Mário Jorge Lobo Zagallo viveu uma das maiores tristezas e as grandes glórias da seleção brasileira. Policial no Maracanã em 1950, ele sai de cena como o único tetracampeão do mundo como jogador (58 e 62), técnico (70) e coordenador-técnico (94).
Segurou as lágrimas
Soldado da Polícia do Exército, Zagallo viu em diagonal o avanço de Alcides Ghiggia sacramentar a mais dolorosa derrota da história da seleção brasileira. Em 16 de julho de 1950, o atacante uruguaio foi o carrasco no Maracanazo.
Zagallo estava em uma escadaria de acesso da arquibancada do lado oposto ao lance, logo no início da curva do escanteio. Aos 18 anos, viu o jogo de pé enquanto a torcida estava sentada.
Os lencinhos brancos que a torcida acenou para receber a seleção na saída do vestiário para o jogo serviu para enxugar as lágrimas depois da derrota. Mas eu não chorei, mantive a postura de um soldado.
Zagallo em entrevista ao documentário "A Volta do Grande Pequeno Homem", sobre Ghiggia
O Velho Lobo dividia a vida entre a polícia e o juvenil do Flamengo, onde treinava e jogava. Depois, se tornou profissional pelo rubro-negro, onde acabou tricampeão carioca de 1953 a 1955.
As glórias
Zagallo transformou a primeira experiência traumática em alegrias. Oito anos depois, sem farda e desarmado, era jogador na seleção que foi à Suécia "curar" as feridas.
Em 1958, o trauma voltou à cabeça, mas foi superado. "Quando a Suécia fez o primeiro gol, me veio o Maracanã na memória", disse Zagallo. O susto passou quando ele mesmo marcou o último gol dos 5 a 2 para o Brasil.
Quatro anos depois, em 1962, o segundo título mundial. Ele era jogador e campeão pelo Botafogo, onde encerrou a carreira em 1964.
O título como treinador foi em 1970. Meses antes da Copa, ele assumiu a seleção no lugar de João Saldanha. No fim, comandou Pelé e companhia ao tricampeonato no que, para muitos, foi o melhor time de todos os tempos.
O tetracampeonato foi em 1994 como coordenador técnico de Carlos Alberto Parreira. O penta poderia ter acontecido em 1998, quando voltou a ser treinador, mas o Brasil acabou derrotada pela França de Zidane.
Velório
O corpo de Mário Jorge Lobo Zagallo será velado na sede da CBF, no Rio de Janeiro, a partir das 9h30 deste domingo (7). O velório terá início às 9h30 do domingo e será aberto ao público. O sepultamento será as 16h do domingo, no Cemitério São João Batista, em Botafogo.
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