Cafu lamenta morte de Zagallo e conta histórias de seleção: 'Perdi um pai'

O ex-lateral e capitão do penta Cafu falou sobre a morte de Zagallo e enalteceu os ensinamentos do Velho Lobo, contando histórias da convivência com o lendário treinador durante o período que atuou com a camisa da seleção brasileira.

O que aconteceu

Cafu exaltou Zagallo, o colocando como figura paterna e um dos maiores treinadores da história do futebol brasileiro.

O céu ganhou hoje um grande treinador e um grande professor que vai ensinar muito lá em cima. Desejo meus sentimentos à toda família. Nós não perdemos só um treinador, perdemos um amigo, um irmão e eu perdi um pai, Zagallo. Cafu, ao Seleção SporTV

O capitão ainda revelou que Zagallo era muito afetuoso e se emocionava com as palavras dos jogadores:

Nós aprendemos muito com o Zagallo. Ele não foi só um treinador, ele foi um professor, um pai, um irmão, um amigo. Ele era muito emotivo e se emocionava com as nossas palavras, tinha esse lado afetuoso de paizão para todos. Por isso conseguiu conquistar tudo aquilo que conquistou e hoje é uma pessoa querida mundialmente. Cafu

As pessoas que fizeram história no futebol não podem cair no esquecimento, elas precisam ser eternizadas, principalmente para essa nossa geração. Eles têm que saber quem foi o Zagallo, o que ele fez para o esporte, o que ele fez nas nossas vidas. Essas pessoas têm que ser reconhecidas diariamente, não existe um ex-campeão, o campeão vai ser para sempre. O que o Zagallo fez para o futebol mundial vai ter que ser eternizado. Cafu

Histórias de seleção e trio formado por Zagallo, Parreira e Cafu

Cafu é o único jogador da história a jogar três finais de Copa do Mundo consecutivas: 1994, 1998 e 2002.

Em duas dessas, Zagallo fez parte: no tetra, em 1994, era coordenador técnico do Brasil e em 1998 o Velho Lobo foi o treinador da campanha que parou diante da França.

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Cafu contou detalhes da convivência com Zagallo durante esse período:

Ele (Parreira) e o Zagallo tinham uma parceria incrível. Eu tive essa relação muito direta com os dois, sempre discutíamos as coisas em três pessoas. O Zagallo sempre tirava algo que o Parreira estava pensando, o Parreira escutava muito ele. O Zagallo também aconselhava todo mundo, ele sempre falava 'sejam vocês, se chegaram até aqui não foi à toa'.

Homenagem no Rio: "Eu tive a oportunidade de gravar uma mensagem lá no Rio de Janeiro no aniversário dele, foi a última homenagem que prestamos a ele porque já estava meio debilitado. E foi muito engraçado, porque o Zagallo não sabia quem ia gravar para ele, era uma surpresa. Quando eles abriam a cortina, nós dávamos de frente com o Zagallo. A primeira coisa que falou quando me viu foi 'vocês não me sacanear não, né?'. Eu falei 'imagina, professor, jamais faríamos isso com o senhor'. Então é essa imagem que levo do Zagallo, um cara alegre, feliz, divertido."

Camisas 10: "Nós tínhamos cinco camisas 10. Mesmo o Tostão falando que não era camisa 10, era camisa 10. E nenhum deles fugiram das suas características, isso foi obra do Zagallo. Ele já fazia isso em 1970. Quando eu treinava, ele sempre falava para eu ser quem eu sou, não importava se eu fosse entrar 10, 15, 30 minutos, não era para eu fugir das minhas características. Quando o Parreira olhou para trás, viu o Jorginho com a mão na coxa e disse que eu ia entrar, o Zagallo só falou 'seja você'. E eu já tinha entendido o recado, ele sempre foi exatamente isso: fazer com o que o jogador se sentisse bem fazendo aquilo que sabia de melhor."

Imprensa e momentos emblemáticos: "O Zagallo sempre respondeu à imprensa com muita elegância. Ele nunca foi mal-educado com a imprensa, nunca vi brigar com jornalista. Mas ele sempre dava suas respostas da maneira que ele achava que tinha que dar. Uma vez, nas Eliminatórias quando a seleção não estava muito bem, o Parreira estava entrando dentro de campo e o Zagallo falou: 'Calma, Parreira, vamos entrar juntos, já que eles vão xingar nossas mães, ele xinga uma só'. Era essa a maneira que o Zagallo encarava as críticas. Ele falava para nós que a melhor resposta que poderíamos dar era fazendo o que sabíamos fazer de melhor, jogando futebol e conseguindo resultados. Então dois momentos emblemáticos: o aviãozinho que ele fez e a frase 'vocês vão ter que me engolir', que eternizou."

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