Marcelinho Carioca e Tais Moreira, a amiga que foi sequestrada junto do ex-jogador em Itaquaquecetuba, já se pronunciaram sobre o caso depois de serem resgatados. O UOL juntou as versões e comparou abaixo o que ambos contaram.
Por que estavam juntos
Os dois falaram que Marcelinho dirigiu até a casa de Tais na madrugada do último domingo (17) para entregar ingressos do show de Thiaguinho, na Neo Química Arena. O ex-meia não iria à segunda apresentação do cantor no estádio do Corinthians, que ocorreu mais tarde naquele dia, e foi repassar as entradas para ela.
A amiga relatou que o ídolo corintiano pediu para ela entrar no carro dele para passar informações. "Eu desci, fui pegar os ingressos, ele pediu para eu entrar [no carro] para ele falar as coordenadas, em qual portão era para entrar, essas coisas", contou Taís à Record.
Eu fui para o show do Thiaguinho no sábado e saí de lá por volta de 0h40 [de domingo]. Voltando para casa — moro em Arujá —, falando com ela [Tais], disse que não poderia ir [no show de domingo] porque estaria em um evento do Corinthians e que estava lá para entregar os ingressos Marcelinho, em entrevista coletiva
Como foi a abordagem dos criminosos
Marcelinho narrou que três homens os abordaram e que ele levou uma coronhada. Segundo ele, os criminosos se impressionaram com seu Mercedes Benz e decidiram agir. O ex-jogador complementou que, depois de receber o golpe, foi colocado em seu próprio carro e perdeu os sentidos.
O carro é filmado, provavelmente eles não sabiam. Viram um carro daquele porte próximo da comunidade e chegaram para abordar. Próximo da casa dela, umas três ruas depois, tinha funk rolando. Eu estava chegando para conversar na frente da casa dela quando chegaram três indivíduos e me abordaram. Tomei coronhada na cabeça e depois não vi mais nada. Quando entrei no carro, colocaram o capuz e não vi mais nada. Tudo isso foi no meu carro. Marcelinho
Tais contou que os sequestradores não deram importância quando Marcelinho falou quem ele era. Segundo a amiga, os criminosos disseram que não queriam saber e o agrediram.
O Marcelinho estava contando como era, e foi quando ele falou: 'Fica quieta que estão vindo três caras, vou descer para você sair'. E na hora que eu ia descer, eles já falaram: 'Perdeu'. O Marcelinho desceu dizendo quem ele era, mas eles disseram que não queriam saber, deram uma coronhada no olho do Marcelinho, me pegaram, me colocaram no banco de trás, pediram para abaixar a cabeça, e aí ficou o Marcelinho no banco da frente Tais
Relação entre eles
Ambos negaram que tenham um relacionamento amoroso. Os dois se conheceram na época em que Marcelinho foi secretário de esportes de Itaquaquecetuba. Tais ainda acrescentou que os sequestradores perguntaram sobre a relação dela com o ex-jogador.
Muita gente inventa muita coisa. Antes de inventar, apure. Eu queria falar da Tais: ela é minha amiga há três anos, conheço o ex-marido dela, os dois filhos dela. É uma mulher íntegra, guerreira... Falaram uma porção de coisas. Não tenho nada a ver com ela, é minha amiga, fui secretário de esportes em Itaquaquecetuba. Conheço ela e todas as outras pessoas Marcelinho
Não foi um encontro [com Marcelinho], porque quando fala encontro, parece que foi algo que não é, é bom esclarecer (...). Eles [sequestradores] perguntaram minha rede social, se eu era casada e eu disse que estava separada. Perguntou quem era o Márcio [ex-marido dela], viram vídeos. Eles perguntaram o que a gente era [ela e Marcelinho]. Eu falei que éramos amigos, que não tinha nada a ver. Daí eles falaram: 'Então deita aí e fica quietinha' Tais
Terror no cativeiro
Marcelinho contou que os sequestradores mantinham um revólver apontado para a sua cabeça "a todo momento". O ex-meia afirmou que eles cobraram colaboração para tirar seu dinheiro, mas que não fizeram "nenhuma maldade".
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Quero receberTais disse que os criminosos faziam ameaças, falavam em códigos e ficavam bebendo e usando drogas. Segundo ela, era um "entra e sai" de cerca de oito pessoas, e que diziam que iam "furar miolos" e agredi-los.
