com a diretoria na sexta-feira (8) e que, depois disto, sairá de férias.

Eu tenho contrato, e as cláusulas precisam ser cumpridas. Mas também disse que estou cansado, são três anos seguidos. Quanto mais ganha, maior a exigência, maior a cobrança e mais energia tenho que ter para dar aos outros. O ano seguinte vai ser pior ainda, não vamos ter descanso, vamos ter jogadores chamados para seleções. Vão exigir de mim para fazer melhor do que fiz no ano passado, e não sei se tenho energia suficiente para dar aos jogadores o que eles me deram. Eu preciso, neste momento, descansar Abel Ferreira

O que mais falou Abel na entrevista coletiva

Relatório sobre elenco e reunião. "O relatório está pronto. O clube sabe o que tem que fazer, as posições que tem que contratar, quem pode ser vendido, quem não pode sair... na sexta, vai ser entregue à direção e, a partir daí, vou sair de férias. Tenho uma reunião com a diretoria na sexta para falarmos daquilo que foi o ano e do que se aproxima. Eu não posso negar: o futebol brasileiro é muito desgastante em todos os níveis, mas amo o Palmeiras, sou extremamente grato ao futebol brasileiro e ao Palmeiras, que é o clube que me proporcionou condições extraordinárias. Tive a sorte de encontrar um clube muito bem organizado com todos os recursos para os profissionais."

Especulações sobre saída. "Gostaria de dizer que saem notícias absurdas do dinheiro que ganho. É tudo falso e mentira. Nunca foi uma questão de dinheiro, senão teria saído há dois ou três meses. Há treinadores que saíram daqui para outros clubes: o lugar foi oferecido a mim e eu não quis. Há um mês, uma equipe — quase todos desses lados — quis e eu não quis ouvir."

Próximos passos. "Vou fazer o que sempre fiz, vou para casa com minha família, descansar... é o mais importante para mim neste momento. É desfrutar da minha família, dos meus pais, dos meus amigos. Não deixa de ser verdade: tenho um bom contrato aqui, mas quero ter tempo para gastar o meu dinheiro. [...] A decisão, ao contrário do que foi nos últimos anos, foi tomada por mim de forma egoísta e individualista. O futebol tem coisas mágicas, mas tem outras que nos tira muito. Chegou a hora de eu dar todo o tempo à minha família. Sou eu que vou decidir, mas vou decidir o que é melhor para minha família, e não só para o Abel. No futebol, a base é competir. Na minha vida, a base é eu poder estar com minha família. "

Arrancada no Brasileirão. "Não posso falar só sobre a arrancada final, porque os pontos no início também foram importantes. É uma competição de consistência, uma maratona de resiliência. Já falei isso: nesta competição, ganhou a equipe que foi capaz de lidar melhor com momentos de dificuldade. Foi a equipe que, mesmo em momentos de dificuldade, nunca desistiu. Estávamos a 14 pontos e tive reunião com jogadores para debater dois pontos: uma delas era o resultado e outro era sobre nosso orgulho, que é o caráter de uma equipe que ganha de maneira consistente. Era resgatar o caráter desta equipe que ficou perdido por um pouco. Houve muita gente que quis esquecer dos títulos que ganhamos. São três anos ganhando títulos de forma consistente. O difícil é que, quando você mais ganha, mais sobe o sarrafo."

Coletiva paralisada por "banho". Amo estes jogadores, é a verdade. Gosto mesmo deles, é minha segunda família. Não tenho filhos, tenho duas filhas, mas gosto desses caras.

Pressão por vitórias. "A expectativa que criamos acabam sendo inimigas. Somos vítimas do próprio sucesso. Não sei se os palmeirenses estão preparados para que este treinador perca. Deu para ter uma fotografia há um mês de como o futebol pode ser tão grato ou ingrato. Este grupo trabalha e merece, em todos os momentos, que nossos torcedores o respeitem sempre. Mesmo nos momentos difíceis. Jogamos mal, mas nunca foi falta de empenho. É o que mais me orgulha na equipe. Subimos o sarrafo, criamos os próprios desafios, ultrapassamos os próprios limites contra muitos. O clubismo fala mais alto. O grupo é resiliente."

Do inferno ao céu. Ganhamos e vocês vão dizer que o treinador é espetacular, mágico... e quando perdemos, é professor pardal. É assim que funciona aqui, na China, na Inglaterra... Uma vez, minha mulher me perguntou se eu queria seguir o que os jornalistas diziam. Eles querem fazer o meu papel ou sou eu que sei? Quem me criticou na Libertadores por jogar com dois laterais têm que entender que fui campeão com os mesmos, e ano passado também. E quem é o treinador? Sou eu. Quando você ganha tanto, as pessoas acham que você precisa ser perfeito. E não sou perfeito. Sou igual a qualquer um de vocês, tenho medos, dúvidas, inseguranças, não sei o que vai acontecer, se vou ganhar ou perder. A única coisa que sei o que faço é viver o presente, foi o que disse a meus jogadores."

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