Qual a nota da arbitragem brasileira em 2023? Veja análise de especialistas
A arbitragem brasileira passou por uma série de turbulências em 2023. As polêmicas envolvendo lances duvidosos, atuação do VAR e até iniciativas da CBF ganharam as manchetes e deixaram muitos torcedores irritados.
Como ex-árbitros avaliam a atuação dos juízes neste ano? O UOL coletou opiniões de seis ex-profissionais. Eles abordaram alguns problemas e projetaram a atuação dos homens do apito para a próxima temporada.
Qual a nota?
A média foi de 5,4. Metade dos entrevistados cravou nota 5, enquanto outros dois deram 6 — um deles não quis cravar um número.
Qual o ponto mais fraco?
Critério e VAR. Para Manoel Serapião e Emidio Marques, a falta de critério é o grande "calcanhar de Aquiles" da arbitragem. Carlos Eugênio Simon seguiu a mesma linha e exemplificou a tese com os lances envolvendo bola na mão. Já o VAR foi citado por Alfredo Loebeling, Renato Marsiglia e Ulisses Tavares.
Qual o ponto mais forte?
Condicionamento. Enquanto alguns dos entrevistados não conseguiram encontrar qualidades, outros citaram a questão física dos árbitros como um fator positivo. Há menções também para a "dignidade" dos homens do apito.
Melhor e pior árbitro
Raphael Claus foi o escolhido da maioria dos ex-árbitros, que também se lembraram de Bráulio da Silva Machado. Por outro lado, nomes como Wagner Magalhães e Anderson Daronco ganharam comentários negativos.
Erro mais grosseiro
Os especialistas abordaram diferentes jogadas, mas a mão na bola de Yuri Alberto em Corinthians 4x4 Grêmio foi a polêmica mais lembrada. Na ocasião, o atacante da equipe paulista cortou um cruzamento gaúcho com o braço dentro da área, e Wilton Pereira Sampaio não assinalou infração — o VAR, comandado por Emerson Ferreira de Almeida Ferreira, não chamou o colega de profissão para análise no vídeo.
A não expulsão de Zé Ivaldo por cotovelada em Endrick (Athletico 2x2 Palmeiras) e a anulação do gol de bicicleta de Rony (Atlético-MG 1x1 Palmeiras) também surgiram nas respostas dos entrevistados.
O que precisa melhorar em 2024?
Basicamente, muita coisa. Os seis ex-árbitros falaram sobre diferentes iniciativas, desde o rigor durante os 90 minutos ao uso correto do VAR, pontuados por Marsiglia e Simon, respectivamente.
Gostaria de ver um presidente de comissão de arbitragem novo que tenha peito de enfrentar a CBF em relação ao que é determinado no VAR no Brasil. Algumas melhorias: não entrar em lances interpretativos, não entrar em bate-boca discutindo lances e não tentar convencer o árbitro de campo Alfredo Loebeling
É necessário traçar, de fato, algumas diretrizes. Além disso, acolher e orientar ao invés de punir os árbitros, tratando igualmente todos, desde os clubes até os juízes Manoel Serapião
Precisamos começar de novo e formar instrutores — que formarão árbitros. A consequência seria a utilização de critérios uniformes para que tenhamos uma unidade de tratamento na aplicação das regras. Há urgência para tirar a arbitragem da vitrine, já que ela está exposta. Quem tem que aparecer no futebol são os jogadores, treinadores e até dirigentes, mas não os árbitros. Faltou comando, sensibilidade e bom senso Emidio Marques
A arbitragem precisa parar de se esconder atrás do VAR e ter postura diferente da mostrada durante o ano. Alguns deles se acham os donos do mundo. É necessário ser coerente. Neste ano, o que era falta para um, não era para o outro Ulisses Tavares