Eu vi tanta coisa... Eles queriam dinheiro e me levaram. Eu não estava preocupado com dinheiro, mas com minha vida e a vida dela. Encapuzado, você não vê nada, só escuta. Deram água e comida. Pediram a senha do telefone e, automaticamente, você dá. Você pensa nos seus filhos, na família, a vida não é grana. Eles falaram: 'Você tem que colaborar para a gente pegar seu dinheiro'. Não é fácil você ter um revólver apontado na sua cabeça a todo momento. Não fizeram nenhuma maldade com a gente. Marcelinho
Só eu sei o que passei lá dentro com uma arma na cabeça. A pessoa falando que vai furar seus miolos, ameaçando bater na gente, cortar um dedo, foi muito sofrimento, terrível. Eu não quero ficar olhando rede social, vídeo onde eu estava. Eu preciso primeiro passar por uma psicóloga para ver como estou. Lá era um entra e sai. Toda hora entrava gente, ficavam bebendo, fumando, usando drogas. Não deixavam a gente em nenhum momento sozinhos. Falavam em código. Não podíamos falar nada. Ele [Marcelinho] ficava mais sentado, quando começava a chorar e lembrar da família, eu segurava um pouco a mão dele. Mas não podíamos nos olhar, o tempo todo era de capuz.Tais
Vídeo gravado sobre marido
Marcelinho e Tais afirmaram que foram ameaçados com uma arma e obrigados a gravar um vídeo dizendo que o sequestrador era o marido dela, Márcio. De acordo com ela, os criminosos receberam uma ordem para fazer o vídeo para despistar a polícia.
Se você tem uma arma apontada na cabeça e a pessoa obriga você a falar, o que você faz? Fui obrigado a falar. A Taís é brilhante, guerreira, de fibra, família, trabalhadora que não tenho nada a ver. Marcelinho
Eles receberam um áudio para fazer o vídeo. O áudio dizia: 'Já que a nossa casa caiu, a deles vai cair também. Fala que o marido mandou sequestrar'. Era mais para despistar, porque a polícia ia fazer investigação de quem seria o marido, etc. E aí colocaram lençol, um ficou apontando arma, outro o celular e um em cima da cama com a coberta. E aí disseram: 'A forma que falarmos vocês vão repetir, vamos jogar nas redes sociais'. Tais
Como foi o resgate
Marcelinho e Tais falaram sobre como foi a operação que resultou na liberação deles. O ex-jogador narrou que os sequestradores lamentaram que "a casa caiu" quando a polícia cercou o cativeiro e que era para soltá-lo.
Depois, viram o trabalho brilhante do DAS, Civil e PM — porque eu vi, era minha vida em jogo. O helicóptero chegou forte e descobriram tudo. Escutei assim: 'A casa caiu, a casa caiu, temos que liberar ele, pega um menor para dirigir e joga ele em outro lugar'. Marcelinho
Uma pessoa chegou e falou que tinha uns policiais na porta. Aí comecei a clamar, imaginei que iam entrar e sair um tiroteio. Lembro que eles saíram, escuta aquele barulho de pessoas correndo, uns para cima do telhado, outros pulando. Lembro que levantei um pouco para ver, ele fez que não era para eu levantar. Continuei e foi na hora que o policial chegou e disse que estava tudo em paz Tais
Entenda o caso
Marcelinho Carioca e Tais foram sequestrados na madrugada do último domingo em Itaquaquecetuba, região metropolitana de São Paulo.
Os dois ficaram mais de um dia em cativeiro até serem liberados na tarde de segunda. Eles foram mantido em um local a poucos quilômetros de onde foram sequestrados.
Os sequestradores se passaram por Marcelinho e pediram mais de R$ 40 mil ao advogado do ídolo corintiano, que transferiu o valor. A quantia foi feita em dois pagamentos via pix, um de R$ 30 mil na noite de domingo, e outro de R$ 12 mil na manhã de ontem. Depois, eles ligaram ao representante do ex-jogador e pediram R$ 200 mil para soltá-lo, mas o montante não foi transferido porque a Polícia Militar já estava envolvida.
Depois disso, um vídeo de Marcelinho afirmando que tinha sido sequestrado pelo marido da amiga foi divulgado. Na filmagem, o ex-jogador aparece no cativeiro com o olho esquerdo roxo, e a versão que conta é confirmada por Tais.
A polícia encontrou o cativeiro a partir de uma denúncia anônima, e Marcelinho foi localizado. Ontem, quatro pessoas foram indiciadas no caso por extorsão mediante sequestro, lavagem de dinheiro, associação criminosa e receptação, sendo dois homens e duas mulheres.
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