Muitos papos e 'olho no olho': por que Ednaldo confiou que traria Ancelotti

O presidente afastado da CBF, Ednaldo Rodrigues, teve várias reuniões com Carlo Ancelotti antes de ver o técnico renovar o contrato com o Real Madrid até 2026.

O que aconteceu

O UOL apurou que Ednaldo conversou pessoalmente com Ancelotti em mais de uma oportunidade. Fontes na CBF afirmam que foram "quatro ou cinco encontros" na Europa. Jogadores da seleção intermediaram o primeiro contato entre as partes.

Uma das reuniões teria tido até a presença de Davide, filho e auxiliar de Ancelotti. Além dos papos in loco, Ednaldo mantinha contato com o italiano por telefone. O técnico não tem agente e gere sua própria carreira.

A confiança no acordo verbal era tanta que Ednaldo até avisou Ancelotti sobre a contratação de Fernando Diniz como interino e discutiu sobre o início ruim da seleção nas Eliminatórias.

A crise na CBF, com a anulação de sua eleição, fez a chance do acordo acabar. Ednaldo disse a pessoas próximas que foi ele quem "liberou" Ancelotti para renovar com o Real Madrid, já que está ausente da presidência.

Ed, como é chamado na CBF, diz ter "várias garantias" do acerto com Ancelotti para o segundo semestre de 2024. Ele afirma que avisou o Real Madrid e obteve a liberação. O contrato só seria assinado após o fim do vínculo no clube espanhol.

Ednaldo pretende mostrar essas provas no "momento oportuno". Carlo Ancelotti, em compensação, sempre negou qualquer acordo com a CBF.

Afastamento

Ednaldo Rodrigues tenta, sem sucesso, se recolocar na presidência da CBF. José Perdiz é o mandatário interino da CBF até a realização de novas eleições.

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No último dia 22, o ministro André Mendonça negou, no Supremo Tribunal Federal (STF), o pedido de liminar feito pelo Partido Social Democrático (PSD), que tinha como objetivo derrubar a decisão do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), que destituiu Ednaldo da presidência da entidade.

O mérito da questão era reconhecer o Ministério Público do Rio (MPRJ) como parte legítima para sugerir um Termo de Ajustamento de Conduta que serviu como alicerce para a eleição de Ednaldo, em 2022.

Mendonça considerou que não há motivo para lidar com o mérito da questão com alguma medida de urgência, como é a liminar.

A tentativa

O processo no STF foi aberto pelo PSD porque o senador Otto Alencar é próximo a Ednaldo.

A discussão também não avançou em recursos feitos no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em recursos levados pela CBF e pelo Ministério Público.

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Com a negativa, continua deflagrado o processo eleitoral na CBF. Flávio Zveiter e Reinaldo Carneiro Bastos aparecem como possíveis candidatos. A expectativa é que José Perdiz, presidente licenciado do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), marque nos próximos dias a data da eleição.

A tentativa de Ednaldo de disputar a eleição perdeu força nos últimos dias com uma sinalização dele de deixar a aliança com Reinaldo e tentar acordo com a oposição.

A Fifa e a Conmebol estão de olho no processo, sob a alegação de haver uma interferência externa na CBF. As duas entidades disseram que em janeiro virão ao Brasil para autorizar ou não a eleição.

A confusão jurídica

O processo foi aberto em 2018, em uma ação civil pública que contestava a mudança de estatuto feita pela CBF em 2017, que alterou as regras eleitorais da entidade.

O caso se arrastou ao longo dos anos e, pela decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o cenário de poder precisa voltar ao que era em 2017.

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Ou seja, não valeram as eleições e assembleias subsequentes, como a que elegeu Rogério Caboclo, em 2018, e a que elegeu Ednaldo, em 2022.

"O MP entrou com a ação questionando a alteração. Nenhum legitimado entrou? Aqueles que poderiam entrar, ninguém se mexeu. Os autores foram VP, presidente, uma briga de poder. Mas, repito, os legitimados ordinários (clubes e federações) nunca se mexeram. Os supostos afetados mantém-se silentes. A ingerência do Estado no direito associativo deve ser mínima. Se há entes com capacidade de lutar pelo próprio direito, que o faça. É imprópria a substituição do papel dos órgãos da entidade pelo Ministério Público do Rio", disse o desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, relator do caso.

Na decisão, Zéfiro disse que não havia relação de consumidor entre os torcedores e a CBF e isso tirava a legitimidade do MP de interferir e fazer o TAC a respeito das regras eleitorais da entidade.

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